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Embrapa e Funai mapeiam áreas de mangaba em território indígena na PB
Foto: Raquel Fernandes
Pesquisador Josué (à esq.) realiza mapeamento participativo em comunidade Potiguara
Equipes da Embrapa e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) realizaram, de 26 a 31 de agosto, uma expedição para mapeamento dos últimos remanescentes de mangabeira dos Tabuleiros Costeiros e Baixada Litorânea do Território Indígena (TI) Potiguara, localizado no litoral norte da Paraíba.
A atividade teve a participação do pesquisador Josué Francisco da Silva Júnior e da analista Raquel Fernandes de Araújo Rodrigues, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), do técnico da Funai Francisco Sanae Antunes Moreira e do engenheiro-agrônomo Victor Júnior Lima Félix, presidente da Associação Paraibana dos Produtores de Mel da Baía da Traição (ParaíbaMel).
Projeto
Essa e outras ações fazem parte do projeto ‘Conservação in situ/on farm de recursos genéticos vegetais e interação com a conservação ex situ’, liderado pela Embrapa Tabuleiros Costeiros e executado em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF) e Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ), e vinculado ao Programa de Recursos Genéticos e executado com recursos da Embrapa e em parceria com a Funai e Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer).
O projeto prevê o mapeamento da espécie em todo o estado, bem como o estudo da atividade extrativista realizada pelas comunidades, as ameaças, as formas de acesso e a coleta de amostras para conservação no banco genético de mangaba mantido pela Embrapa Tabuleiros Costeiros em Sergipe.
Cenário
A Paraíba, segundo o último censo da produção da extração vegetal e silvicultura (PEVS) do IBGE, é o maior produtor de mangaba do país, com 893 toneladas, em 2022, ultrapassando Sergipe, que durante muitos anos encabeçou a lista dos maiores produtores.
A maior parte da produção paraibana é proveniente do TI Potiguara, responsável por 90% da produção estadual. A mangaba é importante fonte de renda para a população local e supre as centrais de abastecimento e agroindústrias de polpa congelada e sorvete da região e estados vizinhos.
O extrativismo da mangaba é, ao lado da cata de crustáceos e moluscos, a principal atividade extrativista do povo Potiguara. Suas áreas têm diminuído a olhos vistos nas últimas décadas, em função da exploração da cana-de-açúcar, que tem promovido a devastação das áreas naturais de mangabeira e espécies importantes para a sobrevivência das aldeias indígenas, como o cajueiro e o batiputá.
Povo Potiguara
Josué afirma que o povo Potiguara está intimamente associado ao litoral paraibano, e a conservação dos últimos remanescentes de mangabeira e dos seus recursos genéticos é historicamente uma atividade inerente ao modo de vida da população.
“O conhecimento acumulado ao longo de gerações permitiu que parte do ecossistema fosse conservado ao mesmo tempo em que o seu uso sustentável é responsável pelo fornecimento de alimento e renda”, completa o pesquisador, que coordena as ações da Embrapa de apoio e fortalecimento da conservação in situ/on-farm (nas próprias áreas e propriedades de ocorrência natural da planta) da mangabeira por comunidades tradicionais.
Mapeamento
Essa etapa do projeto consistiu no mapeamento participativo, no qual os pesquisadores e a população identificaram todas as áreas remanescentes em 18 aldeias indígenas nos três municípios do território (Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto), sendo também realizados transectos – linha ou secção através de uma faixa de terreno, ao longo da qual são registradas e contadas as ocorrências do fenômeno que está sendo estudado – nos mangabais.
Paralelamente, foram entrevistados atores envolvidos com a cata da mangaba, sobretudo mulheres, que, como em todo o Nordeste, são as principais responsáveis pela atividade. De acordo com Raquel Fernandes, que conduziu a pesquisa social, as mangabeiras que resistem no território potiguara têm sido conservadas por meio de saberes e práticas ancestrais dos indígenas.Victor Félix explica que o extrativismo da mangaba é uma atividade cultural do povo Potiguara da Paraíba, que tem seu território demarcado nos Tabuleiros Costeiros, área de ocorrência das mangabeiras.
“Por isso, a grande importância do trabalho de levantamento dos mangabais na terra indígena, encabeçado pela Embrapa, lançando o olhar para o maior símbolo da bioeconomia Potiguara que preserva a biodiversidade e gera renda para as famílias”, argumenta. Para Francisco Sanae, o levantamento dos mangabais das Terras Indígenas Potiguara foi de suma importância para Coordenação Regional da Funai em João Pessoa, em especial para o Serviço de Gestão Ambiental, ao realizar o registro pormenorizado das áreas e por aldeia em mapas cartográficos.
Ele ressaltou, ainda, que o mapeamento proporcionará uma visão geral dos locais e permitirá o monitoramento das áreas para que a mangabeira permaneça fornecendo seus frutos tão importantes às comunidades indígenas Potiguara. “Esse levantamento pode servir como parâmetro de preservação da espécie nos Territórios Indígenas e no índice de desmatamento dessas áreas tão essenciais à segurança alimentar e geração de renda às comunidades indígenas”, complementou.
Saulo Coelho (MTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros
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