17/08/21 |   Transferência de Tecnologia

Projeto Duas Safras faz avaliação preliminar de experimentos em visitas técnicas na Metade Sul

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Foto: Cristiane Betemps

Cristiane Betemps - Projeto faz avaliação inicial prevendo a possibilidade de um rendimento de dez mil reais por hectare com o cultivo de cereais de inverno em sistemas de produção em terras baixas.

Projeto faz avaliação inicial prevendo a possibilidade de um rendimento de dez mil reais por hectare com o cultivo de cereais de inverno em sistemas de produção em terras baixas.

Parte da equipe do projeto Duas Safras fez o primeiro acompanhamento e avaliação dos experimentos de culturas de cereais de inverno em terras baixas, instaladas na Estação Experimental Terras Baixas (ETB) da Embrapa Clima Temperado. A agenda constou de caminhada a campo junto ao grupo de pesquisadores e técnicos da Embrapa Trigo (Passo Fundo) e Pecuária Sul (Bagé), realizada durante o dia 5.

O Projeto viabiliza o aproveitamento das terras baixas para diversificação de culturas em estações pouco exploradas, como o inverno, na região sul do RS. O roteiro técnico durou três dias, percorrendo sete municípios da Metade Sul. As chefias das unidades da Embrapa em Pelotas e em Passo Fundo acompanharam a visitação. O Projeto é uma realização da parceria Farsul, Embrapa, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e Senar/RS.

Roberto Pedroso de Oliveira, chefe-geral da Clima Temperado, acompanhou o grupo nos campos experimentais e reforçou a intenção do projeto Duas Safras de produzir de forma sustentável a pecuária, as culturas de inverno e as culturas de verão no RS, dando rentabilidade às propriedades rurais. “A visitação da equipe de pesquisa de uma Unidade a outra, em áreas experimentais e produtores rurais é uma forma de avaliação e organização das atividades para o Projeto. Inclusive, além das unidades de pesquisa Clima Temperado,  Pecuária Sul, Suínos e Aves e Trigo, incluiremos a Embrapa Soja, pois esta é uma das culturas que mais cresce em área plantada na Metade Sul do Estado”, adiantou.

Jorge Lemainski, chefe-geral da Trigo, falou da contribuição que a Embrapa dará ao sistema agrícola no país, aumentando a produção de alimentos. “É muito difícil para empresas de insumos, setor cooperativo, comércio, todo o ano, rodar apenas com uma safra, tendo custos fixos que precisam ser apropriados nos produtos. Se o Projeto propor o alcance de duas safras/ano, se reduzirá em 11% os custos fixos nas propriedades. Se intensificarmos mais, geramos oportunidades de trabalho o tempo todo, o ano inteiro, onde todos os segmentos da sociedade ganham”, defendeu. Segundo ele, há estudos que apontam 62 milhões de hectares de culturas de verão no Brasil e um pouco mais de três milhões de hectares de grãos com culturas de inverno, demonstrando uma fronteira agrícola que necessita ser explorada.

O grupo formado por representantes do Senar/RS, pesquisadores e técnicos das unidades de pesquisa da Clima Temperado, Trigo e Pecuária Sul, estiveram em uma propriedade rural no município de Cerrito, e após, nas áreas experimentais da ETB. 

 

A visitação

O programa contou com a visita primeiramente na  propriedade rural de Ivandro, onde está sendo experimentado o triticale, planta rústica gerada no cruzamento do trigo com o centeio, para fazer silagem. O plantel com 30 vacas em lactação deverá ser acompanhado pela Embrapa e Senar no forrageamento com silagem de triticale, cultivado em 25 hectares da propriedade.

Na Unidade de pesquisas em Pelotas, o grupo fez um giro a campo em quatro áreas: 1) área de cultivo de cereais de inverno em sistema de terras baixas, com avaliação de tratos agronômicos pertinentes às culturas; 2) área de cultivo de cereais de inverno em sistemas de terras baixas com avaliação de manejo de animais sob pastoreio de forma alternada; 3) área de avaliação dos cereais de inverno, especificamente, utilizando o trigo e o triticale, utilizando a tecnologia de uso do sulco-camalhão; 4) parcela para avaliação do uso de  triticale, trigo, aveia e azevém com o uso da tecnologia de camalhões de base larga. 

Matheus Bastos Martins, bolsista de pós-gradução da UFPel, foi um dos colaboradores, com a equipe de estagiários, que  organizou a semeadura e o acompanhamento do desenvolvimento dos cereais de inverno neste experimento. Ele informou que todas as áreas antecederam com plantios das culturas de arroz/soja, ou arroz/milho, ou ainda pastagem para pastejo de animais.

Em uma parcela foi plantado os materiais da Embrapa: aveia AF1340 (Ucraniana), aveia preta BRS 139, centeio BRS Progresso, trigo BRS Tarumax, trigo BRS Tarumã, trigo BRS Reponte, trigo BRS Belajoia, triticale BRS Zenit e triticale BRS Saturno. Outra parcela, com pastejo alternado, foi feita com cereais de inverno de duplo propósito (grãos e silagem), outra parcela de cereais de inverno sob camalhões de base larga, e mais uma parcela, onde havia sido plantada soja em diferentes níveis de adubação, foi semeado apenas o trigo BRS Tarumã e o triticale BRS Zenit. 

“Os resultados preliminares demonstraram que houve alta capacidade de forrageamento com estes materiais. Os animais tiveram preferência de pastejo pelo trigo e obtiveram bom ganho de peso. Quando chegar o período de colheita será possível avaliar a produção de grãos e neste momento está sendo feita a avaliação de aproveitamento, ou não, para silagem”, explicou.

Na área de camalhões, previamente cultivados com soja, foram realizados cultivos de trigo BRS Tarumã e triticale BRS Zenit para avaliar a adaptação desses cereais de inverno ao cultivo em sistema sulco-camalhão. A estrutura estabelecida dos sulco-camalhão foi aproveitada e será avaliado o potencial de resposta desses cereais. “Como observações preliminares, observa-se um ótimo desenvolvimento de ambas culturas no sistema sulco-camalhão, com plantas inclusive nos sulcos. Também se prevê determinar a faixa ótima de respostas dessas culturas à adubação nitrogenada no sistema”, esclareceu a pesquisadora Walkyria Scivittaro, responsável por esta área do Projeto.

“Não conhecia a planta de triticale, então para nós essa cultura é nova. Foi feita a semeadura em sulco-camalhão, a lavoura está bonita  e com desenvolvimento considerado positivo. Mas, a minha preocupação estava em relação a resposta do triticale quanto a umidade do solo, uma cultura típica da região do Planalto do RS, e que foi plantada em cima do sulco e do camalhão. Vi que o triticale foi bem resistente a umidade, embora, o nosso inverno não tenha sido chuvoso” contou o pesquisador José Maria Parfitt, que trabalha na mesma área junto a pesquisadora Walkyria.

O pesquisador realizou também um experimento paralelo em casa de vegetação, submetendo o triticale em encharcamento e o triticale em encharcamento com uso de sulco-camalhão, obtendo resultados que indicam que a cultura será bem sucedida em ambos os sistemas. “As plantas de triticale estão uniformes em ambas as zonas”, disse.

O pesquisador Danilo Santanna, representando a Pecuária Sul, falou durante a visita sobre a importância da integração de atividades agrícolas e pecuárias entre as UDs da região Sul para diversificação de renda da propriedade rural em sistemas de terras baixas. E acrescentou: “a sustentabilidade está diretamente ligada, não somente a diversificação de renda, mas na interação da fase pecuária, fase pastagem e as lavouras, que são benéficas umas para as outras e que nos animam a realizar estudos de outras culturas não tradicionais em terras baixas”.

Conforme ele, a Unidade de pesquisas de Bagé está dando suporte a equipe de pesquisa de Pelotas para dar melhor funcionalidade ao sistema em terras baixas quanto a formação de pastagens para silagem e dos grãos para pastejo dos animais.

O pesquisador Giovani Faé, da equipe da Trigo, disse que as áreas percorridas na ETB demonstraram que, embora sejam áreas que sofreram sistematização para diminuição do encharcamento, possuem condições plenas de cultivo em terras baixas. “As lavouras estão indo muito bem, estimando que é possível um rendimento de dez mil reais por hectare com o cultivo de cereais de inverno, sendo possível obter ganhos financeiros e dar melhor aproveitamento as terras”, comentou. Para ele, o Projeto tem a perspectiva de gerar uma segunda safra ou mais, quando se trabalha com uma genética correta, em períodos apropriados, incluindo ganhos especialmente para o solo.

“O pessoal da Clima Temperado está de parabéns pelos resultados obtidos com os plantios de cereais de inverno, destacando tanto as áreas instaladas desses materiais com utilização de pastejo, quanto a área de trigo e triticale com uso de sulco-camalhão” falou. Ele adiantou que após a colheita e avaliação da safra será feito um levantamento dos genótipos desses materiais e identificadas as melhorias necessárias no sistema em terras baixas.

O roteiro técnico contou também com visitas a produtores rurais de sete municípios, que são propriedades-referência para o Senar. “Os produtores visitados são formadores de opinião e foram identificados para que sejam difusores de conhecimento junto a outros produtores. Eles foram escolhidos por possuírem esse perfil”, disse Pedro Faraco, da diretoria técnica do Senar.

Participaram desta visitação os pesquisadores André Andres (coordenador da ETB), Giovani Theisen, Júlio Centeno e Jorge Schafhauser (assessores da chefia), José Maria Parfitt, Vanderlei da Rosa Caetano, Walkyria Scivittaro, a analista Andréa Noronha e o chefe-geral, Roberto Pedroso de Oliveira e o chefe adjunto de TT, Enilton Coutinho, pela Clima Temperado. Pela Embrapa Trigo, o seu chefe-geral, Jorge Lemainski, o chefe adjunto de TT, Giovani Faé, e a equipe de TT, analistas Francisco Tenório Pereira, Marcelo André Klein e o pesquisador Osmar Conte  e, ainda, o pesquisador Daniel Santanna, representando a Pecuária Sul.  

Cristiane Betemps (MTb 7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

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