Produção de bezerros no Pantanal: as experiências com creep feeding e desmama precoce

A desmama precoce, caracterizada por bezerros desmamados aos 105 dias de idade, ocorre em idade anterior a desmama convencional (7 meses) e proporciona às vacas a possibilidade de reconceberem. A técnica tem proporcionado encurtamento do intervalo entre partos e elevadas taxas de gestação (acima de 90%) em áreas de pastagens de baixo valor nutritivo, característica presente no Pantanal.

De acordo com os estudos realizados a desmama precoce aos 105 dias de idade, não prejudica o crescimento e desempenho dos bezerros, já que seu trato digestivo encontra-se preparado à alimentação de forragens. Deve-se entretanto ressaltar os diversos cuidados a serem tomados, como por exemplo: as características e qualidade da ração a ser oferecida, a qualidade da pastagem e da água, a fase de educação dos bezerros ao cocho, entre outros; o que pode ser obtido em publicações específicas na página da Embrapa Pantanal.

Devido à insuficiência do leite produzido pelas vacas, a suplementação em creep-feeding proporciona melhoria na nutrição do bezerro. Os bezerros podem expressar seu máximo desenvolvimento até a desmama, com maiores pesos, o que facilita a engorda posterior e a produção de novilhos precoces.

A suplementação dos bezerros em cochos privados e exclusivos aos mesmos, além de aumentar o seu desempenho, apresenta como benefícios indiretos a “mansidão” dos bezerros e do lote de vacas de corte, a melhoria da condição corporal das matrizes, entre outros. Vale ressaltar que o desempenho dos animais é uma função dependente das características da ração, do volume ofertado, da genética e do manejo. Por outro lado, devido o seu baixo custo metabólico, a suplementação de bezerros é muito vantajosa quando comparada com a suplementação de outros categorias, como no caso do boi adulto.

Outro fato importante que deve ser considerado, é que nem sempre a suplementação em creep-feeding aumenta os índices de reconcepção das matrizes, pois este também é dependente de outros fatores, como a qualidade das pastagens, a condição corporal das vacas, e estratégias reprodutivas aplicadas.

Quem ganha com isso?

Produtores rurais, abatedouros, frigoríficos, varejistas e consumidores. Toda a cadeia da bovinocultura de corte é beneficiada, inclusive os Estados, já que se consegue elevar a oferta de bezerros sem o aumento do número de matrizes, gerando assim maior volume de bois para a engorda, e renda para a classe produtora, para a indústria, comércio e sociedade em geral.

Abrangência geográfica

Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Benefícios econômicos, sociais e ambientais

A desmama precoce e a suplementação dos bezerros em fase de aleitamento permitem aos produtores um leque de oportunidades em gestão do seu rebanho. Otimiza o uso dos recursos forrageiros, permite a redução do número de animais improdutivos no período de escassez alimentar, como na seca por exemplo, eleva os índices de reconcepção das matrizes, de ganho de peso dos animais e aumenta a receita geral da propriedade.

Estudo apresentado pela Embrapa Pantanal com uso destas tecnologias resultou em um índice de benefício-custo de 1,70; ou seja, para cada real aplicado no sistema houve um retorno de 0,70 reais. O objetivo final é aumentar a reconcepção das vacas, antecipar o descarte de matrizes vazias ou de baixo valor genético (aproveitando para que sua engorda seja realizada antes do período seco e de escassez de alimento), sem prejuízos ao desempenho dos bezerros.

A utilização dessas soluções leva à intensificação do sistema de produção, o que proporciona maior renda por unidade de área ao produtor e ganhos sociais com maior número de bezerros e melhor qualidade de mão de obra. Também permite diminuir proporcionalmente a emissão de gases do efeito estufa, por bezerro de corte produzido.

Parceiros

Banco do Brasil, Sindicato Rural de Corumbá, Famasul, Acrissul e fazenda São Bento do Abobral.

Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outra(s) instituição(ões).