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Celebração dos 45 anos da Embrapa Acre destaca tecnologias para o setor produtivo
Na sexta-feira, 9 de julho, a Embrapa Acre celebra 45 anos de atuação no Estado, com uma live em que reúne colaboradores em geral, representantes de instituições parceiras, parlamentares e produtores rurais. O evento on-line inicia às 9 horas (11 horas de Brasília) e contará com depoimentos de diferentes parceiros sobre como as tecnologias da Empresa têm contribuído para a melhoria do setor produtivo acreano, lançamento de publicações técnicas, destaque de tecnologias e atividades culturais. Aberta ao público, a live será transmitida pelo canal da Embrapa no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=vSZB0gRRvJQ).
Criada em 1976 e transformada em Centro de Pesquisa com foco regional em 1992, a Embrapa Acre trabalha para gerar tecnologias e conhecimentos científicos para o uso sustentável dos recursos naturais, planejamento territorial estratégico do estado, desenvolvimento e adequação de sistemas de produção usuais na Amazônia e agregação de valor à produção agropecuária e florestal brasileira.
“Nessa trajetória de mais de quatro décadas, as tecnologias disponibilizadas têm permitido o aproveitamento racional de recursos florestais madeireiros e não madeireiros e dos solos da região, a recuperação de áreas degradadas e de preservação permanente, a manutenção de reserva legal, o uso de práticas agrícolas conservacionistas e o planejamento de uso da terra, de acordo com aptidões regionais. Os investimentos em pesquisas contribuíram para o aumento da produtividade e diversificação da produção agropecuária e para a melhoria do segmento agroindustrial, da atividade florestal e comercialização da produção local”, pontua o chefe-geral, Eufran Amaral.
Destaques
Além de abordar a contribuição das ações da Embrapa para o desenvolvimento do Acre, o evento comemorativo destacará a interação da pesquisa com produtores rurais de diferentes segmentos (agricultura familiar, pecuária, agroindústria e povos indígenas), que vão compartilhar experiências exitosas com as tecnologias da empresa.
Entre os destaques tecnológicos apresentados está o lançamento do Sistema de Produção de Maracujá, em formato on-line, que reúne conhecimentos técnicos sobre a cultura. O pesquisador Romeu de Carvalho Andrade, um dos autores da publicação, abordará os diferentes aspectos do sistema e particularidades da cultura.
“O maracujazeiro é uma planta que necessita de cuidados específicos para garantir bons resultados na produção. Procedimentos como o preparo do solo, adubação, podas, polinização manual, controle de pragas e doenças e uso da irrigação são importantes para o sucesso dos cultivos. Com o uso de técnicas adequadas é possível produzir o ano todo. A obra vai auxiliar produtores rurais, técnicos e extensionistas, concentrando em um só lugar informações essenciais para as diferentes etapas da produção comercial”, afirma.
Foto: Fabiano Estanislau
Tecnologias para a sociedade
Ao longo de 45 anos a Embrapa entregou à sociedade uma gama de ativos tecnológicos que impulsionaram as atividades produtivas e o desenvolvimento local e regional, possibilitaram ampliar a oferta de alimentos e contribuíram para gerar trabalho e renda no campo e na cidade. Entre essas tecnologias destacam-se diferentes cultivares de mandioca, abacaxi e maracujá adaptadas ao clima e solo da região, variedades de banana resistentes a doenças, cafés clonais, gramíneas resistentes ao encharcamento do solo e consórcios de pastagens com leguminosas entre outras tecnologias acessíveis a produtores rurais com diferentes perfis econômicos.
“No caso específico da pecuária, a adoção em larga escala de gramíneas adaptadas e de consórcios de pastagens com leguminosas, principalmente o amendoim forrageiro, entre outras tecnologias recomendadas pela pesquisa, permitiu aumentar a capacidade de suporte das pastagens de uma para até três Unidades Animal por hectare (UA/ha) em propriedades rurais da região”, diz o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Jackson Rondinelli, que enfatiza também que esse resultado evitou a incorporação de novas áreas aos sistemas produtivos, aspecto que contribuíu para a conservação da floresta.
As pesquisas da Embrapa também viabilizaram tecnologias que ajudaram a tornar o setor florestal mais produtivo e sustentável, incluindo o Modelo Digital de Exploração Florestal (Modeflora) e metodologias para uso de drones no inventário florestal, essenciais para viabilizar o Manejo 4.0, conceito que preconiza a automação da atividade, processo ainda em curso no País.
Apoio a políticas públicas
Principal instituição de pesquisa do País, a Embrapa desempenha papel estratégico no desenvolvimento nacional. No contexto do Acre, a localização na Amazônia e em região de fronteira favorece o desenvolvimento de pesquisas mais focadas no uso sustentável de produtos da biodiversidade regional, trabalho baseado em temas prioritários para o setor produtivo e alinhado a demandas locais e regionais e que buscam viabilizar o apoio a políticas públicas em áreas convergentes com a atuação da Empresa.
Amaral explica que além de melhorar a produção no Estado, proporcionar melhor gestão do uso da terra, dos recursos naturais e melhoria da qualidade de vida dos produtores acreanos, os conhecimentos, tecnologias e informações geradas pela pesquisa científica também contribuíram para apoio à formulação e implementação de planos, diretrizes, projetos técnicos e ações gerenciais que compõem políticas públicas para os setores agropecuário, florestal e agroindustrial que visam ao aumento da produtividade das culturas e redução das queimadas na região. “Entre essas políticas destacam-se os Planos Agrícolas municipais, o Plano de Mitigação e Adaptação a Mudanças Climáticas, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático para diferentes culturas e o Zoneamento Pedoclimático”, destaca.
Nesse processo, foi necessário que a Embrapa se integrasse a diferentes instâncias encarregadas de discutir e avaliar a formulação e execução de políticas públicas para desenvolvimento do estado, sempre em articulação com outras instituições de pesquisa, inovação e ensino. “Temos representantes no Fórum Permanente de Desenvolvimento do Acre, nas Câmara Técnicas do Agronegócio e de Tecnologia e Inovação, no Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Florestal e outros espaços de diálogo coletivo”, complementa Rondinelli.
Atuação na pandemia
Localizada no município de Rio Branco, a Embrapa Acre possui um campo experimental com 1,2 mil hectares, sendo 220 hectares destinados à pesquisa agropecuária e 980 hectares de floresta primária onde acontecem estudos sobre manejo de recursos madeireiros e não madeireiros, além de um escritório de transferência de tecnologias no Juruá, sediado em Cruzeiro do Sul. Com uma ampla carteira de projetos, a instituição desenvolve pesquisas em cinco linhas temáticas (pecuária, floresta, fruticultura, solos e agricultura), sob diferentes enfoques, associando a ações de transferência de tecnologias.
Atualmente, 110 empregados compõem o quadro funcional da Unidade (44 analistas, 30 pesquisadores, 27 assistentes e 9 técnicos). Em função dos riscos de contaminação pelo coronavírus, esse cotingente atua em regime de teletrabalho e em revezamento no trabalho presencial que inclui gestores, profissionais dos setores de Laboratório, Campo Experimental e áreas administrativa e de transferência de tecnologias. “Nesse contexto de pandemia, tivemos que reformular o planejamento e adequar processos e rotinas para permanecer ativos e garantir a continuidade do trabalho nas diferentes áreas”, afirma Amaral.
Desafios futuros
Embora o setor produtivo, em âmbito local e regional, contabilize avanços significativos proporcionados pelo uso de tecnologias disponibilizadas pela Embrapa, o atual contexto de inovação impõe diferentes desafios para a pesquisa científica, especialmente em relação ao aumento da eficiência produtiva dos sistemas agropecuários, conciliando desenvolvimento das atividades com conservação ambiental.
De acordo com Amaral, nos próximos anos o foco de atuação da Embrapa Acre será a ampliação de conhecimentos sobre os recursos naturais do Estado, com inteligência territorial, e o avanço tecnológico nos sistemas de produção regionais para agregar valor à produção nos diferentes segmentos. Além disso, é necessário investir em novos estudos para viabilizar a prestação de serviços ambientais e, dessa forma, contribuir para a mitigação e adaptação dos efeitos das mudanças climáticas.
“Entre as estratégias para alcançar esses objetivos está o uso de sistemas mais integrados e intensivos e o fortalecimento de ações de pesquisa e transferência de tecnologias, com base em novas abordagens metodológicas. Outro caminho é a consolidação de novas parcerias com foco na segurança alimentar de comunidades tradicionais e ribeirinhas e apoio a estratégias de formulação de políticas públicas para melhoria da produtividade e da sustentabilidade da agricultura no Acre”, finaliza o gestor.
Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
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