O objetivo do projeto é quantificar e estimar fluxos de gases de efeito estufa (CH4, N2O) em sistemas de produção agrícola na região Sudeste do país, avaliando ao mesmo tempo práticas mitigadoras, fornecendo bases científicas para a modelagem de cenários de gases de efeito estufa.

Os principais gases de efeito estufa relacionados ao setor agrícola são, principalmente, o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). O metano é um importante gás de efeito estufa, apresentando um potencial de aquecimento de 21 vezes o do CO2 e vida útil de 14 anos na atmosfera num horizonte de 100. Entre as fontes antrópicas que o produzem está o cultivo de arroz irrigado por inundação. Vários estudos foram realizados no âmbito do Projeto Agrogases e Carboagro para quantificar fatores de emissão sazonais de metano no Sul e Sudeste do país. Entretanto, na região Sudeste os experimentos foram realizados com sistemas de transplantio. Recentemente, tem sido adotado mais o cultivo pré-germinado, cujo sistema tende a produzir maiores taxas de metano, conforme mostram os experimentos realizados em Itajaí, SC. O projeto prevê a avaliação de emissões de metano em sistema pré-germinado no Vale do Paraíba. O óxido nitroso é um gás traço reconhecido por seu papel no aquecimento global e na destruição da camada de ozônio na estratosfera, que protege a biosfera dos efeitos danosos da radiação ultravioleta solar. Do total de emissões de origem antrópica a agricultura é responsável por 70% das emissões do gás, incluindo culturas agrícolas e pecuária. Dados de literatura sobre medidas de fluxos de N2O em regiões de clima tropical encontram-se ainda muito restritos. Há evidências, entretanto, de que as emissões de N2O são baixas em sistemas de pastagem extensiva, devido ao aporte de dejetos animais com grande quantidade de fibras e baixo teor de compostos de nitrogênio, e relativamente menor uso de fertilizantes nitrogenados quando comparado a sistemas de manejo intensivos. A importância de se quantificar emissões de gases de efeito estufa em condições tropicais reside no fato de que muitas vezes as estimativas nacionais e mesmo estaduais podem estar superestimadas pela não disponibilidade de dados específicos para o país. Além disto, estes dados podem refletir no programa de metas assumidas recentemente pelo país para a redução das emissões de gases de efeito estufa, além de melhorar as incertezas dos inventários produzidos em escala nacional e regional.