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Rede ILPF encerra ciclo superando as expectativas iniciais e projetando expansão
Foto: Gabriel Faria
Esta foi a última reunião da Assembleia da primeira fase da Rede de Fomento ILPF
“Nem no melhor de nossos sonhos, há cinco anos, esperávamos alcançar o que conquistamos nesse período”. Com essas palavras o presidente da Rede de Fomento ILPF, Paulo Herrmann, abriu a última Assembleia da parceria público-privada criada para incentivar a adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta no Brasil, na última quinta-feira, na Embrapa Sede, em Brasília (DF).
Herrmann se referiu não apenas ao aumento da área com ILPF no país, que hoje já passa dos 11,5 milhões de hectares, mas principalmente ao trabalho que vem sendo feito e à articulação de uma rede de mais de 20 unidades de pesquisa da Embrapa.
O presidente da Embrapa, Maurício Lopes reforçou o discurso e ressaltou que o exemplo da ILPF tem sido usado no processo de restruturação pelo qual a Embrapa vem passando.
“O trabalho com os sistemas integrados mudou o eixo de prioridades e mudou a cabeça de nossos pesquisadores. Não dá mais para pensar só em soja, por exemplo. É preciso olhar o sistema produtivo como um todo. Começamos a trabalhar realmente em rede, com a participação de diferentes Unidades em torno de um tema. O potencial disso é enorme. É o caminho para a nova estrutura da empresa, o trabalho em rede”, afirmou Maurício Lopes.
Ao explicar rapidamente as mudanças iniciadas pela sede da Embrapa, o presidente informou que a Rede ILPF ficará sob responsabilidade da Secretaria de Inteligência e Relacionamento Estratégico (Sire). A nova secretaria será chefiada pelo pesquisador Renato Rodrigues, que continuará como presidente do Conselho Gestor da Rede.
Lopes ainda destacou o fato de a tecnologia ILPF estar muito alinhada à agenda da agricultura nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esta agenda tem norteado os caminhos seguidos pela empresa.
A Rede de Fomento ILPF foi criada em 2012 e é composta pela Embrapa, Cocamar, Dow AgroSciences, John Deere, Parker e Syngenta. Nesse período, cada empresa aportou R$ 500 mil por ano para financiar ações de transferência de tecnologia e comunicação. Em todo o país foram instaladas 107 Unidades de Referência Tecnológica, que têm recebido dias de campo, visitas técnicas e servido como exemplo para produtores das diferentes regiões. Centenas de técnicos e consultores foram capacitados em treinamentos continuados e pontuais. Além disso, as diferentes experiências com o sistema produtivo foram acompanhadas, gerando informações técnicas e científicas, que resultaram em recomendações para quem está começando a adotar a tecnologia e para quem já a utiliza.
Associação
O sucesso do trabalho foi tamanho, que a Rede de Fomento ILPF conclui a primeira fase de seu trabalho no fim de dezembro para se transformar em algo maior. A partir de janeiro, a iniciativa passará a ser a Associação Rede ILPF, uma nova instituição, com CNPJ próprio, que permitirá avanço em ações já desenvolvidas e ampliação do escopo de atuação.
Para isso, a Rede ILPF passará a contar com novos participantes e está aberta à entrada de outros parceiros. Nessa nova etapa, a Dow AgroSciences deixa o grupo. Porém já confirmaram o ingresso a sementeira Soesp e a associação de sementeiras Unipasto. O banco Bradesco está próximo de um acerto, já tendo, inclusive, enviado representante para a última reunião da Assembleia da Rede. Também estão em fase avançada de negociação a empresa de fertilizantes Yara e a japonesa do ramo de aviação IHI Corporation. De acordo com o diretor-executivo a Rede ILPF, William Marchió, outras empresas estão sendo contatadas, buscando abranger todos os setores da cadeia produtiva. O objetivo é ter também representantes da base florestal, da cadeia produtiva do leite e do setor de tecnologia da informação.
Assinado o estatuto da nova associação, o que ocorrerá antes do Natal, será iniciado o processo de abertura de CNPJ e a definição do regimento interno da Rede ILPF. A expectativa é de que em março a Associação comece a funcionar plenamente, com o primeiro aporte semestral de recursos feito pelas participantes. A gestão dos recursos financeiros seguirá sendo feita pela Fundação Eliseu Alves.
Até março, as atividades programadas no Plano Anual de Trabalho da Rede ILPF continuam, utilizando o residual de recursos da primeira fase.
Novos rumos
Nesta nova fase, a Rede ILPF continuará o trabalho de transferência de tecnologia, capacitação de assistência técnica e de comunicação que já vem sendo feito, buscando aperfeiçoá-lo. Além disso, a Rede terá foco na internacionalização, na agregação de valor por meio da certificação e na inovação.
A atuação deixará de ser feita baseada em um único grande projeto, como ocorre atualmente, e passará a ser feita por meio de projetos encomendados, induzidos e também, dependendo da captação internacional de recursos, via editais próprios.
A expectativa é que o dinheiro aportado pelas empresas participantes da Rede ILPF seja usado principalmente para manutenção da Associação, ações de comunicação e de transferência de tecnologia. Para as demais ações, o foco estará na captação de recursos de fundos internacionais. Conversas com alguns deles já foram iniciadas a partir da participação de representantes da Rede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, COP 23. Para isso, a Rede tem contado com apoio dos Ministérios do Meio Ambiente, da Fazenda, Relações Exteriores e da Agricultura.
“Temos uma meta de captar 1 bilhão de dólares para financiar projetos de pesquisa e ações relacionadas à transferência de tecnologias. Entre as prioridades estão a definição de métricas para o reconhecimento internacional da ILPF como mitigadora de emissões de gases de efeito estufa e o desenvolvimento de uma plataforma digital de ATER [assistência técnica e extensão rural]”, afirma o presidente do Conselho Gestor da Rede ILPF Renato Rodrigues.
Um passo importante para o reconhecimento da ILPF foi anunciado durante a reunião. De acordo com Rodrigues, a ILPF será pela primeira vez tema de uma publicação do IPCC, órgão da ONU responsável pela condução das negociações referentes à mudança do clima. O sistema produtivo entrará em um capítulo do Relatório Especial sobre Mudança do Clima e Terra, como uma das tecnologias inovadoras e com grande potencial de mitigação das emissões dos cases causadores do efeito estufa. A publicação sairá em 2019.
O presidente da Rede ILPF, Paulo Herrmann destacou a importância do reconhecimento internacional para mostrar ao mundo que o Brasil está produzindo com sustentabilidade. Além disso, afirmou que a captação de recursos externos será o que moverá as grandes ações da Rede.
“O dinheiro que as empresas associadas aportam é a gasolina colocada pela concessionária para chegar até o posto mais próximo. Mas muitas vezes é essa pequena ajuda que faz toda a diferença”, disse usando a prática do meio automobilístico para exemplificar.
Comunicação
A divulgação e visibilidade das ações desenvolvidas e das tecnologias de ILPF disponíveis têm sido também um grande pilar da Rede ILPF. Uma nova ferramenta para esse propósito foi apresentada ao fim da reunião da Assembleia. Trata-se de um aplicativo para dispositivos móveis que mostra por meio de uma maquete virtual em realidade aumentada as diferentes configurações possíveis de um sistema ILPF, a evolução de uma área com a tecnologia, as interações entre os componentes, a dinâmica de água, nutrientes e gases, além das mudanças que ocorrem no solo.
O aplicativo será lançado no dia 19 de dezembro e estará disponível para equipamentos com sistema operacional Android e IOS.
Mais informações sobre a ILPF podem ser encontradas no site www.ilpf.com.br. Acessando o site também é possível assinar a newsletter Integração, que traz mensalmente as principais notícias sobre a ILPF.
Gabriel Faria (mtb 15.624 MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
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