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Mel de abelhas sem ferrão pesquisado pela Embrapa foi ingrediente no programa MasterChef Brasil
Aos poucos, e por merecimento, o mel das abelhas nativas brasileiras da tribo Meliponini – sem ferrão – vem ganhando espaço no seleto mundo gastronômico gourmet. Na última terça-feira, 5 de novembro, a doçura dos méis das jataís, tiúbas, mandaçaias, uruçus e borás roubaram a cena do programa MasterChef Brasil, exibido pela TV Bandeirantes.
Os competidores do Programa se dividiram em equipes para preparar o prato principal e sobremesa a 40 descendentes de imigrantes. O desafio foi equilibrar os sabores do café, para livrar os vencedores de um duelo de eliminação com o mel das abelhas nativas.
O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) Cristiano Menezes participou da produção como consultor técnico, recebendo a equipe de produção do programa, chefiada pelo renomado chef Peter Katzenbeisser – editor do programa. Após destacar ao grupo a importância da preservação da diversidade das abelhas nativas pelo trabalho de polinização que realizam, o pesquisador apresentou à equipe a variedade de sabores dos méis, uma experimentação sensorial para reforçar a característica gourmet desses produtos.
Conforme explicou Menezes, há diversas ações em curso na Embrapa ou por associação a parceiros, como a Associação Abelha e Kombee, que visam à proteção e conservação das abelhas nativas, como a criação de colmeias para o Uber das abelhas, uma plataforma eletrônica para conectar apicultores e produtores rurais. A ideia é criar um novo mercado de aluguel de colmeias para a polinização assistida de lavouras e, com ela, elevar a produção agrícola e aumentar a qualidade dos produtos colhidos com a presença das pequenas notáveis.
Segundo Menezes, “para se atingir esse objetivo de conservação, os brasileiros precisam conhece-las, valorizá-las e utilizá-las de forma produtiva e sustentável”.
Nesse sentido, ainda destaca o pesquisador, a presença do mel das abelhas sem ferrão no MasterChef Brasil é muito importante, pois estimulará o consumo desses méis especiais e consequentemente a cadeia produtiva da meliponicultura. A atividade é desenvolvida predominantemente por agricultores familiares de regiões que ainda mantêm a floresta em pé. Ou seja, é a biodiversidade brasileira gerando renda para as pessoas, de forma efetivamente sustentável.
“Quando uma pessoa compra um pote de mel de abelha sem ferrão, não está comprando apenas um alimento saudável. Ela está ajudando a preservar a nossa biodiversidade e gerando renda para os guardiões da natureza”, disse.
Muitas espécies e uma grande variedade de sabores
Há centenas de espécies de abelhas sem ferrão em regiões tropicais e subtropicais do mundo. Possuem enorme diversidade de formas, cores e tamanhos. Ocorrem na América do Sul, na América Central, na Ásia, nas Ilhas do Pacífico, na Austrália, na Nova Guiné e na África. No Brasil há cerca de 250 espécies de abelhas indígenas sociais da tribo Meliponini, que agrupa mais de 40 gêneros diferentes, como Melipona, Trigona, Plebeia e Scaptotrigona. Popularmente são conhecidas por diversos nomes como uruçu do Nordeste, mandaçaia, mandaguari, tiúba, jandaíra, arapuá e outras. A jataí (Tetragonisca angustula) é a mais presente no estado de São Paulo e a que produz um mel muito apreciado. Mas o estado possui ainda cerca de 60 espécies diferentes, pouquíssimo conhecidas pela população, muitas delas com grande potencial econômico.
De forma distinta das Apis (européia e africanizada), os meliponínios armazenam seu mel em potes. Um produto que possui assinatura e expressa características da região, como o solo, o clima e as flores que esses insetos visitam. Todo esse conjunto termina por construir, tal qual como os vinhos e os queijos, o terroir, ou seja, a expressão única da região em que foi produzido. Cada variedade de abelha nativa também produz mel com sabor distinto. Enquanto a jataí, por exemplo, produz um mel doce e delicado, as uruçu cinza e amarela entregam um produto doce, com tons de amêndoas e corpo ácido.
O pesquisador explica que as abelhas colhem o néctar nas flores de preferência, processam os açucares com enzimas próprias e com ajuda da fermentação por microrganismos benéficos. Armazenam nas colmeias em potes, confeccionados com resinas de plantas da região. “O tipo de resina, o tempo de armazenamento e outras características, como o clima, por exemplo, são capazes de conferir blends de sabores florais, ácidos, amadeirados, notas de amêndoas ou doçura diferentes a esses méis. Tem até mel com gosto de queijo, como o da Borá, utilizado por um dos participantes do MasterChef com purê de mandioquinha. É justamente esse exotismo único que agora vai ganhando espaço na alta gastronomia”.
Para conferir a retrospectiva do “MasterChef A Revanche” clique aqui
Marcos Vicente (MTb 19.027/MG)
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