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Publicação analisa áreas prioritárias para ações de transferência de tecnologia em ILPF
Com o objetivo de contribuir para a intensificação do processo de adoção de sistemas Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Brasil, pesquisadores da Embrapa e instituições parceiras realizaram um grande esforço na identificação de áreas no território brasileiro que reúnem diversas condições favoráveis para que o processo de adoção ocorra e se consolide.
Segundo eles, a estratégia de ILPF tem sido reconhecida como capaz de promover a intensificação do uso do solo, com aumentos na produção e produtividade agropecuária, de contribuir para a redução da pressão para a abertura de novas áreas, além de ofertar uma série de serviços ambientais, cujos benefícios extrapolam os limites da propriedade rural. Eles reforçam que “o estímulo à adoção da estratégia de produção depende em grande medida das ações transferência de tecnologia junto a técnicos e produtores”.
Os métodos empregados e os resultados obtidos são apresentados na publicação Documentos 114, intitulada “Análise multicritério para planejamento em sistemas de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta".
O trabalho, liderado pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), contou com a participação de mais de 30 técnicos da Embrapa de 22 Unidades de Pesquisa em todos os biomas, além de instituições parceiras, no âmbito do projeto “Transferência de tecnologias em rede para sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta”, o qual é apoiado pela Rede ILPF.
De acordo com a publicação, a priorização de áreas foi realizada levando-se em conta critérios geoespaciais ponderados, aliando-se a conjugação da prospectiva estratégica e análise multicritério em sistema de informação geográfica. Embora todo o território brasileiro tenha sido coberto, a priorização se ateve apenas às áreas antropizadas pela agropecuária. Como resultado, foram gerados mapas apontando níveis de prioridade para a realização e intensificação de ações de TT no Brasil.
Segundo o analista da Embrapa Meio Ambiente Sandro Eduardo M. Pereira, um dos autores da publicação, “a Embrapa mapeou o território brasileiro em classes de prioridade. Sendo que “o diferencial desse trabalho foi a utilização de ferramentas de planejamento estratégico com cenários (prospectiva estratégica) para a definição do objetivo central do estudo, das diretrizes e dos critérios geoespaciais”.
O secretário de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa e presidente do Conselho Gestor da Associação Rede ILPF, Renato Rodrigues, enfatiza que “o trabalho representa um imenso serviço prestado ao país. Em 2009 o Brasil anunciou um compromisso voluntário de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) extremamente ambicioso. Esse compromisso deu origem ao Plano ABC e a uma série de políticas públicas, ações institucionais e governamentais e pesquisas. Desde 2010 o país passou a incentivar a adoção de tecnologias de produção agrícola consideradas sustentáveis. Em 2015, um novo compromisso foi feito no âmbito das negociações internacionais e agora temos mais um imenso desafio: ampliar a área de ILPF e recuperação de pastagens degradadas em 20 milhões de hectares até 2030. A Rede ILPF tem como missão aumentar a adoção dessa tecnologia no país. E para ampliar a área é preciso conhecer o nosso imenso território e priorizar as áreas para que os esforços sejam concentrados. Nesse sentido, esse importante trabalho da Embrapa Meio Ambiente vai contribuir muito para o cumprimento desses desafios”, finaliza ele.
O pesquisador e coordenador da Plataforma Multi-institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa na Agropecuária (Plataforma ABC), Celso Vainer Manzatto, afirma que “os resultados, juntamente com outros planos de informação e produtos de imagens de satélite, podem auxiliar na identificação e seleção de áreas a serem monitoradas de forma sistemática para quantificação das contribuições dos sistemas ILPF na redução de GEE”.
Segundo o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Ladislau Skorupa, “deve ser enfatizado que a priorização não deve ser entendida como a de áreas mais ou menos aptas, ou mais ou menos importantes, mas, sim, de áreas que agregam, no momento, condições mais favoráveis para que o processo de adoção de inicie ou se consolide de forma mais rápida no curto e médio prazos”, explica ele. Nesse sentido, completa, “os níveis de prioridade podem ser naturalmente alterados com o tempo a partir da mudança de cenários”.
Os autores identificaram que, do total da área antropizada com uso agrícola no Brasil, 34,1% apresentam alta prioridade; 21,3% média; 15% baixa e 11,4% muito baixa prioridade.
Resultados
No estudo cerca de 82% das áreas antropizadas do Brasil foram hierarquizadas. Os resultados da pesquisa mostram que as áreas consideradas na priorização concentraram-se nos estados de GO, MG, MT, MS, PR e SP. Os vazios (áreas excluídas) nos estados do MA, PI, TO e AC são explicados pela distribuição espacial do uso e cobertura da terra e da aptidão edáfica. Os vazios nos estados do AM, AP, PA e RR são explicados pela classe de uso e cobertura da terra e pela baixa viabilidade de acesso em grandes áreas.
Por outro lado, os estados que concentram as maiores extensões de áreas prioritárias retêm 51,7% das áreas com uso agropecuário do Brasil e, em sua maioria, são os que apresentam maior relação de área antropizada pela área da Unidade da Federação (UF). Os estados com a menor extensão de áreas prioritárias e com grandes vazios também são os estados com a menor relação entre a área antropizada e a área do estado.
O resultado gerado na integração temática está disponível para consulta na Biblioteca Geoespacial. O projeto é ILPF – Áreas prioritárias para TT.
A publicação lançada recentemente – Documentos 114 – está disponível aqui para download.
Os autores são: Sandro Eduardo Marschhausen Pereira; Celso Vainer Manzatto; Ladislau Araújo Skorupa; Maria Isabel de Oliveira Penteado; Priscila de Oliveira; Renan Milagres Lage Novaes (Embrapa Meio Ambiente) e Margareth Gonçalves Simões (Embrapa Solos).
Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
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