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14/06/22 |   Biodiversidade

Fitopatologia desencadeou controle biológico, método que mais cresce no Brasil

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Na 42º edição do Congresso Paulista de Fitopatologia na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), de 14 a 15 de setembro de 2022, será explorado unicamente o tema controle biológico de doenças de plantas. A Fitopatologia, apesar de estar em grande evidência no mundo, surgiu em 1853, num período que foram descritos muitos agentes microbianos causadores de doenças de plantas, dentre eles o causador da requeima da batata, doença responsável pela epidemia de fome na Irlanda, que matou quase 2 milhões de pessoas e levou mais um milhão de irlandeses à emigração.  

Esse patógeno foi descrito pelo médico alemão Heinrich Anton de Bary, que também detalhou o seu ciclo e deu o nome Phytophthora infestans, cujo binômio é considerado até hoje. De acordo com Edson Luiz Furtado, o professor de Fitopatologia da Unesp de Botucatu, por esse feito e pelo conjunto de sua obra de Bary é considerado o “Pai da Fitopatologia”. 

Furtado explica que essa descoberta foi antes da quebra da teoria da geração espontânea, feito grandioso levado a cabo por Pasteur, em suas pesquisas na França em 1860. Teoria essa que constituía um forte empecilho ao desenvolvimento da medicina e também da fitopatologia. Outro evento grandioso desta época foi a descoberta das bactérias causando doenças em plantas.

No Brasil, em 1869, o alemão Draenert descobriu uma doença em cana-de-açúcar, na Bahia, causada por bactéria. Por ultimo, foram descobertos os vírus, considerados como contagium vivum fluidum ou fluído vivo contagioso, por Beijerinck, em 1898, na Holanda, e ganharam forma e puderam ser desvendados em sua morfologia e constituição somente após o advento do microscópio eletrônico de transmissão, em 1936, na Alemanha. 

Ainda de acordo com Furtado, o controle químico das doenças de plantas foi descoberto na França, por Millardet, em 1882, com a calda bordalesa. Desta forma, os primeiros fitopatologistas formaram escolas em diferentes lugares e seus discípulos e os discípulos destes que formaram outros, propagaram este conhecimento aos quatro cantos da Terra.

"Mais recentemente, o controle biológico de doenças de plantas passou a ser desenvolvido e, atualmente, é o método de controle que mais cresce no Brasil", destaca Wagner Bettiol, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e coordenador do Congresso.

No Brasil, estes conhecimentos chegaram com a vinda de pesquisadores americanos e europeus, como Averna-Sacca, Edwin Honey e Albert Miller, para lecionarem nas escolas de Agronomia, em 1929, e ou trabalharem nos institutos de pesquisa. Em 1966, foi criada a Sociedade Brasileira de Fitopatologia e, em seguida, o Grupo Paulista de Fitopatologia (presidido atualmente por Furtado), com seus congressos e os periódicos Fitopatologia Brasileira, atual Tropical Plant Pathology, e Summa Phytopathologica, editados até hoje.

Desta forma, as técnicas de diagnose, aliadas às descrições e estudos do agente etiológico, formas de manejo e sua aplicação são os passos principais para a redução dos danos provocados pelas doenças em diferentes setores agrícolas e florestais. Os danos causados são da ordem de 30%, em média, nas diferentes culturas, afirma Furtado. Ou seja, quase um terço da produção mundial de alimentos seria perdida sem chegar à mesa dos consumidores, se não fosse essa ciência. Desta época até os dias de hoje não dá para enumerar as descobertas, nas diferentes áreas desta ciência: etiologia, epidemiologia, controle e manejo em diferentes patossistemas.

Diante da expansão da fronteira agrícola brasileira, comércio de forma globalizada, extensão de nossas fronteiras, diversidade agrícola, monocultivo e as mudanças climáticas, novos microrganismos patogênicos às lavouras estão adentrando no país, explica o professor Furtado. Além disso, com as modificações do clima e o uso larga escala do controle químico, assistimos eventos de patógenos secundários se tornarem importantes e danosos, comenta Bettiol.

No 42º Congresso Paulista de Fitopatologia você terá oportunidade de participar de uma ampla discussão sobre controle biológico de doenças de plantas.

As inscrições podem ser feitas no site do evento.

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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Mais informações sobre o tema
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