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O grande objetivo da pesquisa é a sustentabilidade do agronegócio brasileiro, diz chefe geral da Embrapa Cerrados em evento do Banco do Brasil
Durante a 2ª etapa do Circuito Virtual Agro BB, evento on-line promovido pelo Banco do Brasil entre 24 de maio e 11 de junho, o chefe geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro da Silva Neto, e o gerente-executivo de seguros rurais da Brasilseg, Daniel Nascimento, falaram sobre o desenvolvimento agropecuário no Centro-Oeste e no Norte do País na perspectiva da pesquisa agropecuária e do seguro agrícola.
Ao abordar a importância da Embrapa no avanço do agronegócio nas regiões Centro-Oeste e Norte, Sebastião Pedro destacou a conexão entre a pesquisa agropecuária, a extensão rural, para a transferência de tecnologia e a união harmônica de todos os elos da cadeia produtiva. Também ressaltou a importância do crédito rural pelos agentes financeiros, o que permite que as inovações tecnológicas cheguem aos produtores rurais.
O chefe geral da Embrapa Cerrados, que no evento representou o presidente da Embrapa, Celso Moretti, lembrou que, em 48 anos de história, a Empresa desenvolveu pesquisas para incorporar o Cerrado do Centro-Oeste e do Norte do País a partir de três pilares. O primeiro foi a correção do solo. “Tínhamos solos ácidos, de pouca fertilidade, que necessitaram de tecnologias para a correção, adaptação e melhoria da fertilidade química e biológica”, lembrou.
Os demais pilares são a genética e o manejo. “É um processo contínuo desenvolver variedades de plantas e raças de animais adaptadas às condições de solo e clima do Centro-Oeste e do Norte do Brasil. Isso tem sido feito com grande sucesso pela Embrapa”, disse, citando o caso da soja, planta de clima temperado que foi tropicalizada pela Empresa e por outras instituições de pesquisa agropecuária, com o apoio de produtores, empresas privadas e agentes financeiros.
Ele acrescentou que o melhoramento genético é um processo contínuo. “A cada ano, novos problemas aparecem e soluções são necessárias. A agricultura é um processo dinâmico, lidamos com seres vivos numa indústria a céu aberto, que está vulnerável às condições climáticas. O agricultor brasileiro considera os resultados da pesquisa da Embrapa como fontes de sucesso e sustentabilidade na propriedade”, afirmou, destacando a inserção da Empresa na cadeia produtiva do agronegócio.
Seguro rural
Daniel Nascimento falou sobre o mercado de seguros rurais e a atuação da seguradora nas regiões Centro-Oeste e Norte, bem como os produtos da empresa disponibilizados aos produtores rurais. Ele destacou que o mercado de seguros rurais continua aquecido – somente no primeiro trimestre deste ano, houve crescimento de 41% na arrecadação das empresas seguradoras.
Segundo Nascimento, em 2020 foram emitidos R$ 6,8 bilhões em prêmios de seguro rural, sendo que as regiões Centro-Oeste e Norte responderam por quase R$ 2 bilhões (cerca de 27% do total), e a Brasilseg foi responsável por 75% desse montante. Já em sinistros (devoluções aos produtores em forma de indenização), essas regiões representaram 22% do total de 2,5 bilhões pagos aos produtores brasileiros, e a Brasilseg foi responsável por cerca de R$ 400 milhões. “Isso demonstra que, nessas regiões, vale a pena as seguradoras investirem em produtos e serviços”, comentou.
Sebastião Pedro lembrou que o seguro rural tem evoluído muito no País devido ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), tecnologia desenvolvida pela Embrapa. O ZARC define as épocas de plantio com os menores riscos climáticos para diversas culturas agrícolas. “Isso, ao longo dos anos, tem feito que o agricultor tenha segurança de plantar e colher e que as seguradoras tenham disposição de investir no seguro agrícola. Temos um País tropical onde as condições climáticas são incertas e o ZARC dá segurança às duas partes”.
Sustentabilidade
O chefe geral da Embrapa Cerrados apontou que o grande desafio atual e futuro é manter a sustentabilidade ao negócio agropecuário do País, atualmente o maior exportador mundial de açúcar, café, suco de laranja, soja, carne de frango e bovina; segundo maior em milho e terceiro maior em carne suína.
“Essa atividade crescente e bem-sucedida precisa ser cuidada para continuar crescendo e dando oportunidade ao Brasil de ocupar esse mercado tão importante no mundo pós-pandemia, com o aumento da demanda por alimentos, fibras e biocombustíveis. O mundo clama por alimentos seguros e sustentáveis”, destacou.
Ele explicou que o trabalho da pesquisa está focado no desenvolvimento de ferramentas para que a agricultura e a pecuária brasileira continuem em marcha ascendente de produção, de produtividade e de sustentabilidade. “Os próximos passos são garantir a sustentabilidade, principalmente da porteira para dentro, pois o agricultor e o pecuarista têm mostrado competência no uso de tecnologias, tornando-se mais produtivos e sustentáveis”, disse.
Novas tecnologias
Ao falar sobre as novas tecnologias que devem ganhar força no campo, Sebastião Pedro lembrou que o primeiro componente da sustentabilidade é o econômico. “Na medida em que cresce em importância como fornecedor mundial de produtos agropecuários, o Brasil tem uma grande vulnerabilidade, que é a alta dependência de fertilizantes importados. Importamos praticamente 95% do potássio e mais de 80% do fósforo usado nas lavouras”, observou, apontando que a pesquisa deve buscar tecnologias de manejo de solo que melhorem a eficiência do uso dos fertilizantes pelas plantas e dos nutrientes pelos animais.
Entre essas tecnologias, estão as que melhoram a atividade biológica dos solos. “A Política Nacional de Bioinsumos é um caminho muito importante, seguindo a esteira dos nossos inoculantes, que foram os primeiros bioinsumos utilizados em larga escala na agricultura brasileira e que permitem ao País economizar, a cada safra, R$ 30 bilhões em fertilizantes nitrogenados”, comentou.
Ele citou o uso de inoculantes na soja, que dispensa a adubação com nitrogênio na cultura; da inoculação das sementes do milho com bactérias do gênero Azospirillum, promotoras do crescimento de plantas; do BiomaPhos, que aumenta a disponibilidade de fósforo no solo; além de insumos biológicos que reduzem a dependência nacional por defensivos químicos importados.
“Estamos entrando numa dimensão da tecnologia agrícola em que vamos depender menos de químicos e manejar mais biologicamente nossos solos e plantas. Os resultados estão vindo com muita força”, analisou, destacando que os bioinsumos e as tecnologias que melhoram a eficiência do uso de fertilizantes e defensivos atuam na redução dos custos com esses insumos químicos, podendo representar uma economia de 20 a 30% nos custos de produção de grãos, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).
O chefe geral da Embrapa Cerrados também falou sobre os remineralizadores de solo, que podem melhorar as condições do solo para a disponibilização de nutrientes, aumentando a eficiência. “É uma tecnologia pré-comercial que está vindo e, provavelmente, o Banco do Brasil será um parceiro muito forte da Embrapa para colocá-la a serviço do nosso agricultor por meio do crédito rural”, projetou.
Ele apontou, ainda, futuros incrementos no ZARC, tendo em vista a expansão da agricultura do Centro-Oeste para o Centro-Norte do País: “São condições de solo e de clima diferentes, que vão demandar manejos diferentes e coeficientes de ZARC também diferentes”, finalizou.
O encontro foi moderado pelo gerente de soluções da diretoria de Agronegócios do Banco do Brasil, Fernando Gallo, e contou com a participação do diretor de Agronegócios do banco, Antônio Chiarello, e de Gláucio Fernandes, gerente geral da Unidade Estratégica Pessoa Física, Pessoa Jurídica e Agronegócios. Assista à íntegra clicando aqui.
Breno Lobato (MTb 9417-MG)
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