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26/05/23 |   Melhoramento genético

Resistência a nematoides-das-galhas é o diferencial da nova cultivar de soja lançada pela Embrapa

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Foto: Juliana Miura

Juliana Miura - Lançamento da cultivar BRS 7180 IPRO

Lançamento da cultivar BRS 7180 IPRO

“A BRS 7180 IPRO é um material com grande diferencial para a região do Cerrado” – assim o pesquisador André Pereira define a nova variedade de soja lançada pela Embrapa. Ele se refere à resistência aos nematoides-das-galha Meloidogyne incógnita e M. javanica, principais limitantes de produtividade presentes nos solos de todo o País.

Ferreira explica que quanto mais se intensifica a produção, mais se agravam os problemas causados pelos nematoides formadores de galhas, vermes nativos dos sistemas de produção brasileiros. Uma das estratégias para reduzir sua população é justamente o uso de variedades resistentes, como as desenvolvidas pela Embrapa.

A cultivar apresenta alto potencial produtivo, ultrapassando 70 sacas em áreas de alta fertilidade. O pesquisador relata que produtores que estavam enfrentando dificuldades devido à presença dos nematoides em suas propriedades conseguiram colher 20 sacas a mais por hectare, onde antes não colhiam mais de 40. Os nematoides atacam as raízes e reduzem sua capacidade de absorção de água e nutrientes, comprometendo a produtividade da planta.

Com ciclo de 120 dias, a BRS 7180 IPRO possibilita o plantio da segunda safra com milho ou de outra cultura, seguido de produção de pasto para alimentação animal. “Essa é uma importante característica dentro do cenário atual de produção do Cerrado, já que a janela de chuvas da região permite que seja feita a segunda safra, desde que usados materiais de ciclo curto na primeira safra”, característica apresentada pela nova cultivar. Ela também pode ser utilizada como componente dos sistemas integrados, como Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O período de semeadura ideal vai da segunda quinzena de outubro até a primeira quinzena de novembro. As sementes estarão disponíveis para o plantio da próxima safra.

 

O lançamento da BRS 7180 IPRO

Sebastião Pedro e Ilson Alves AfonsoA nova cultivar da Embrapa foi lançada nessa quinta-feira (25) durante a feira AgroBrasília 2023, que acontece no PAD-DF até sábado (27). Ela é resultado da parceria com a Fundação Cerrados. 

Ilson Alves Afonso, diretor-técnico da Fundação Cerrados, instituição que apoia o programa de melhoramento da soja para bioma, ressalta a importância para os associados terem materiais novos a cada ano para atender as demandas do mercado. Afonso reforça que o principal diferencial das cultivares desenvolvidas pela Fundação Cerradas e pela Embrapa é a resistência aos nematoides, característica não encontrada nos materiais oferecidos pelas multinacionais: “O nematoide está espalhado por todo o País e afeta praticamente todos os produtores brasileiros. Então esse é um diferencial interessante e que garante nossa competitividade no mercado”.

Durante o evento, o chefe-geral da Embrapa, também pesquisador de soja, salientou que os nematoides são inimigos silenciosos. “De todos os problemas que tentamos resolver por meio da pesquisa, os relacionados à raiz da planta, os que estão abaixo do solo, são os mais difíceis. O nematoide é um inimigo silencioso e hoje nós estamos apresentando uma solução para o produtor brasileiro. A Embrapa faz suas pesquisas para atender o setor produtivo e, algumas vezes, trazemos questões que ainda não estão sob o olhar do produtor”.

Luiz Fiorese, presidente da Fundação CerradosAlém do lançamento, outras cultivares – BRS 7582, BRS 7781, BRS 7180 IPRO e BRS 8383 IPRO – estão na Vitrine de Tecnologias da Embrapa na AgroBrasília. As duas primeiras são variedades convencionais que alcançam boa produtividade e com possibilidade de obter maior valor de mercado por atender uma demanda internacional. “Os europeus precisam da nossa soja e precisam do Brasil. Eles produzem dois milhões de toneladas de soja convencional por ano, mas o consumo é de onze milhões de toneladas. E ainda há a possibilidade que a Europa pague pelo sequestro de carbono para os produtores que tenham sistemas convencionais certificados”, explica Luiz Fiorese, presidente da Fundação Cerrados.

Juliana Miura (MTb 4563/DF)
Embrapa Cerrados

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