Supõe-se que a Tuberculose humana por M. bovis em países em desenvolvimento hoje é análoga à situação em 1930 e 1940 na Europa, onde era responsável por mais de 50% dos casos de linfadenite cervical em crianças, podendo ser agravada pelo peso extra da AIDS/HIV. No Brasil, de 200 cultivos positivos de pacientes tuberculosos, sete (3,5%), todas isoladas de crianças, eram M. bovis. Cinco possuíam origem pulmonar, sendo duas destas multidrogra-resistentes (MDR) a isoniazida e rifampicina. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que aconteçam 110 mil novos casos de tuberculose a cada ano no Brasil, sendo M. bovis responsável por 5% (ou 5.500) das ocorrências. Num levantamento em Minas Gerais em 1999, a prevalência foi de 5% de propriedades positivas para Tuberculose bovina ( M. bovis). Como essas taxas encontradas poderiam constituir-se em problema tanto para a produtividade animal como para a saúde pública, implementou-se no Brasil o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose (PNCEBT) em rebanhos. Adicionalmente, a OMS tem demandado colaboração entre serviços médicos e veterinários e estudos epidemiológicos extensivos sobre a participação de M. bovis na Tuberculose humana (TB), principalmente para países em desenvolvimento. O presente projeto foi direcionado aos seguintes questionamentos: - Qual a frequência de M. bovis nos casos de TB, em hospital de referência nacional? - Quais os fatores de risco associados tanto à transmissão do M. bovis para e entre humanos, como à manifestação da doença por este agente nas pessoas? - Qual a origem da infecção pelo M. bovis em humanos (alimento, animais de fazenda, etc.)? O projeto uniu competências já existentes no país - Embrapa Gado de Leite, LFDA -MG (Laboratório Federal de Defesa Agropecuária - Minas Gerais), Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), universidades, serviço de saúde e outras - que ainda não se comunicavam de forma sistematizada, buscando responder de forma integrada os questionamentos levantados. Ao respondê-los, o projeto disponibilizou informações importantes de suporte ao PNCEBT, a outros programas oficiais de saúde pública (Programa Nacional de Controle da Tuberculose) e de segurança alimentar (Programa Alimentos Seguros).