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07/10/21 |   Produção vegetal

Projeto de tropicalização da canola apresenta resultados promissores

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Foto: Irene Santana

Irene Santana - Reunião técnica apresentou os resultados da primeira fase do projeto Procanola

Reunião técnica apresentou os resultados da primeira fase do projeto Procanola

Os resultados da primeira fase do projeto da Procanola, desenvolvido pela Embrapa Agroenergia em parceria com produtores rurais da Cooperativa Agrícola do Rio Preto (Coarp/DF), foram apresentados nesta quarta-feira, 6/10, durante reunião técnica no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa. O projeto tem como objetivo tropicalizar a canola e adaptar o seu sistema de cultivo à região central do Brasil.

O pesquisador e chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, apresentou resultados otimistas sobre a produtividade da canola plantada no DF.

“Alcançamos uma produtividade média de 2 mil kg/ha, valor acima da média brasileira, que é de 1.400 kg/ha”, comemorou. Um detalhe importante mencionado pelo pesquisador foi o baixo índice pluviométrico do plantio à colheita, apenas 70 mm ao todo, cerca de 20% do que a literatura diz ser necessário para um bom desenvolvimento do cultivo. 

“Todos os livros sobre canola afirmam que a cultura requer entre 300 e 350 mm para se desenvolver bem”, disse Bruno, que atribuiu a excelente produtividade alcançada à capacidade da planta de acumular o orvalho noturno e fazer a recomposição hídrica. Das três variedades plantadas (Diamond, Nuola 300 e Hyola 433), os dados obtidos mostraram que a cultivar Nuola 300 foi a que melhor se adaptou ao Distrito Federal, alcançando excelente cobertura de solo, principalmente em cultivo irrigado.  

Laviola atribuiu o sucesso alcançado principalmente à etapa de semeadura, considerada pelo pesquisador como uma das mais importantes. “Será publicado em breve o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a canola, o que ajudará o produtor a plantar no período ideal e aumentar as chances de sucesso na hora da colheita”, disse.

Além disso, a Embrapa Agroenergia prepara para o próximo ano o lançamento do aplicativo MaisCanola, que permitirá ao produtor fazer o acompanhamento virtual de todas as etapas do cultivo, do plantio à colheita. “O aplicativo vai levar informações técnicas essenciais e auxiliará o produtor a fazer o preparo da área, a semeadura e o monitoramento da planta. Também poderão ser inseridos dados sobre cultivo e colheita, o que permitirá à Embrapa adaptar o sistema de cultivo às condições e necessidades reais dos produtores”, explica Laviola.

Relato dos produtores

Os produtores Ítalo Meotti e Flávio Benetti, associados à Coarp, compartilharam com o público presente as experiências com o cultivo da canola. Foram realizados plantios experimentais em cerca de 106 ha de cinco produtores da região do Rio Preto, localizada em Planaltina - DF. Além de selecionar três tipos de variedades comerciais para o plantio, a Embrapa Agroenergia validou o sistema de produção junto aos produtores.

Tanto Meotti quanto Benetti consideraram a cultura de fácil manejo, mas ressaltaram a necessidade de fazer adaptações no momento da colheita, para evitar a perda de rentabilidade. Meotti diz que se surpreendeu com os resultados alcançados. “No DF a planta se desenvolveu muito bem em um ano de altíssima deficiência hídrica”, afirmou.

O presidente da Cooperativa Agrícola do Rio Preto (Coarp), Valter Baron, disse que a canola está sendo trazida para a região central do País da maneira correta, com organização, acompanhamento técnico e suporte aos agricultores. “Nós já estamos produzindo mais que o Sul do Brasil, graças à dedicação da equipe da Embrapa, orgulho nacional. A canola será de grande importância como alternativa de cultivo safrinha no Centro-Oeste”, acredita. 

No evento, estiveram presentes o diretor de Cadeias Produtivas do Mapa, Alexandre Barcellos; o secretário de Agricultura do DF, Cândido Teles de Araújo; o superintendente Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do DF (substituto), Carlos Alberto Ferreira; a diretora de Desenvolvimento Rural do DF, Andrea Perez e o assessor da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, Willian Barbosa. 

As atividades de pesquisa do projeto Procanola contam com o aporte financeiro de cerca de R$680 mil da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento e Irrigação do Ministério da Agricultura (SDI/Mapa), via Termo de Execução Descentralizada (TED). Para Alexandre Barcellos, o Mapa alocou recursos nas mãos certas. “Felizmente alocamos o recurso nas mãos de quem tinha a oportunidade de fazer. Já vislumbro o impacto que a produção de canola pode trazer para o setor produtivo, um valor agregado que garante grande potencial de expansão dentro do Cerrado”, disse. 

Cândido Araújo, secretário de Agricultura do DF, também demonstrou otimismo com o plantio da canola no Centro-Oeste. “A canola vai tomar conta do Cerrado como a soja tomou. Os resultados apresentados são altamente promissores”, avaliou.

Mercado da canola e perspectivas futuras 

O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Canola (Abrascanola), Vantuir Scarantti, fez uma apresentação sobre as oportunidades do mercado de grãos, óleo e torta de canola no Brasil. Ele afirmou que o Brasil tem condições de dobrar ou até mesmo triplicar a produção de canola, já que possui área para o cultivo e capacidade de processamento instalada. 

Scarantti ressaltou a forte liquidez do produto no mercado interno e externo. “Temos um grande apelo para aumentar a produção, especialmente do farelo. Este ano o Canadá teve um grande período de seca, o que resultou em escassez do produto no mercado mundial. Toda hora recebemos demanda e por isso esperamos que, com a força das cooperativas, possamos ter em 2030 pelo menos 500 mil hectares de canola plantados no Brasil”, disse.

Ainda sobre o panorama mundial da canola, Scarantti informou que atualmente as maiores produtividades são obtidas pela União Europeia (3.240 kg/ha), Ucrânia (2.700 kg/ha) e Canadá (2,270 kg/ha). O Brasil aparece em quarto lugar, com média de produtividade de 1.600 kg/ha. 

“Hoje o Canadá é o maior exportador e o Japão, o maior importador de canola no mundo. O Brasil só produz metade da demanda mundial de consumo, sendo 58% de farelo e 36% de óleo”, disse Scarantti, um indicativo de que há um grande potencial de crescimento para a cultura da canola no País.

Sobre a canola

A canola (Brassica napus L. e Brassica rapa L.) é uma espécie oleaginosa, da família das crucíferas (mesma do repolho e das couves), e é a terceira planta oleaginosa mais produzida no mundo, atrás da palma de óleo e da soja. Os grãos de canola produzidos no Brasil possuem de 38 a 40% de óleo, ou seja, o dobro do que produz a soja.  É um dos óleos com maior percentual de Ômega 3, cerca de 11%, podendo ser utilizado para consumo humano, produção de biodiesel ou ração animal. Atualmente, o valor de mercado do óleo de canola é equivalente ao da soja. 

Irene Santana (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia

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