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19/08/13 |

Congressistas discutem aumento das populações de nematoides

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Foto: Agência de Notícias - Embrapa

Agência de Notícias - Embrapa - Congressistas discutem aumento das populações de nematoides

Congressistas discutem aumento das populações de nematoides

O aumento das populações de nematoides nas lavouras têm provocado grandes perdas a muitos produtores. As causas do crescimento populacional de algumas espécies e as alternativas para a redução dos prejuízos estão sendo discutidas no XXXI Congresso Brasileiro de Nematologia, que começou nesta segunda-feira, no Cenarium Rural, em Cuiabá (MT).

De acordo com os pesquisadores, sistemas de produção baseados em monocultura ou na sucessão contínua de culturas hospedeiras contribuíram para o aumento considerável das populações de espécies de fitonematoides que causam queda de rendimento da planta e perdas de produção.

No Brasil quatro grupos de fitonematoides se destacam devido aos danos causados: nematoides de galha (Meloidogyne sp.), de cisto (Heterodera sp.), reniformes (Rotylenchulus sp.) e das lesões radiculares (Pratylenchus sp.).

"Os nematoides são preocupações constantes na agricultura. Por eles serem parasitas de raiz, normalmente são negligenciados. É provável que você já tenha ele na sua propriedade. A população vai aumentando e você não percebe. De repente, a planta começa a diminuir um pouquinho o porte e a produção, até que o problema se intensifica. Só aí se busca ajuda", explica o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste Guilherme Asmus.

De acordo com o pesquisador, que apresentou um histórico da evolução das populações de fitonematoides no Cerrado, muitas vezes os sintomas dos danos causados por estes vermes é confundido com o de outras causas, como a compactação do solo e a deficiência mineral, o que dificulta ainda mais o controle.

Pratylenchus brachyurus

Pesquisas mostram que em Mato Grosso foi identificada a ocorrência de nematoide de galhas em 23% das lavouras de soja, de cisto em 35%, reniforme em 4% e das lesões radiculares em 96%. E é justamente este grupo com maior incidência que tem gerado mais preocupação aos pesquisadores e agricultores. Segundo o professor da Esalq Mário Inomoto, houve certo descaso por parte de pesquisadores e agricultores em relação ao Pratylenchus brachyurus, o que permitiu o aumento populacional e a maior distribuição geográfica. Sem cultivares com resistência a este verme, hospedeiro de plantas como soja, milho, algodão e braquiárias, medidas mais drásticas são necessárias para controlá-lo.

"A técnica mais efetiva é a sucessão ou rotação com crotalaria spectabilis ou crotalaria ochroleuca. Isto exige um sacrifício do agricultor. Quando ele faz sucessão, fica um ano sem plantar milho. Ao invés do milho ele planta a crotalaria spectabilis que não dá renda. Ela diminui a população de nematoides, o que é positivo, e, sendo um adubo verde, aumenta a quantidade de nitrogênio no solo. É um benefício, mas ele deixa de ter a renda que é proporcionada pelo milho", explica.

De acordo com Inomoto, um desafio para a pesquisa é o de encontrar técnicas mais amigáveis para o produtor, que reduzam o impacto econômico. O consórcio de milho com crotalária pode ser uma solução em casos com menor infestação de nematoides.

"O consórcio não é tão bom quanto a crotalária sozinha, mas é uma técnica bem mais interessante do ponto de vista econômico. E pode ser utilizada em determinadas situações. É importante que o produtor esteja consciente para mesmo quando a população for baixa, ele já entrar com algum método de controle para impedir que esta população cresça muito", afirma o professor da Esalq.

O Congresso

O XXXI Congresso Brasileiro de Nematologia é promovido pela Sociedade Brasileira de Nematologia e realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Centro Universitário de Várzea Grande (Univag) e Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT).

Com o tema "Nematoides: Desafios e manejo", o evento busca debater e esclarecer a sustentabilidade do agronegócio brasileiro, abordando temas relacionados aos fitonematoides, aos métodos culturais, químicos, biológicos e genéticos de manejo. Também serão abordados outros grupos como nematoides entomopatogênicos (utilizados no controle de certos tipos de insetos) e nematoides parasitos de ruminantes.

Realizado pela primeira vez em Mato Grosso, o Congresso conta com a participação de cerca de 450 pesquisadores, professores, estudantes de graduação e pós-graduação, produtores e profissionais ligados ao setor agropecuário.
Ao longo de quatro dias, a programação conta com oito palestras com pesquisadores brasileiros e estrangeiros, cinco mesas redondas para discussão e três sessões para apresentação de 160 pôsteres. Haverá ainda um mini-curso sobre "Diagnose, coleta de amostras e interpretação de laudos" e a assembleia da Sociedade Brasileira de Nematologia.

Jornalista: Gabriel Faria (mtb 15624/MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
gabriel.faria@embrapa.br

 

 

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