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Resultados de pesquisas com cana-de-açúcar são apresentados em usina
Pesquisadores da Embrapa Cerrados (Brasília, DF) participaram, na última terça-feira (19), da 3ª reunião de apresentação de resultados preliminares dos experimentos em sistemas de produção de cana-de-açúcar no Cerrado, realizados no âmbito da parceria técnica com a Usina Jalles Machado, em Goianésia (GO). O encontro foi realizado na sede da empresa e contou com a presença do corpo técnico da usina.
O diretor-presidente da Jalles Machado, Otávio Lage Filho, agradeceu à Embrapa Cerrados pela parceria. "É uma possibilidade de aprendermos muito. Que a gente possa solidificar, desenvolver e aumentar essa parceria", afirmou. "Nossa orientação máxima é estar junto com o setor produtivo. O que vai dar sustentabilidade serão os resultados obtidos com as pesquisas. E a vantagem de estarmos aqui é que podemos validar em escala os resultados dos experimentos e acelerar a transferência de tecnologia", disse o chefe-geral da Embrapa Cerrados, José Roberto Peres.
Fundada em 1980, a Jalles Machado colheu a primeira safra de cana em 1983. A área plantada da matriz (sem considerar a Unidade Otávio Lage) é de 35 mil hectares, com estimativa de moagem para a safra 2015/16 de 2,7 milhões de toneladas de cana. Nas duas unidades, o total estimado é de 4,4 milhões de toneladas.
Experimentos
Os pesquisadores Marcos Aurélio Carolino, João de Deus dos Santos Jr. e Vinicius Bufon fizeram as apresentações técnicas dos resultados de 2014 dos trabalhos conduzidos na área da usina.
Carolino falou do experimento sobre manejo sustentável da palhada de cana-de-açúcar para otimização da produção de energia. Com o objetivo de determinar a quantidade de palhada a ser mantida no campo para garantir a sustentabilidade do sistema de produção da cana em diferentes regiões do País, o trabalho faz parte de um projeto envolvendo cinco unidades da Embrapa, o Instituto Agronômico (Campinas, SP) e a Universidade Estadual de Londrina, e é um dos 12 experimentos em rede. O pesquisador destacou as utilidades da palha para conservação de água no solo, na geração de energia termelétrica (co-geração) e a produção de matéria-prima para o etanol de segunda geração (lignocelulósico).
O experimento foi implantado em outubro de 2012. Após o primeiro corte da cana, estão sendo estudados o efeito na produtividade dos colmos, na produção de açúcar, nos níveis de macro e de micronutrientes (a partir de análises foliares) e na retenção de água da irrigação em função da quantidade de palha deixada no solo. "Como observado nos demais experimentos da rede, a manutenção da palha favorece a disponibilidade de água no solo. Mas a retirada da palha não afetou a produtividade de colmos e açúcar", explicou Carolino, lembrando que os dados apresentados são preliminares.
Os trabalhos sobre manejo da fertilidade do solo para plantio da cana-de-açúcar foram apresentados por João de Deus. Os experimentos foram iniciados em novembro de 2012. Um deles está avaliando a eficiência agronômica de quatro fontes alternativas (agrominerais silicáticos) de potássio em relação à fonte padrão, que é o cloreto de potássio. "Nossa ideia é usar uma fonte alternativa de potássio pensando no sistema de produção orgânico de cana-de-açúcar", explicou o pesquisador.
Outro experimento está verificando a eficiência de fertilizantes organominerais (FOM) em relação aos fertilizantes convencionais. Modos de aplicação (sulco de plantio e lanço incorporado) também são avaliados no experimento. O FOM é um produto resultante de uma mistura física ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos. Os demais testes avaliam o manejo da adubação fosfatada em Sistema de Plantio Direto de cana-de-açúcar; a resposta da cultura a diferentes doses de gesso agrícola; e o manejo da acidez do solo no plantio direto da cana. Os pesquisadores Thomaz Rein e Djalma Martinhão trouxeram mais detalhes e dados sobre os experimentos e técnicas utilizadas.
Cana irrigada
Os resultados dos trabalhos com desenvolvimento de sistemas de produção de cana-de-açúcar irrigada, iniciados em 2011, foram apresentados pelo pesquisador Vinicius Bufon. Cultivares precoces, médias e tardias são submetidas a cinco regimes hídricos diferentes, com o objetivo de obter as curvas de resposta de cada material na fase cana planta e nas socas. Outros experimentos submetem materiais médios e tardios a diferentes lâminas de irrigação de salvamento.
Nesses trabalhos, a umidade do solo é aferida mensalmente em parceria com a empresa Irriger. Também são medidos a evapotranspiração potencial e real dos materiais, de modo a verificar os níveis de satisfação e déficit na demanda de água; os níveis de açúcares totais nas plantas e a quantidade de açúcar por hectare. "Toda planta responde à água, mas os padrões de produtividade são diferentes", salientou Bufon ao mostrar a responsividade dos materiais à irrigação. Uma medida de manejo em teste é a interrupção da irrigação, com o objetivo de identificar o momento adequado para suprimir o fornecimento de água e obter o máximo de açúcar, conforme o material. "O que muda é o timing de colheita", frisou.
Após as apresentações, os participantes da reunião percorreram os experimentos e conversaram com os pesquisadores, que forneceram mais detalhes sobre os trabalhos. Pela Embrapa Cerrados, também estiveram presentes os chefes-adjuntos de Pesquisa e Desenvolvimento, Cláudio Karia, e de Transferência de Tecnologia, Sebastião Pedro, o secretário-executivo do Comitê Técnico Interno, Marcelo Ayres, e o supervisor do Núcleo de Sistemas de Produção Animal, Roberto Guimarães Jr.
Durante o encontro, a chefia da Embrapa Cerrados e a direção da Jalles Machado discutiram detalhes do Dia de Campo para apresentação dos experimentos na usina. A realização do evento está marcada para 8 de outubro.
Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados
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