A pecuária de leite se distribui por todo território nacional, gera milhares de empregos diretos e indiretos e tem uma participação significativa no produto interno bruto (PIB). A produção de leite nacional anual é estimada em mais de 30 bilhões de litros, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), concentrando-se nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. As mesorregiões Noroeste Rio-Grandense, pertencente ao Estado do Rio Grande do Sul, Triângulo/Alto Paranaíba, Sul/Sudoeste e Zona da Mata de Minas Gerais, Oeste Catarinense, Sudoeste e Oeste Paranaense, Sul e Centro Goiano concentram mais de 40% da produção leiteira do Brasil. Segundo dados do IBGE, as regiões de estudo detêm 60% das áreas de pastagens do território nacional, cujo total é 158 milhões de hectares, sendo 98 milhões de hectares destinados às pastagens do Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Entretanto, parte significativa das áreas de pastagens apresenta capacidade produtiva comprometida, com 5% da área classificada pelo IBGE como pastagens em más condições. Contudo, as condições das pastagens podem variar sazonalmente e em longo prazo, anualmente, com perda de produtividade acumulada e apresentando aspectos de degradação. Assim, torna-se fundamental desenvolver e aplicar metodologias para extração de informação territorial por sensoriamento remoto, visando avaliar a capacidade produtiva a partir de índices de vegetação, tendo em vista a grande extensão das pastagens e sua importância socioeconômica, o que demandam maior agilidade de levantamento de suas condições. Devido à heterogeneidade da produção leiteira, produtividade e estado das pastagens, surge o monitoramento geoespacial das regiões produtoras de leite como estratégia de apoio ao planejamento de ações para o setor. Este projeto de pesquisa visa avaliar as trajetórias de mudanças no uso da terra associadas às pastagens por meio de séries temporais de imagens de sensoriamento remoto, usando a base de índices de vegetação NDVI (Normalized Difference Vegetation) do sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer), transportado pelo satélite Terra, e disponibilizada pelo USGS (United States Geological Survey). A metodologia consiste no levantamento de dados temporais de imagens NDVI em áreas de pastagens, além da observação de pontos amostrais de campo e associação a níveis a níveis de vigor da vegetação e de degradação, por meio de estimativas de métricas fenológicas em sensoriamento remoto, estatística temporal e adoção de métodos de análise no SIG (Sistemas de Informações Geográficas). Serão realizados cruzamentos entre dados climatológicos, censitários e coeficientes técnicos relacionados à produção e rebanho leiteiros com o intuito de desenvolver métodos para refinamento e geração de mapas para monitoramento de pastagens. Um sistema WebGIS está sendo desenvolvido para apresentação e análise territorial dos resultados, concomitantemente à publicação dos resultados em base de dados geográficos na Embrapa Gado de Leite e na Embrapa Alimentos e Territórios. Atualmente uma metodologia foi desenvolvida no projeto para mapeamento do vigor temporal das pastagens, por meio de dados NDVI/MODIS para a mesorregião Zona da Mata de Minas Gerais, como ensaio para a aplicação a outras regiões do Brasil. Além dos mapas do vigor temporal das pastagens, outros planos de informação geográfica relacionados às variáveis meteorológicas e produtivas da cadeia do leite serão reunidos e superpostos para análises no sistema e repositório de internet WebGIS. O cruzamento de dados geoespaciais poderá auxiliar na tomada de decisão estratégica territorial aplicada no acompanhamento e avaliação de políticas voltadas para recuperação da capacidade produtiva das pastagens, aumento de produtividade e competitividade da atividade leiteira.