O calor associado à umidade elevada é uma das causas do prejuízo na produção de leite e na fertilidade de bovinos, principalmente no verão ou em regiões tropicais e semitropicais. Tais problemas podem ser agravados com a previsão de aquecimento global. Nas regiões mais quentes do Brasil há preferência pelo gado mestiço das raças Holandesa (H) com zebuínas (Z), principalmente Gir (G), que formam a raça sintética Girolando cuja composição é ⅝ GxH. Animais dessas raças são mais tolerantes ao calor do que as raças de origem europeia, como a Holandesa. Contudo, mesmo esses animais são sensíveis ao calor elevado, com grande variabilidade na termotolerância, como demonstrado previamente. Para fazer frente aos impactos do calor excessivo sobre a fertilidade e consequente produtividade desses animais, efeitos que podem ser potencializados por possíveis mudanças climáticas, este projeto avaliou fêmeas (novilhas e vacas) Girolando com graus de sangue de ¼ a ⅞ sob condições de temperatura e umidade elevadas. As fêmeas foram caracterizadas fenotipicamente em relação à termotolerância para estudos de associação genômica ampla (GWAS). Quatro genes com funções biológicas em termogênese adaptativa foram identificados e devem ser alvos de futuros projetos à procura de alelos associados à termotolerância. Fêmeas com valores genéticos (VG) díspares para termotolerância foram desafiadas em câmara climática e avaliados parâmetros associados à qualidade morfológica dos oócitos e à expressão de proteínas analisadas por imunofluorescência nos oócitos. Apesar de não haver diferença na viabilidade dos oócitos entre vacas de maior e de menor VG submetidos a estresse em câmara climática, observou-se que oócitos daquelas com menor VG (temperaturas vaginais menores) apresentavam maior expressão da proteína capase 3, enzima integrante do processo de apoptose celular, do que os oócitos de vacas com maior VG quando submetidos ao estresse térmico. Verificou-se, ainda, que a suplementação da dieta bovina com cromo minimiza os efeitos da elevada temperatura ambiente sobre a temperatura vaginal e melhora o metabolismo da glicose. As informações de genes associados à termogênese adaptativa encontrados neste projeto devem ser usadas em novos estudos para identificar alelos candidatos associados ao estresse térmico. Também foi constatado que o estresse térmico sobre o oócito influencia a organização da cromatina dos embriões gerados a partir da fertilização, o que deve estar relacionado à menor viabilidade embrionária e consequente menor eficiência reprodutiva sobre condições de estresse.

As informações contidas nesse documento contribuem para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de números 1 (Erradicação da pobreza: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares, 2 (Erradicação da fome: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável) e 13 (Combate às Mudanças Climáticas: Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos).