A produção familiar, no Brasil, apresenta grandes potencialidades, representando um setor de relevante importância social e econômica para a sociedade brasileira, embora apresente também fragilidades. Algumas estratégias como o cultivo de produtos em base ecológica, assim como os produtos artesanais vêm sendo consideradas para amparar e intermediar a inserção da agricultura familiar no mercado. Neste sentido, este projeto buscou implementar a utilização de sistemas de produção de base ecológica e incentivar atividades não agropecuárias como meio de promover a inclusão social e geração de renda dos produtores de leite de base familiar inseridos no Corredor Ecológico da Mantiqueira. Dentre os 10 municípios estudados, sete são limítrofes do Parque Estadual do Ibitipoca (PEIB) (Lima Duarte, Bias Fortes, Santa Rita do Ibitipoca, Olaria, Pedro Teixeira, Santana do Garambéu e Ibertioga) e os outros três estão inseridos no Núcleo Mantiqueira II (Carvalhos, Bocaina de Minas e Alagoa) do Corredor Ecológico da Mantiqueira. Com base no potencial turístico da região foi possível vislumbrar a possibilidade de integração das propriedades rurais nos roteiros turísticos e elaborar um estudo georreferenciado visando à identificação das potenciais comunidades a serem objeto de um planejamento de turismo. No contexto da sustentabilidade de sistemas de produção, foi conduzido um estudo etnoveterinário de plantas medicinais em que 37 produtores de leite foram entrevistados a campo o que viabilizou a imediata coleta das exsicatas. Uma terceira etapa compreendeu a socialização de conhecimentos e de tecnologias agroecológicas de produção de leite a pasto, com implementação de Unidades Demonstrativas (UD) com foco em sistemas silvipastoris, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e conversão agroecológica, fundamentadas no conhecimento científico e local. Os resultados apontam alguns caminhos possíveis no sentido de se estimular o desenvolvimento do turismo como uma alternativa econômica e social em muitos espaços rurais, seja através de hospedagem familiar, serviços de alimentação ou guiamento. O queijo artesanal produzido na região, além de uma importante fonte de agregação de renda, representa um potencial atrativo a ser inserido nos circuitos turísticos locais. Foi elaborada uma base cartográfica da região, resultando na criação de 11 mapas temáticos a partir de georeferenciamento em campo de sete municípios, 14 comunidades, aproximadamente 65 atrativos naturais e culturais, principais serviços turísticos, oito pontos potenciais para interpretação da paisagem, 16 fazendas e uma trilha. O estudo etnoveterinario mostrou que uso de plantas medicinais na clinica bovina encontra-se restrito a pessoas de faixa etária mais elevada não sendo verificada sua transmissão às novas gerações. Este trabalho mostrou-se relevante como indicativo do potencial medicinal de algumas plantas que poderá garantir, em futuro próximo, fundamentação científica ao conhecimento popular, que muitas vezes se apresenta deturpado devido à escassez de estudos comprobatórios e ainda a características da oralidade de sua difusão ao longo do tempo. Os produtores entrevistados citaram 355 plantas de uso na veterinária e destas, 55 foram coletadas, identificadas e tombadas no herbário da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) com respectivo n° do voucher. Os extratos obtidos de algumas destas plantas foram testados “in vitro” com resultados promissores no controle de carrapatos e ação antibacteriana. A implementação de sistemas agroflorestais apresentou-se como opção para a atividade leiteira como forma de garantir a manutenção dos processos ecológicos e o desenvolvimento de uma economia forte, baseada no uso sustentável dos recursos. Foram realizados dias de campo nas UD com participação de todos os atores envolvidos no projeto. O projeto contou com a parceria das seguintes instituições: CEPLANTUR/UFMG (Centro de Pesquisa-Ação em Planejamento Turístico/Universidade Federal de Minas Gerais), EMATER-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), UFJF e IEF (Instituto Estadual de Floresta).