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Diversidade biológica do bioma Cerrado é a segunda maior do Brasil
No domingo (11), é comemorado o Dia do Cerrado. Trata-se do segundo maior bioma brasileiro, tanto em extensão (ocupa 24% do território nacional), quanto em diversidade biológica – fica atrás apenas da Amazônia. A riqueza dessa savana tropical é tamanha que ainda são limitados os conhecimentos que se têm dos seus recursos naturais. "A diversidade biológica do Cerrado está ainda na fase de caracterização, não sabemos ao certo quantas ou quais espécies existem. Há apenas estimativas, especialmente quando se fala de invertebrados", afirma Amabílio Camargo, biólogo da Embrapa Cerrados, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
De acordo com o estudioso, doutor em entomologia (ciência que estuda os insetos), estima-se que a diversidade entomológica do Cerrado seja de mais de 90 mil espécies. "A Embrapa Cerrados possui uma coleção representativa de insetos. São cerca de 90 mil exemplares de mais de 20 mil espécies", informa. O biólogo explica que o objetivo de se manter uma coleção desse tipo é reunir dados referentes à biodiversidade da fauna entomológica da região. "Juntamente com os insetos, são organizadas informações sobre local e época de ocorrência, biologia e plantas hospedeiras", explica.
Mas, algumas pessoas poderiam questionar a importância de se coletar, quantificar e identificar essas espécies, já que se trata de uma atividade delicada e trabalhosa - a identificação de insetos muitas vezes requer procedimentos sofisticados e extremamente especializados. De acordo com Amabílio Camargo, essa identificação é importante, pois os insetos estão envolvidos em vários processos e interações ecológicas, destacando-se alguns serviços ambientais como a polinização, dispersão de sementes, ciclagem de nutrientes e a regulação das populações tanto de plantas como de outros animais. "E ao contrário do que acredita a maior parte das pessoas, apenas um pequeno percentual deles, de 8 a 13%, são pragas com alguma importância econômica", observa.
Indicadores ambientais - mariposas, por exemplo, podem ser utilizadas como indicadoras de sustentabilidade ambiental, explica o biólogo da Embrapa Cerrados. Somente no Cerrado, são conhecidas cerca de 10 mil espécies desses insetos, que possuem hábitos noturnos e se apresentam com poucas cores; ao contrário das borboletas, que possuem hábitos diurnos e são coloridas. Amabílio Camargo explica que muitas dessas mariposas não migram de uma região para outra, ou seja, morrem no mesmo local em que nascem. "Por isso, podem ser um interessante indicador do grau de degradação ambiental de uma área", afirma.
Pesquisas desenvolvidas na Embrapa Cerrados, localizada em Planaltina (DF), estudam justamente insetos com essa característica. "Uma maior diversidade das mariposas residentes, isto é, que não migram, pode sugerir que o local é mais preservado. Caso elas não estejam presentes, indicamos a necessidade de intervir e fazemos algumas recomendações", explica.
Para coletar esses animais, que atingem a fase adulta na época das chuvas, a estratégia dos cientistas é simples: uma lâmpada acesa no meio de seu habitat atrai milhares delas. E a vantagem é que esse procedimento é seletivo. "Apenas as que são de interesse da pesquisa são coletadas para avaliações no laboratório". De acordo com o biólogo, há muitas vantagens neste tipo de coleta. "Podemos ter uma amostra significativa da população, sendo que é relativamente barato montar uma expedição para a captura e observação desses animais", relata.
Nessa época do ano, quando as queimadas acabam se intensificando por conta da seca, as mariposas passam a maior parte do tempo em casulos, enterradas no solo, ou no meio de folhas. Isso as impedem de fugirem em caso de incêndios. Nesse sentido, o biólogo faz um alerta. "Se a ocorrência de fogo for frequente numa mesma área, a população de mariposas, especialmente as polinizadoras, acabará sendo ameaçada. Isso ocasionará, por exemplo, a diminuição da quantidade de frutos, especialmente de plantas nativas".
Veja no vídeo produzido no laboratório da coleção entomológica da Embrapa Cerrados como é realizado o processo de dissecação de uma mariposa (procedimento usado para identificação): http://www.youtube.com/watch?v=6KeX2v1duI0
Redação:Juliana Caldas (4861/14/90/DF)Embrapa Cerradosjuliana.caldas@cpac.embrapa.br(61) 3388 9945Fotos: Amabílio Camargo
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