Agricultura familiar e revitalização do espaço rural. Esse foi o tema do dia de campo realizado em 11 de setembro no Sítio Aparecida de Camanducaia, estabelecimento rural da família Souza, em Jaguariúna, SP. É o primeiro de uma série de eventos durante 2014, que pretendem enfatizar a importância da Agricultura Familiar e promover a troca de experiências de produção e organização de agricultores em bases agroecológicas.

Nesse dia foram discutidas a produção orgânica de frutas e hortaliças, aspectos da comercialização, certificação orgânica, melhoria da qualidade de vida da família, além de troca de experiências entre os agricultores participantes.

O agricultor Eduardo de Souza e familiares produzem uma grande diversidade de alimentos orgânicos e os fornecem pessoalmente aos consumidores em quatro feiras semanais, nos municípios de Campinas e Jaguariúna. Após o processo de transição agroecológica houve aumento da renda e melhoria na saúde dos familiares, com renovada motivação em permanecer no campo e a se envolver cada vez mais na produção de alimentos. O agricultor integra o Sistema Participativo de Garantia. Nesse modelo de organização os agricultores, juntamente com consumidores e demais interessados, realizam visitas constantes de verificação de conformidade, realizam intercâmbios de experiências e estabelecem procedimentos padronizados que garantem a qualidade da produção orgânica.

Durante as atividades, foi construída a linha do tempo do agricultor. Eduardo  apresentou a sua trajetória na agricultura, desde a sua infância no Sítio Aparecida do Camanducaia com seus pais e dez irmãos, as técnicas tradicionais utilizadas no início desse período, o novo ciclo de produção de citros com mudanças tecnológicas, elevado uso de agrotóxicos e elevação do custo de produção. Diante dos sérios riscos à saúde e a inviabilidade econômica desse sistema para a Agricultura Familiar, Eduardo iniciou o processo de transição para sistemas orgânicos de produção, apoiado pela experiência de seus vizinhos na Vila Yamaguishi. A partir desse momento, a família que estava prestes a deixar a agricultura retomou com prosperidade a produção diversificada de alimentos, agora sob os princípios da Agroecologia.

Logo após, os participantes visitaram a propriedade para dividir experiências em sistemas orgânicos de produção.

O grupo almoçou no sitio e à tarde houve uma rodada de discussão para exposição das percepções e esclarecimentos de dúvidas relacionadas à visita de campo. Logo em seguida foram iniciados trabalhos em grupos, com o objetivo de identificar os principais problemas dos agricultores familiares do Leste Paulista e as respectivas possibilidades de soluções. Esse mesmo procedimento ocorrerá nos três próximos dias de campo.

A sistematização dessas informações será apresentada e debatida no I Encontro da Agricultura Familiar, a ser realizada em12 de novembro,na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP).

Os próximos encontros são:

Em 10 de outubro, o grupo estará em Americana, na Cooperacra, o tema será o planejamento da produção diversificada e da comercialização gerando renda via Programa de Aquisição de Alimentos.

Em 17 de outubro, será em Socorro, no Sítio Barrel, onde serão abordadas a organização dos agricultores do Bairro do Ribeirão e a consequente melhoria das condições de vida no campo.

E, em 22 de outubro, no Assentamento Boa Sorte, em Restinga, SP, será demonstrado um sistema agroflorestal associado ao cultivo de hortaliças e a minhocultura, o qual tem propiciado a elevação da qualidade de vida do agricultor familiar assentado.

A Rede de Agroecologia do Leste Paulista e a Articulação Paulista de Agroecologia são as instituições promotoras da programação regional do Ano Internacional da Agricultura Familiar. Contam com as parceiras da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Associação da Agricultura Natural de Campinas (ANC), Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), Cooperativa da Agricultura Familiar e Agroecológica (Cooperacra), Cooperativa Trocas Verdes, Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e Rede de Agroecologia da Unicamp.