25/06/18 |   Biotecnologia e biossegurança  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Pesquisador da Embrapa recebe prêmio do Consórcio Federal de Laboratórios para TT dos EUA

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Foto: Arquivo

Arquivo - Diploma recebido por Rech pelo desenvolvimento de tecnologia para combate ao HIV

Diploma recebido por Rech pelo desenvolvimento de tecnologia para combate ao HIV

Elíbio Rech foi agraciado pelo desenvolvimento de tecnologia para combate ao HIV

O pesquisador da Embrapa Elibio Rech foi agraciado no mês de abril com o prêmio "Excelência em Transferência de Tecnologia 2018" pelo Consórcio Federal de Laboratórios para Transferência de Tecnologia dos Estados Unidos (FLC - EUA). O diploma (foto) foi concedido pelo desenvolvimento de uma plataforma para a produção em larga escala de uma proteína anti-HIV.

O estudo, publicado pela primeira vez em 2015 na revista Science, demonstrou que sementes de soja geneticamente modificadas (GM) são uma biofábrica viável para produção, em larga escala, da Cianovirina-N - proteína extraída de cianobactérias (extraída da alga azul-verde - Nostoc ellipsosporum) altamente eficiente contra o vírus HIV. Além do diploma de reconhecimento, o pesquisador recebeu correspondências com os cumprimentos formais do Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Alex M. Azar II, do Governador do Estado de Maryland, Larry Hogan, e do Senador pelo Partido Democrata Chris Van Hollen.

O FLC congrega mais de 300 laboratórios de renomadas instituições de pesquisa e ensino norte-americanas, como o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e as Universidades de Cornell, Carolina do Norte e Maryland, entre outras. O objetivo é promover estratégias de comercialização e criar oportunidades para acelerar a chegada das tecnologias produzidas nos laboratórios nos mercados. O consórcio é dividido por seis regiões: Extremo-Oeste, Atlântico-Médio, Médio-Continente, Nordeste e Sudeste.

A pesquisa, conduzida pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em parceria com a Universidade de Londres, o Instituto Nacional de Saúde (INH) dos Estados Unidos e o Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul (CSIR), teve ampla repercussão mundial e já havia recebido em novembro do ano passado premiação do Consórcio Federal de Laboratórios do Médio-Atlântico (FLC MAR).

Elibio Rech se diz honrado em receber o reconhecimento oficial de instituições norte-americanas para um projeto pensado para segmentos da sociedade com pouco ou nenhum acesso a medicamentos antirretrovirais: "Trata-se de um projeto emblemático para a engenharia genética, direcionado a segmentos da sociedade que têm menos acesso a medicamentos. E são produtos de alta tecnologia, com grande valor agregado”, explica.

O pesquisador da Embrapa fará estudos para que a mesma técnica seja replicada com várias outras moléculas, para emprego em vacinas contra a dengue e malária e em tratamentos contra o câncer de mama, por exemplo.

Somente na África, 20% das mortes são em decorrência da AIDS. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 20% da população adulta na Zâmbia e na África do Sul vive com a doença. No Brasil, de acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), a taxa de pessoas vivendo com o vírus subiu 3% entre 2010 e 2016, na contramão do restante do mundo, que registrou queda de 11% no mesmo período.

Saiba mais sobre a pesquisa

Por definição, uma biofábrica ou fábrica biológica é quando um organismo – nesse caso, a soja GM – se torna uma usina para fabricação de compostos (como proteínas e enzimas) utilizados em remédios e na indústria têxtil e de detergentes, por exemplo. No caso da pesquisa da Embrapa, a escolha da semente de soja se deve ao fato dela acumular em média 40% de proteína, sendo por esse motivo indicada para produção de cianovirina, a baixo custo, com facilidade de transporte e estoque.

“Há mais de uma década, iniciamos no Brasil e nos EUA a purificação dessa proteína, para obtermos uma matéria-prima 100% pura. Tecnicamente, o mais difícil em todo esse processo já foi feito. Os próximos passos, agora, são produzir as sementes e gerar proteína em larga escala e, então, realizar os estudos pré-clínicos e clínicos”, afirma Rech, que também é doutor em Ciências da Vida pela Universidade de Nottingham, na Inglaterra, membro da Academia Brasileira de Ciências e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Biologia Sintética (INCT ByoSin). O pesquisador explica ainda que, como a finalidade dessa soja é medicamentosa, ela não será cultivada no campo, somente em estufas e casas de vegetação sob condições controladas.

A pesquisa de Elibio Rech poderá contribuir para a criação, no futuro, de um gel ou spray vaginal à base de cianovirina que poderá ser utilizado pelas mulheres antes das relações sexuais. "E os países que decidirem adotar a tecnologia não precisarão pagar royalties, pois trata-se de um trabalho humanitário com foco na África", destaca o pesquisador.

Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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