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Perspectivas da produção orgânica e da agroecologia foram discutidas em fórum na Embrapa Meio Ambiente
A Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) realizou em 30 de novembro o Fórum Paulista da Produção Orgânica e Agroecologia: balanço do potencial e dos desafios atuais, no Brasil e no Estado de São Paulo. O evento foi organizado com o propósito de ampliar os debates pelo fortalecimento da transição agroecológica, de forma a trazer subsídios no enfrentamento de desafios associados a sistemas de produção de alimentos nas suas interfaces com mudanças climáticas globais, conservação de recursos naturais, demandas tecnológicas dos agricultores e atendimento às expectativas de qualidade ambiental pelos consumidores.
Rodrigo Mendes, chefe adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento fez a abertura, destacando o potencial da produção orgânica e da agroecologia, com expectativa de que o evento possa trazer importantes contribuições ao tema. Em seguida a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Lucimar Santiago de Abreu, coordenadora do evento, agradeceu a presença de todos e apresentou os objetivos do encontro.
A primeira mesa de debates destacou um conjunto de temas relacionados a insumos alternativos, prospecção de demandas, produção e políticas públicas relacionadas ao desenvolvimento da produção orgânica e da agroecologia. Reginaldo Morikawa, pela Korin Agropecuária, realizou a primeira apresentação, com destaque para o panorama de ampliação do consumo de alimentos orgânicos e as potencialidades de insumos alternativos no processo de adoção dos princípios da agricultura orgânica.
Conforme Morikawa, a partir dos sistemas participativos de garantia ou certificações por auditoria adotados nesse sistema de produção, podemos afirmar que a produção orgânica é sinônimo de alimento seguro. Logo depois, Ana Garofolo, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrobiologia (Rio de Janeiro, RJ), apresentou os principais resultados da pesquisa realizada em 16 estados brasileiros, de prospecção de demandas da produção orgânica, com destaque para as conclusões específicas obtidas no Estado de São Paulo. Ana destacou os problemas enfrentados pelos agricultores no processo de transição agroecológica, com ênfase na necessidade de fortalecimento no aporte de recursos humanos e financeiros nos serviços públicos de assistência técnica e extensão rural, assim como a pesquisa agropecuária.
As experiências em sistema de produção orgânico na Fazenda Pereiras (Itatiba, SP) foram apresentadas pelo produtor Matias Vargas. Ele relatou o histórico de transição agroecológica ocorrido neste estabelecimento rural, tradicional produtor de café que passou da agricultura convencional para a orgânica. Para ampliar a geração de renda ao longo do ano, houve a priorização do cultivo de hortaliças, que levou a um processo de aprendizado contínuo e aprimoramento na produção de base agroecológica. Vargas enfatizou a importância da troca de experiências entre os produtores e do sistema de certificação participativa para o fortalecimento socioeconômico de agricultores dedicados à produção de alimentos orgânicos.
Na sequência, o assessor parlamentar Alberto Vargas na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), expôs a importância do Projeto de Lei 236 de 2017, que institui a Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica - PEAPO, com o objetivo de promover e incentivar o desenvolvimento da agroecologia e da produção orgânica no Estado. O projeto de lei encontra-se em fase final de tramitação na ALESP, havendo a expectativa de que ainda neste ano venha a ser aprovado.
A segunda mesa de debates abordou a temática dos mercados locais alternativos, especialmente circuitos curtos de comercialização de produtos orgânicos na região metropolitana de Campinas. O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Alfredo Barreto Luiz apresentou estudo comparativo de preços de frutas, legumes e hortaliças convencionais e orgânicos, em feiras e supermercados de Campinas (SP). Ainda que, em média, os alimentos orgânicos apresentem preços superiores aos não orgânicos, há pontos de comercialização em que se constata o inverso: preços inferiores observados em alimentos orgânicos. A continuidade da análise de dados permitirá constatar a influência dos espaços de comercialização (supermercados e feiras) sobre as diferenças de preços observadas entre orgânicos e não orgânicos.
Em sequência foi apresentada por Maria Elisa Tassi a experiência da Associação de Agricultura Natural de Campinas e região – ANC. Elisa expôs o perfil diversificado dos agricultores que compõem a Associação, com destaque para a agricultura familiar, produtores rurais jovens e em sua maioria homens, além dos denominados “novos rurais”. Apontou ainda os desafios e demandas desse coletivo, especialmente para ampliar os mercados e a produção, assim como a carência de oferta de frutas, laticínios e outras formas de processamento de alimentos orgânicos. “Além disso, não há na região um entreposto para produtos orgânicos, o que dificulta ações de expansão da oferta de orgânicos”, enfatizou.
Giovanna Garcia do Instituto de Biologia da Unicamp apresentou sobre os circuitos curtos de comercialização de alimentos orgânicos em Campinas e região. Destacou os desafios para ampliar a comercialização de alimentos orgânicos na região e, também os desafios para ampliar a logística e a distribuição, visando popularizar os produtos orgânicos locais. Para dar visibilidade aos diferentes pontos de comercialização da produção orgânica em Campinas e região, foi apresentado o MapOrgânico, que pode ser consultado em: https://anc.org.br/
Por fim, Lucimar proferiu palestra de encerramento denominada “A pesquisa na Agricultura Orgânica (AO) e Agroecologia (AE): tendências e desafios para a efetividade das políticas públicas”. Apontou, com base na revisão da literatura internacional, um conjunto de temas de pesquisas e desafios de pesquisa, com o objetivo de subsidiar a ampliação de estudos nessas abordagens.
O fórum contou com 48 participantes, que contribuíram ativamente nos debates que se seguiram às apresentações de relatos por representantes da sociedade civil e de agências públicas de desenvolvimento. Os aspectos tratados e a receptividade do público participante comprovam o interesse pelo tema da agroecologia e da produção orgânica, que sinalizam amplas possibilidades de conversão para modelos de agricultura mais sintonizados as premissas da sustentabilidade, contribuindo simultaneamente para a conservação dos recursos naturais, a geração de renda e a justiça social no campo e nas cidades.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
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