O parasitismo pelo carrapato dos bovinos causa perdas estimadas em 3,24 bilhões de dólares anuais no
Brasil, em boa parte devido a erros na tentativa de combate, como a utilização sistemática e em muitas vezes de forma inapropriada dos carrapaticidas, repercutindo na seleção e proliferação de populações de carrapatos resistentes. Somado a este problema, existe uma crescente demanda por novas alternativas no controle de pragas, visando à utilização mínima de produtos químicos, com intuito de preservar o ambiente e garantir alimentos livres de resíduos. Nesse contexto, o controle biológico com a utilização de nematoides entomopatogênicos (NEPs) mostrou-se promissor para inclusão em programas de controle integrado de carrapatos. Em uma linha de pesquisa conduzida na Embrapa Gado de Leite, já foram determinadas espécies, doses, tempos de exposição e avaliações de compatibilidade entre NEPs e produtos químicos, em testes in vitro, tendo em vista, inicialmente, o fornecimento de informações para validação do uso destes em aspersão sobre bovinos. Entretanto, os primeiros resultados obtidos em estudos in vivo com aplicação de nematoides sobre bovinos experimentalmente infestados não foram satisfatórios e constituem um desafio para a aplicação tecnológica desses entomopatógenos na fase parasitária do carrapato bovino. O maior fator determinante do insucesso da pesquisa anterior pode ter sido a morte dos juvenis infectantes dos NEPs por dessecação, uma vez que, conforme registros da literatura, este é o maior fator limitante da sobrevivência de NEPs durante a fase de busca pelo inseto alvo. Uma possível solução para os problemas mencionados seria o desenvolvimento de formulações mais elaboradas que forneçam proteção aos juvenis infectivos (JIs) contra a dessecação. No entanto, inexistem pesquisas que abordem a busca de uma formulação que confira proteção aos NEPs contra os efeitos da dessecação, garantindo eficiência na infectividade e combate aos carrapatos. As atividades deste projeto deram continuidade ao projeto "Controle biológico do carrapato dos bovinos por meio de nematoides entomopatogênicos através da técnica do inseto cadáver". Esta pesquisa incluiu o desenvolvimento de 10 diferentes formulações, que foram avaliadas a partir de testes de sobrevivência de quatro espécies de nematoides entomopatogênicos. A melhor formulação para cada espécie de NEPs foi avaliada, determinando-se as infectividades in vitro de cada uma das quatro espécies de NEPs na respectiva formulação. O melhor conjunto NEP/formulação foi empregado em testes de estábulo conduzidos conforme recomendações do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), tendo sido obtido percentual de controle próximo a 20% no primeiro dia após a aspersão e alterações significativas nos parâmetros biológicos do carrapato até o quinto dia após o tratamento, considerado um resultado positivo face às condições adversas capazes de afetar a viabilidade dos nematoides. Espera-se que as informações obtidas possam fundamentar o delineamento de programas de controle biológico do carrapato dos bovinos, garantindo eficiência associada à redução de riscos à saúde de animais e consumidores, além de menor impacto ambiental.