Embrapa Pecuária Sul
Embrapa Pecuária Sul comemora 41 anos de atuação nos Campos Sul-brasileiros
A Embrapa Pecuária Sul está completando 41 anos de atividades. Fundada no município de Bagé-RS, em 13 de junho de 1975, a unidade de pesquisa da Embrapa se destaca por contribuir para a consolidação da pecuária nos Campos Sul-brasileiros, bem como para o aumento da produtividade, qualidade e competividade do setor pecuário. Com uma ampla área de campos experimentais e 121 funcionários, sendo 33 pesquisadores, 20 analistas e 68 assistentes e técnicos, a Embrapa Pecuária Sul atua em diferentes áreas de pesquisa e desenvolvimento em bovinocultura de corte, bovinocultura de leite e ovinocultura.
Nessas quatro décadas, o Centro de Pesquisa tem buscado acompanhar de perto as necessidades do setor produtivo, no intuito de atender às demandas dos diferentes setores envolvidos com a pecuária. "A Embrapa acompanhou as mudanças ocorridas na região, adaptando as linhas de pesquisas, o quadro de funcionários e sua infraestrutura para atender às necessidades das cadeias produtivas da bovinocultura de corte, bovinocultura de leite e ovinocultura", ressalta Alexandre Varella, pesquisador e Chefe-Geral da Unidade. Inúmeras foram as contribuições do centro de pesquisa de Bagé para a pecuária do Brasil. Entre elas, destacam-se diversas tecnologias, serviços e recomendações para o produtor rural.
Entre as contribuições mais recentes destacadas por Varella está, na área de melhoramento genético de forrageiras, o lançamento de cultivares mais adaptadas à região Sul, como a BRS Estribo de capim-sudão, que hoje já conta com mais de 300 mil hectares de área plantada. Outras cultivares lançadas e registradas e que em breve deverão estar com sementes disponíveis no mercado são a cultivar Entrevero de trevo-branco, a Posteiro de cornichão, e a Piquete de trevo-vesiculoso. Na área de qualidade e ciência da carne, merecem destaque os novos produtos desenvolvidos com carne ovina de animais de descarte e que visam ao aproveitamento integral de carcaça (como presunto cru, hambúrgueres, patês e copa ovinos), e novos cortes de cordeiro. Alexandre Varella conta que está previsto o lançamento de um edital para licenciar empresas que farão a confecção destes produtos de carne ovina processada. O que significa que, em breve, tais produtos inéditos deverão estar à disposição dos consumidores.
Outros trabalhos importantes e que foram desenvolvidos na área de fronteira do conhecimento se referem à utilização da genômica para seleção de animais mais resistentes ao carrapato bovino nas raças Hereford e Braford (e também em andamento para a raça Angus), tendo sido lançado, um catálogo de touros que apresentam resistência genética a este parasito. Alexandre Varella também destaca outras tecnologias que visam a uma pecuária mais competitiva e sustentável, como trabalhos de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), o desenvolvimento territorial em apoio à pecuária familiar e o esforço institucional para agregar valor aos produtos diferenciados de origem animal produzidos nos Campos Sul-brasileiros. Também na área de pesquisa-desenvolvimento se destaca o projeto Rede Leite, realizado no noroeste do Rio Grande do Sul, junto a produtores de leite, e o arranjo produtivo local de ovinocultores no Alto Camaquã, que tem elevado a produtividade e a qualidade de vida de agricultores familiares.
"Não podemos deixar de frisar os resultados obtidos com a Rede de Pesquisa Pecuária Sustentável (Pecus), que vem informando sobre a emissão de gases de efeito estufa e sequestro de carbono na pecuária de corte do Rio Grande do Sul, pois são dados que desmistificam a imagem negativa da pecuária brasileira como um grande emissor de gases. Isso é de extrema importância para diferenciação e valorização da carne produzida em nossa região, pois as medições provam justamente o contrário", afirma Varella.
Outras contribuições importantes foram apontadas pelo Chefe-Geral da Embrapa Pecuária Sul, como, por exemplo, o aplicador seletivo de herbicidas Campo Limpo, que atua no controle de invasoras do campo nativo, o Método Integrado de Recuperação de Pastagens Degradadas (Mirapasto); o Programa Boas Práticas Agropecuárias em Bovinocultura de Corte, desenvolvido em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); as Provas de Avaliação a Campo de Reprodutores (PAC), realizadas junto às associações de raça de bovinos de corte e o Observatório da Pecuária de Corte, parceria com o Nespro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que busca analisar informações da cadeia e projetar cenários para a pecuária de corte do estado.
São muitos os trabalhos desenvolvidos pela pesquisa e a transferência de tecnologia da Embrapa Pecuária Sul. Porém, Varella ressalta que ainda há muitos desafios pela frente. "Permanecemos com o desafio de solucionar o problema da Tristeza Parasitária Bovina e o provável movimento da cadeia na busca de uma intensificação sustentável da pecuária. Temos que atentar que a intensificação deve estar atrelada às premissas da sustentabilidade, em que se deve buscar uma produção equilibrada e eficiente, que nem sempre são compatíveis com máximos desempenhos e produtividade", frisa Varella. Outro aspecto mencionado que tem exigido atenção da pesquisa é como a pecuária dos Campos Sul-brasileiros está lidando com a diversificação da produção. "Buscamos antever os cenários e desafios, pois apesar de ainda ser fortemente baseada no campo nativo, que é um diferencial da nossa produção pecuária, vemos nossa região diversificando a matriz produtiva, com a fruticultura, vitivinicultura, oliveiras e lavouras de soja. E a pecuária tem que entrar nesse contexto de forma integrada e eficiente e este é um importante desafio. As demandas são grandes, mas contamos com uma equipe diversificada em conhecimento, muito capacitada e dedicada para encontrarmos as melhores soluções aos produtores e mantermos uma pecuária competitiva, duradoura e que respeite e preserve os recursos naturais disponíveis", finalizou Varella.
Manuela Bergamim (MTB 1951-ES)
Embrapa Pecuária Sul
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