Embrapa Gado de Corte
Pesquisa nacional constata mudanças no comportamento do consumidor de hortaliças em tempos de pandemia
Pesquisa realizada entre os dias 15 a 25 de maio último pela Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), em parceria com o Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort), avaliou o comportamento do consumidor de hortaliças, tendo em vista uma possível necessidade de readequação de alguns hábitos, frente às mudanças advindas com a pandemia da Covid-19.
Participaram da pesquisa - baseada no consumo familiar - 4.265 consumidores distribuídos em todo o território brasileiro, com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Paraná apresentando maiores percentuais de representatividade.
Confira aqui os resultados consolidados da pesquisa.
Panorama de acesso às hortaliças
O primeiro item da pesquisa procurou avaliar o nível de acesso às hortaliças no período de isolamento social. No cômputo geral (72,5%), as hortaliças continuam acessíveis para compra, numa situação semelhante à que ocorria antes do isolamento social. Os percentuais, no entanto, variam conforme o nível salarial e a região do País.
“Esse é um resultado bem razoável, considerando-se as mudanças abruptas que impactaram o Brasil com o início do isolamento social: não tínhamos nenhuma capacidade de prever como a cadeia produtiva iria se adaptar a essa nova realidade”, opina o analista Henrique Carvalho, responsável pela tabulação dos dados.
Mas a realidade impôs algumas diferenças acentuadas entre as regiões – conforme a pesquisa, apenas 48% dos respondentes no Norte e 55% no Nordeste continuam com o acesso estável, percentuais bem abaixo dos apresentados em outras regiões do Brasil: 79% no Sul, 77% no Sudeste e 71% no Centro-Oeste.
Ao segmentar por faixa salarial, a pesquisa mostrou que, de maneira geral, o acesso às hortaliças não difere ao que acontece com relação a outros produtos: quanto maior a renda, mais acessibilidade, que alcança 60% no público com rendimento de até dois salários mínimos; 70% no segmento que ganha de dois a cinco salários mínimos; 74% quando a renda varia entre seis a 10 salários mínimos; e 80% nos casos onde a renda ultrapassa 10 salários mínimos.
Mudanças nos hábitos de consumo de hortaliças
Além da disponibilidade nos pontos de venda, a pesquisa também investigou sobre prováveis mudanças nos hábitos de compra e de consumo das hortaliças mais consumidas no País – abóbora, alface, alho, batata, batata-doce, cebola, cebolinha, cenoura, coentro, pimentão, quiabo e tomate foram as hortaliças pesquisadas.
Conforme os resultados, entre 60 a 80% dos casos os hábitos de consumo foram mantidos. No saldo entre os que aumentaram e os que reduziram a compra foi verificada uma queda substancial na compra de algumas hortaliças, especialmente o quiabo (26%) e a alface (23%). “São vários os motivos que podem justificar essa redução, desde a queda na produção a problemas logísticos de transporte, preço, entre outros”, observa Carvalho. “A próxima fase da pesquisa, já programada, vai apurar as potenciais causas dessa redução”, sublinha.
Estabelecimentos
Os supermercados de bairro tornaram-se os pontos de venda mais importantes para a compra de hortaliças, segundo os mais de quatro mil respondentes da pesquisa, situação verificada também nas compras diretas ao produtor. Por outro lado, constatou-se a redução nas compras em feiras livres e hipermercados, quando há comparação com o período anterior ao isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19.
“Esses e outros aspectos relacionados ao consumo de hortaliças vão ser contemplados nas próximas pesquisas, tendo em vista o comportamento das pessoas frente a algumas mudanças gradativas que vêm acontecendo na questão do isolamento social”, adianta o analista.
Perfil do comprador de alimentos
A pesquisa ainda verificou o perfil de quem vem tendo presença mais frequente nos pontos de venda, quando comparado com o período anterior ao isolamento social. Nessa questão, constatou-se um movimento ainda tímido, mas perceptível, de mudança nesse comportamento, com pessoas mais jovens assumindo a função de compradores – houve redução de compradores com idade acima de 55 anos (16% antes do isolamento e 12% pós-isolamento) enquanto se constata um ligeiro aumento de pessoas de até 40 anos exercendo essa atividade (21% antes e 23% pós isolamento).
Considerações
Para Warley Nascimento, chefe-geral da Embrapa Hortaliças e coordenador da pesquisa, já eram esperadas mudanças, tendo em vista a diminuição da movimentação de pessoas. Segundo ele, se por um lado os resultados ratificaram uma realidade quanto ao nível de consumo de hortaliças, que existia antes da pandemia, já que as regiões Norte e Nordeste, historicamente, consomem menos hortaliças quando comparadas às demais regiões, deve-se prestar atenção à questão da mudança nos hábitos de consumo.
“A pandemia causada pelo coronavírus interferiu, para mais ou para menos, no nível de consumo de determinadas hortaliças, como mostrou a tabulação dos dados da pesquisa, nas diferentes regiões do Brasil”, avalia Nascimento, para quem o “aumento no consumo de alho e cebola, por exemplo, pode estar relaciconado ao fato de as pessoas estarem cozinhando mais em casa, o que requer o uso maior dessas hortaliças como tempero, a exemplo do tomate que também mostrou aumento”.
“A sociedade tem sido submetida a várias mudanças no seu cotidiano, que trazem implicações, inclusive, em seus hábitos alimentares. Com a análise dos dados da pesquisa, fica claro que essas mudanças influenciaram, em diferentes escalas, o consumo de hortaliças nas diversas regiões do País, sem esquecer que, de certa maneira, as restrições decorrentes desta crise afetaram tanto a distribuição como a comercialização dos produtos olerícolas”, pontifica Nascimento.
De acordo com ele, os dados resultantes da pesquisa estão sendo disponibilizados para o Comitê de Crise do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que conta com a participação da Embrapa.
Anelise Macedo (MTB 2.749/DF)
Embrapa Hortaliças
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