"O setor primário no sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, caracteriza-se pela produção pecuária de corte e de leite como atividades históricas, culturais e de grande importância econômica. É possível analisar a produção de sementes forrageiras no Brasil a partir de duas situações distintas: a região Centro-oeste, com a maior área mundial de produção de sementes de espécies forrageiras tropicais; e a região Sul, com a quase totalidade da produção voltada a espécies temperadas, onde se observa uma grande desorganização tanto da produção quanto do mercado. A maior parte do produto comercializado na região Sul não tem origem genética definida e tampouco qualidade física e fisiológica. Nesse contexto, praticamente não há estímulo para a melhoria dos processos de produção de sementes forrageiras. Entretanto, recentemente surgiram vários indicativos de que essa atividade deverá receber cada vez mais atenção e esforços institucionais, podendo-se citar a nova legislação pertinente ao setor, o desenvolvimento de programas de melhoramento genético para lançamento de cultivares, a organização de grupo de produtores e comerciantes, e a retomada das atividades da Sub-Comissão de Sementes Forrageiras, vinculada à Comissão de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul - CESM/RS. É nesse momento de transição que surge a necessidade e a oportunidade de alocar esforços e recursos em ações organizadas que possam atender às demandas e contribuir com o desenvolvimento do setor. Contudo, percebe-se que ainda ocorre um grande distanciamento entre o potencial de rendimento e qualidade de sementes, verificados pelas pesquisas com o uso de diferentes tecnologias, e a realidade da produção no sul do Brasil, especialmente no que diz respeito a sementes de espécies leguminosas de clima temperado. A Região da Campanha do Rio Grande do Sul apresenta condições edafoclimáticas favoráveis à produção de sementes, e, além disso, existem produtores que acumulam uma importante experiência na atividade, mas que hoje pouco a valorizam em função da desorganização do mercado. Em 2009 foi constituído, a partir de um fórum realizado na Embrapa Pecuária Sul, um Grupo interinstitucional de Trabalho em Sementes Forrageiras - GTSF. Este projeto, liderado pelo pesquisador Gustavo Martins da Silva, teve o objetivo geral de qualificar os processos de produção de sementes de espécies forrageiras de clima temperado. Com isso, buscou-se também motivar a organização da cadeia produtiva. Para tanto, foram conduzidas ações em unidades de produção, buscando diagnosticar os sistemas, observar e debater aspectos técnicos e econômicos da atividade juntamente com os produtores e agentes da cadeia. Paralelamente e de forma conectada, foram estabelecidas unidades de validação nos centros de pesquisa, priorizando tecnologias que podem se adequar aos sistemas de produção ocorrentes na região. As estratégias de comunicação e transferência de tecnologia foram transversais às demais ações do projeto, e visaram instrumentalizar a operacionalização das atividades junto aos produtores e demais agentes da cadeia produtiva."