Notícias

28/11/14 |   Recursos naturais

Artigo: Prevenir é melhor do que remediar (por Alexander Resende)

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Arquivo Embrapa Agrobiologia

Arquivo Embrapa Agrobiologia - Área degradada na região do Vale do Paraíba/RJ

Área degradada na região do Vale do Paraíba/RJ

Dados da FAO estimam que, no Brasil, existem cerca de 28% das terras em algum estágio de degradação. Além de considerar o número muito elevado, é difícil imaginar qual o conceito de degradação que foi levado em conta para se chegar a esse número. Uma voçoroca é, sem dúvida, uma área degradada. Áreas de mineração de areia, argila, saibro, piçarra, ouro, entre tantas outras, também são. Mas o consenso sobre o que está degradado acaba por aí.

Recuperar uma área degradada sai muito caro.  Em geral, o solo já perdeu seu horizonte superficial e há a necessidade de aplicar fertilizante em quantidade considerável para que as mudas das espécies florestais possam se desenvolver. E aí entra outra questão: qual espécie plantar? É claro que também gostamos de jequitibás, jatobás, pau-brasil, braúna, mas infelizmente essas espécies são bem exigentes... Gostam de sombra e terra fresca! Não gostam muito de área degradada!

Uma alternativa é utilizar plantas que gostam de sol, as chamadas pioneiras. Adicionalmente, para áreas degradadas, há uma família de plantas - a das leguminosas - que apresenta mais de 3 mil espécies no Brasil e que possui uma característica especial: não é que gostem de áreas degradadas, mas desenvolveram mecanismos evolutivos para se comportarem melhor que boa parte das demais espécies nesses ambientes. Elas se associam a bactérias e a fungos micorrízicos e conseguem obter parte de sua nutrição do ar, a partir da associação com bactérias conhecidas como rizóbios, e do solo, a partir da associação com fungos micorrízicos que as tornam mais eficazes em obter água e nutrientes. Só para citar algumas, o mulungu, o jacarandá, o vinhático, o angico e a orelha de macaco se enquadram como leguminosas interessantes para esses fins.

O uso dessas plantas recupera funções iniciais da floresta, como cobertura do solo, redução da erosão, deposição de folhas e galhos, iniciando a ciclagem de nutrientes, abrigos e alimentos para fauna. Tudo isso possibilita que funções mais nobres, como a biodiversidade, por exemplo, possam ter condições de se instalar no futuro. E aí, sim, poderemos ter nossos jequitibás,  jatobás, pau-brasil, além de animais de maior porte, orquídeas, bromélias, etc.

Mas, na verdade, não temos de esperar a degradação para iniciar a recuperação. O que precisamos aprender é a identificar dentro da propriedade rural áreas mais frágeis, que não podem ser aradas e gradeadas anualmente. Precisamos evitar o fogo, o superpastejo, e fazer uso de práticas conservacionistas do solo, como terraços e plantio em nível. Precisamos utilizar a árvore como componente econômico da propriedade rural e, assim, por apresentarem manejos incompatíveis, evitar o fogo, reduzir a aração e a gradagem...

Precisamos  aprender a trabalhar com "prevenção de áreas degradadas" para não termos de gastar dinheiro para recuperá-las depois. E, para isso, o uso da árvore na propriedade rural, como componente não só ecológico, mas também econômico, precisa ser estimulado.

Alexander Resende - pesquisador (Pesquisador da Embrapa Agrobiologia)
Embrapa Agrobiologia

Contatos para a imprensa

Telefone: (21) 3441-1500

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/