O objetivo do projeto é sistematizar e promover o intercâmbio de conhecimentos sobre o uso atual de Sistemas Agroflorestais (SAF) por agricultores familiares no bioma Mata Atlântica das regiões Sul e Sudeste.

Existem diversas experiências práticas de uso de SAFs (Sistemas Agroflorestais) em propriedades de agricultura familiar no bioma Mata Atlântica, porém não há informações recentes suficientemente sistematizadas sobre as mesmas. Frente ao crescente interesse da sociedade por formas de produção agrícola mais sustentáveis e pela chamada agricultura de baixo carbono, torna-se necessário conhecer melhor os modelos de SAFs utilizados, analisar criticamente as suas potencialidades e limitações atuais, e avaliar em que medida constituem estratégias motivadoras da adequação ambiental de pequenas propriedades. As instituições de P&D podem contribuir para melhorias técnicas e econômicas nestes sistemas de base predominantemente empírica, mas para isso é necessário conhecer melhor as estratégias e trajetórias dos agricultores que já têm buscado esta alternativa, assim como estes analisam estas experiências e os gargalos tecnológicos e não tecnológicos encontrados. Igualmente justificam-se avaliações quanto ao marco legal correlato, o qual tem sofrido recentes alterações e via de regra é considerado por agricultores e técnicos como um “emaranhado de leis” de difícil compreensão, sendo visto mais frequentemente sob um viés punitivo do que como um instrumento orientador para alcançar a sustentabilidade e o bem estar geral da sociedade. Outro aspecto, refere-se à análise dos processos participativos de pesquisa e de transferência de tecnologia adotados no contexto dos SAFs, que permita avaliar as repercussões dessas metodologias nos resultados alcançados. Em uma primeira etapa, através de consulta a fontes de dados secundários e entrevistas com atores-chave de redes sócio técnicas regionais (agricultores familiares, técnicos, pesquisadores, ONGs, gestores públicos), o presente projeto pretende sistematizar e mapear as experiências de SAFs mais significativas em alguns estados da região Sul e Sudeste do Brasil. Nesta etapa, de caráter mais exploratório, buscar-se-á identificar, categorizar e analisar de forma participativa com esses atores-chave os gargalos (tecnológicos e não tecnológicos) mais frequentes e comuns à maioria das experiências mapeadas, bem como identificar e selecionar potenciais estratégias e/ou soluções exitosas adotadas pelos agricultores familiares para contornar estes gargalos. Em uma segunda etapa, em cada estado, serão detalhadas e catalogadas as experiências selecionadas na primeira etapa, abarcando diferentes dimensões. Como resultados do projeto, espera-se criar condições para a estruturação de uma rede de intercâmbio de conhecimentos em SAFs; disponibilizar um conjunto de informações e dados sobre os principais gargalos enfrentados pelos agricultores e algumas soluções e/ou experiências exitosas; oferecer subsídios para melhorias na legislação e PP; indicar temas prioritários e abordagens metodológicas participativas para novos programas e projetos de P&D e TT que contribuam para a adoção dos SAFs, de modo apropriado aos contextos locais e por um número maior de agricultores familiares.