Embrapa Solos e Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade do Rio de Janeiro (Seas) celebraram, nesta quinta-feira (14/9), um acordo de cooperação técnica para execução de atividades conjuntas de pesquisa e desenvolvimento relacionadas ao mercado de crédito de carbono. O objetivo é prover ao estado do Rio de Janeiro um conjunto de ferramentas, como mapas, sistemas de produção e indicadores biofísicos, para fomentar modelos de negócio preliminares voltados a esse mercado, a partir dos estoques de carbono do solo fluminense. O acordo foi assinado no Palácio da Guanabara, sede do governo estadual, durante cerimônia na qual a Seas e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) apresentaram as ações e estratégias do governo estadual do Rio de Janeiro para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Na ocasião, também foi assinado um acordo de cooperação técnica entre Seas e Observatório do Clima (LabOC/SEEG), apresentados os dados históricos do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) para regiões e municípios fluminenses e lançados oficialmente o Portal de Mudanças Climáticas e o Portal de Qualidade do Ar do RJ – saiba mais. “O Rio de Janeiro será um grande estimulador de todos os setores da sociedade para que possamos descarbonizar a nossa economia e deixar essa base científica para as próximas gerações”, afirmou Thiago Pampolha, governador em exercício e secretário do Ambiente e Sustentabilidade. “Para nós é de suma importância esse trabalho em conjunto com o governo do Rio de Janeiro no âmbito das mudanças climáticas. O ambiente rural fluminense tem suas peculiaridades. Somos um estado com a agricultura propícia à exploração diversa, não só na multifuncionalidade da paisagem rural, mas também na multifuncionalidade dos solos, no aspecto de produção e prestação de serviços ambientais, como o sequestro de carbono", explicou Silvio Bhering, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Solos. Os objetivos da parceria O acordo de cooperação técnica entre a Embrapa Solos e a Seas buscará embasar políticas públicas, instrumentos legais e marcos regulatórios que viabilizem a negociação de créditos de carbono do solo no estado do Rio de Janeiro, frente aos desafios das mudanças do clima, perda rápida da biodiversidade e insegurança hídrica. O pesquisador da Embrapa Solos Fabiano Balieiro, que coordena o plano de trabalho da parceria, explica que o projeto terá quatro atividades principais. Uma delas fará a espacialização do estoque de carbono do solo no estado do Rio de Janeiro, conduzida no Laboratório de Geomática da Embrapa Solos a partir da agregação de dados de carbono e densidade, oriundos do Inventário Florestal Nacional no Estado do Rio de Janeiro, a dados geospaciais de sensoriamento remoto e mapas acessórios de diversas fontes. Uma outra frente de pesquisa irá desenvolver uma ferramenta que irá fazer a determinação de carbono sob florestas do estado, à luz da química verde, a partir do desenvolvimento de um método de espectroscopia NIR, mais rápido, limpo e barato. Outra atividade terá foco nos sistemas de produção, e buscará apresentar cenários de uso e cobertura da terra com potencial de aumentar o sequestro de carbono pelo solo e recomendações de práticas agropecuárias sustentáveis para os agricultores fluminenses. Por fim, a quarta atividade irá formular um plano de negócios para o mercado de carbono no estado, propondo uma estratégia de modelo de negócio a ser elaborado pela Seas – veja os produtos que essas atividades irão gerar no quadro ao fim da matéria. “No âmbito da atividade sobre os sistemas de produção pretendemos promover alguns workshops com técnicos agrícolas, produtores e outros stakeholders que fazem a política agrícola do estado para discutirmos juntos a contribuição que podemos dar para aumentar os estoques de carbono, por que temos muito potencial de sequestro de carbono pelo solo em áreas agrícolas”, destaca Balieiro. Telmo Borges, superintendente de Mudanças do Clima da Seas, acredita que o estado do Rio de Janeiro pode ser um dos precursores no estabelecimento de um sistema de verificação de carbono no solo com indicadores reais e dados de campo seguros, para a consolidação de um mercado de crédito de carbono. “Qualquer política pública tem que ser consolidada com bons dados e informações. Sem informação o mercado de carbono não se sustenta, por isso o Rio de Janeiro está estabelecendo essas bases. Queremos construir no estado não somente uma política que cuide da restauração florestal, já que o governo estabeleceu em Glasgow a meta de ampliar em 10% a cobertura florestal, mas também trabalhar com a transição agroecológica. Precisamos entender como o uso do solo em pastagens no estado pode influenciar nessa transição agroecológica e na restauração de carbono no solo, e isso tem que partir da ciência, de dados robustos. Por isso essa parceria com a Embrapa Solos, uma instituição de referência”, analisou Borges. As entregas à sociedade A parceria técnica entre Embrapa Solos e a Seas tem como objetivo entregar à sociedade, num prazo de até 24 meses, os seguintes produtos: Produto 1: Mapa dos estoques de carbono do solo fluminense e relatório Responsável: Gustavo de Mattos Vasques (Embrapa Solos) Produto 2: Estudo prospectivo dos usos e cobertura da terra e recomendações de práticas sustentáveis de manejo do solo que potencializem a manutenção ou aumento dos estoques de carbono do solo do estado do RJ Responsável: Rachel Bardy Prado (Embrapa Solos) Produto 3: Metodologia preliminar de espectroscopia NIR para determinação de carbono orgânico de amostras de solos sob florestas do estado Responsável: André Marcelo de Souza (Embrapa Solos) Produto 4: Estratégia de modelo de negócio para o mercado de carbono no estado do Rio de Janeiro. Responsável: Telmo Borges (Seas)