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18/03/21 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Especialistas analisam aprimoramento de modelos para estimativas de emissões de metais pesados e fósforo para a ICVCalc Embrapa

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Em 11 de março, das 9 às 15h40, uma equipe de especialistas envolvidos nos temas ciências do solo, modelagem ambiental e avaliação de ciclo de vida (ACV), reuniu-se em workshop on-line para discutir o aprimoramento da ICVCalc, ferramenta em desenvolvimento pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e parceiros para compor inventários do ciclo de vida de produtos agropecuários brasileiros.

O chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, abriu o evento e agradeceu a todos por aceitarem discutir o tema, analisando modelos para estimar emissões de metais pesados e fósforo dos sistemas agropecuários para os compartimentos ambientais, em estudos de ACV.

Em seguida, a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Marília Folegatti, uma das coordenadoras do workshop, enfatizou que atualmente há muitas limitações para o uso desses modelos em estudos de ACV, considerando que foram originalmente propostos para países de clima temperado. “Assim, neste momento, nosso maior desafio é ter uma boa representação dos processos biofísicos para as condições da agricultura brasileira, o que passa pela adaptação dos modelos para estimativa de emissões de metais pesados e de fósforo para água superficial, subterrânea e solo”.

As seguintes questões foram apresentadas pelos moderadores do workshop – Nilza Patrícia Ramos, Adriana Pires e Cristiano Andrade, também pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente: "Dos modelos apresentados, algum é adequado para uso nas condições tropicais?” “Caso algum modelo nos sirva, há necessidade de ajuste(s)?" "Existe risco de grave distorção ao se utilizar modelos ajustados?” “Se nenhum modelo é adequado, como se chegar a uma solução satisfatória?”

Vale ressaltar que estudos de ACV já envolvem a coleta de grandes volumes de dados, sendo assim, é preferível a adoção de modelos relativamente simples, que não demandem parâmetros excessivos para representar adequadamente o comportamento desses elementos no ambiente.

O bolsista da Embrapa Meio Ambiente Fernando Henrique Cardoso apresentou quatro modelos, previamente selecionados da literatura, para estimar emissões de metais pesados para os compartimentos ambientais, destacando as principais diferenças em relação aos insumos/fontes desses potenciais poluentes, assim como em relação à partição nos compartimentos ambientais.

Após rodada de posicionamento dos especialistas e discussão dos principais aspectos dos modelos para metais pesados, os seguintes resultados podem ser destacados:  possibilidade de uso do termo “elementos potencialmente tóxicos” em função do amplo uso na literatura científica internacional, embora o termo “metais pesados” comunique melhor ao público sobre os riscos associados a esses elementos; identificação dos principais insumos e metais para consideração quanto às emissões pela agricultura brasileira; consideração da ocorrência de lixiviação de metais pesados em solos de textura arenosa e média, o que pode ser tratado regionalmente no país; consideração de aspectos físico-hídricos dos solos, além da classificação dos mesmos; uso de informações técnico-científicas nacionais para aprimoramento dos coeficientes e fatores para os modelos de emissão e desconsideração, neste momento, da deposição atmosférica de metais pesados como forma de entrada desses elementos no ambiente agrícola.

Na sequência do workshop, no período da tarde, Natalia Crespo Mendes, também bolsista da Embrapa Meio Ambiente, apresentou quatro modelos de emissões de fósforo, previamente selecionados da literatura, à semelhança do que foi feito para os metais pesados. Foram destacados os parâmetros que compõem os cálculos de perda de fósforo/fosfato para águas subterrâneas por lixiviação e para águas superficiais por escoamento, drenagem e erosão do solo. Em seguida, Joaquim Ayer apresentou as condições para cálculo da erosão hídrica a partir da equação universal de perdas de solos para o Brasil.

Novamente, os especialistas contribuíram em suas competências, abordando questões de conservação do solo, dinâmica do fósforo no ambiente, classificação de solos, etc., de forma que os seguintes resultados são destacados: menor volume de informações disponíveis na literatura nacional sobre movimentação e transferências de fósforo no ambiente, comparativamente aos metais pesados; emissão de fósforo para águas superficiais via drenagem pouco representativa para condições nacionais; uso da equação universal de perda de solo é adequado para o nível de tratamento da ACV;  não dissociar emissões de fósforo via erosão e emissões de fósforo via escoamento de água superficial; não negligenciar a possibilidade de emissões de fósforo por lixiviação em solos de textura arenosa e média, inclusive a partir de fontes inorgânicas desse nutriente (hoje os modelos consideram somente fontes orgânicas de fósforo); explorar alguns resultados de pesquisas nacionais relacionados à partição do fósforo orgânico no ambiente, à aplicação de fertilizante fosfatado em superfície (prática crescente no país) e ao uso de conceitos como limite crítico e/ou adsorção máxima de fósforo no solo, visando o aprimoramento dos modelos; aplicar os modelos de emissão de fósforo para alguns estudos de caso, como forma de avaliação do desempenho desses modelos e avaliar a questão de oxirredução e consequente disponibilização do fósforo emitido via erosão após alcançar corpos d’água, uma vez que o impacto de eutrofização somente ocorre pela disponibilização desse fósforo, que talvez não seja proporcional à transferência entre os compartimentos considerados.

Marília enfatizou que os consensos gerados nesse encontro podem influenciar a metodologia utilizada na ACV para atividades agropecuárias e florestais em regiões de clima tropical e subtropical.

Também compôs a comissão organizadora do evento a analista da Embrapa Meio Ambiente Anna Letícia Pighinelli. Contribuíram com as discussões especialistas da Embrapa Agroindústria Tropical, Embrapa Cerrados, Instituto Agronômico (IAC), Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/USP, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Universidade Federal de Lavras e Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente

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