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Tecnologia muda vida de agricultores na África
Uma tecnologia simples e barata está começando a mudar a vida de pequenos agricultores de Uganda, na África Central. É o carneiro hidráulico, uma bomba que ajuda nos sistemas de irrigação de pequenas propriedades a um custo muito baixo.
As bombas estão sendo fabricadas e instaladas através de um projeto de desenvolvimento e transferência de tecnologia conduzido pela Embrapa Meio-Norte e o AEATREC , o instituto de pesquisa e desenvolvimento agrícola de Uganda.
Além de incentivar a irrigação em pequenas propriedades, facilitando a produção de alimentos a baixo custo, a tecnologia, segundo o pesquisador César Nogueira, da Embrapa Meio-Norte, é "verde, porque não usa combustível fóssil e nem energia elétrica". A operacionalização da bomba, garante ele, contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa.
Nessa primeira fase, o projeto prevê a implantação de 100 unidades de sistemas de irrigação em pelo menos 200 hectares, beneficiando dezenas de famílias. Serão montadas unidades piloto em pontos estratégicos do país, onde os agricultores serão treinados para fabricar e utilizar o modelo. "Esse é o primeiro passo para que, no futuro próximo, os agricultores adotem sistemas de irrigação mais avançados", diz César Nogueira.
Os agricultores estão sendo treinados também na fabricação da bomba, instalação e manutenção de todo o sistema de irrigação. No trabalho de investigação científica, os pesquisadores estão podendo acompanhar de perto a evolução do cultivo sob irrigação em áreas historicamente onde não há o uso do sistema. "Assim, encontraremos o indicador de sucesso desse projeto", prevê o pesquisador.
Financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, com um orçamento de US$ 80 mil, o projeto começou a ser desenvolvido em janeiro de 2013 e terá duração de dois anos.
O carneiro hidráulico no dia a dia
A gênese do carneiro hidráulico, também conhecido como bomba de aríete, balão de ar ou burrinho, foi em 1796, pelo cientista francês Jacques E. Montgolfier. Máquina de elevação de água com energia própria, toda fabricada em aço, é simples e muito eficaz no abastecimento de água na agricultura e pecuária. No Brasil, ela é muito usada nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. A versão mais simples, fabricada em ferro fundido, custa em torno de R$ 300,00.
O nome carneiro hidráulico vem do som que surge na bomba quando acontece o "golpe de aríete", semelhante ao choque de cabeças entre ovinos em luta. Trabalhando de forma ininterrupta durante 24 horas, todo dia, após a instalação, o carneiro hidráulico possui duas limitações de uso, segundo o pesquisador.
A primeira, é a condição topográfica, onde é necessário que a fonte de água – geralmente um riacho -, tenha um desnível acentuado no leito, permitindo que a tomada da água fique na parte mais alta e a bomba instalada a pelo menos dois metros de desnível.
A segunda limitação, de acordo com César Nogueira, é que apenas uma fração da água é aproveitada. Ou seja: no máximo um terço da vazão disponível pode ser elevada pelo sistema.
O funcionamento então segue um rito, como explica o pesquisador: "E no momento que a água atinge uma velocidade elevada, a válvula de descarga fecha-se rapidamente, gerando o golpe de aríete, e dando origem a uma sobrepressão, possibilitando a elevação de uma parte da água que nele penetra a uma altura superior àquela de onde a água vem, sem precisar de força externa, usando apenas uma pequena queda hidráulica".
Um país em desenvolvimento
Com uma população estimada em 2013 de 34 milhões de habitantes, a República de Uganda é o segundo país mais populoso do continente africano sem litoral. Ele faz fronteira a leste com o Quênia, a norte com o Sudão do Sul, a oeste com a República Democrática do Congo, a sudoeste com Ruanda e a sul com a Tanzânia.
O café, chá e o pescado são a base da economia da República de Uganda e os principais produtos de principais exportações. O país promoveu algumas reformas econômicas e o crescimento tem melhorado nos últimos anos. Uganda tem grandes recursos naturais, incluindo solos férteis, chuvas regulares e depósitos minerais de cobre e cobalto. O país tem grandes reservas de petróleo bruto e gás natural, em grande parte sem exploração.
Fernando Sinimbu (654 MTb/PI)
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