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Embrapa Hortaliças faz doação de EPI e disponibiliza laboratórios para combate à Covid-19
Foto: Cláudia Mirtes
Andréa Sousa, chefe-adjunta de Administração da Embrapa Hortaliças, entrega doações a representante da SFA/DF
A Embrapa Hortaliças (Brasília/DF) doou 3.000 pares de luvas para procedimentos, nessa segunda-feira, 06 de abril, para atender a um pedido feito pela Superintendência Federal de Agricultura no Distrito Federal (SFA/DF), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Segundo o superintendente William Barbosa, em ofício, a solicitação de equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras e luvas, visa proteger os servidores que atuam nas atividades de fiscalização, defesa e inspeção de produtos de origem animal e vegetal. Esse serviço é considerado essencial por garantir a manutenção regular do abastecimento de alimentos e a proteção dos consumidores.
“Esse é um momento de exercitar nossa solidariedade e priorizarmos o bem-estar de toda a sociedade. Sabemos que é uma pequena doação, mas é preciso somar contribuições para sermos capazes de mais rapidamente vencermos essa crise em função da pandemia”, afirma o chefe-geral da Embrapa Hortaliças Warley Nascimento.
Laboratórios de Biologia Molecular
Além da doação de materiais, a Unidade tem prestado apoio a outras ações de enfrentamento à epidemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, como a disponibilização de laboratórios e equipamentos para iniciativa coordenada pelo Ministério da Saúde. “Informamos aos órgãos de governo e de saúde pública que temos à disposição uma equipe de profissionais e laboratórios para realização de testes de identificação do vírus”, confirma Nascimento.
- Leia mais: Laboratórios do Ministério da Agricultura serão usados para analisar testes do Coronavírus
A capacidade instalada na Unidade de Pesquisa conta com três termocicladores, que são equipamentos para realização de ensaios com a técnica de RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real), distribuídos em dois laboratórios, um de Virologia e Biologia Molecular, coordenado pela pesquisadora Alice Nagata e pelo analista Erich Nakasu, e outro de Biologia Molecular, conduzido pela pesquisadora Maria Esther Boiteux.
A aplicação prática do uso de PCR na pesquisa agrícola é bem ampla. “Podemos utilizar essa técnica tanto para detecção e identificação de pragas e doenças quanto para verificação da expressão e clonagem de genes de interesse para a agricultura”, exemplifica o biólogo Erich Nakasu, ao acrescentar que muitos marcadores moleculares utilizados em programas de melhoramento genético para desenvolvimento de novas cultivares, mais resistentes e produtivas, são baseados em PCR.
Os três equipamentos RT-PCR da Embrapa Hortaliças possuem modelos e marcas diferentes e a quantidade de análises processadas por dia, para testes de Covid-19, vai depender do protocolo a ser seguido e do regime de trabalho, mas se estima que possa variar de 48 a 96 análises diárias por equipamento. “Nós aguardamos mais detalhes e definições sobre como esse apoio laboratorial vai ocorrer, mas já estamos com nossas equipes mobilizadas para pronto atendimento assim que formos acionados”, conclui Nascimento.
Na última quinta-feira (2), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) a realizarem análises para o diagnóstico da Covid-19. A rede de laboratórios é coordenada pelo Ministério da Agricultura, que informou que os laboratórios ainda aguardam a destinação de insumos, como reagentes, para iniciar os testes.
Em nota, o Ministério disse que “a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa valerá, em princípio, por seis meses, mas pode ser renovada enquanto reconhecida pelo Ministério da Saúde a emergência relacionada à pandemia do novo coronavírus. Também há previsão da utilização de laboratórios da Embrapa, o que deve ocorrer em uma segunda etapa”.
No total, a Embrapa disponibilizou 47 laboratórios de suas Unidades de Pesquisa para a realização de testes da Covid-19, o que se refere à capacidade de fazer 43 mil análises de amostras por dia.
SAIBA MAIS: O que é um termociclador?
Termociclador é um equipamento que automatiza o processo de amplificação de uma sequência específica de DNA a partir de uma pequena amostra. A multiplicação de materiais genéticos foi fundamental para o desenvolvimento de novas pesquisas no campo da Biologia Molecular.
A PCR automatizada foi desenvolvida em 1983, pelo bioquímico americano Kary Mullis. Esse equipamento possui um bloco térmico com orifícios onde tubos com as amostras e reagentes são inseridos. O termociclador eleva e reduz a temperatura do bloco em ciclos de tempo pré-programados, permitindo a multiplicação em massa de moléculas de DNA com a ajuda da enzima Taq DNA polimerase e de primers, pequenos pedaços de DNA que servem para iniciar a reação, atingindo grandes quantidades de DNA após alguns ciclos do processo.
Esse avanço da tecnologia do DNA permitiu o diagnóstico mais rápido e seguro de algumas doenças. Exames tradicionais para detectar a tuberculose, por exemplo, que antes levavam cerca de três semanas, passaram a levar apenas dois dias. Testes com respostas negativas passaram a apresentar resultados positivos. A sensibilidade dessa técnica é alta: ela é capaz de identificar a presença de material genético em pequena quantidade e permitir a quantificação de parasitos em amostras, ainda que sejam muito escassas.
A aplicação da PCR de forma automatizada permitiu o esclarecimento das características genéticas do Trypanossoma cruzi, parasita causador da doença de Chagas, da leishmaniose, da hanseníase e da febre amarela, contribuindo diretamente para o desenvolvimento de novas formas de tratamento e diagnóstico dessas doenças.
Fonte: Museu da Vida – Fiocruz
Paula Rodrigues (MTB 61.403/SP)
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