"Em todo o país e, principalmente, na região onde se estabelece o bioma Pampa, a pecuária desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da economia. Como estratégia de valorização e utilização sustentável do bioma, plantas nativas da região foram avaliadas segundo sua atividade antiparasitária e potencial de mitigação de metano. O bioma Pampa, além de possuir características ideais para o desenvolvimento da pecuária, é uma fonte única de biodiversidade e de compostos bioativos que podem ser utilizados no controle de parasitos (grande limitante da produtividade pecuária) ou na mitigação de metano entérico (gás relacionado ao efeito estufa e a imagem da pecuária no cenário internacional). Na ovinocultura, as doenças parasitárias ainda representam as principais fontes de prejuízo para os produtores de todo o mundo, chegando a inviabilizar sua criação em algumas regiões. Para os ovinos, o Haemonchus contortus é o parasito que causa os maiores danos na cadeia produtiva. Alguns dos controles anti-helmínticos alternativos incluem o uso de vacinas contra nematódeos, controle biológico e o uso de plantas forrageiras com propriedades anti-helmínticas. Diversas fontes de compostos bioativos foram avaliadas neste projeto, por serem potencialmente ativas contra ecto e endoparasitas. Na produção de bovinos as parasitoses acarretam milhões de dólares em gastos com medicamentos para o controle do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus e das doenças veiculadas por ele, como a Tristeza Parasitária Bovina. O momento atual da pecuária mundial, onde o aumento do número de parasitas resistentes aos acaricidas é um fato, sem a perspectiva de descoberta de novos princípios ativos, enfatiza a necessidade de investimento em novas formas de controles alternativos, como o uso de compostos bioativos. Concomitante a essa limitação terapêutica, temos os sistemas de produção orgânicos, assim como a exigência de grande parte do comércio mundial em reduzir ou eliminar os resíduos de fármacos nos produtos de origem animal. Para atender essas demandas, no projeto, liderado pelo pesquisador Alessandro Pelegrine Minho, extratos vegetais foram avaliados no controle alternativo do carrapato do boi, diminuindo a necessidade de utilização de drogas químicas. Outro fator de limitação ao comércio exterior de carnes é o indício de que a produção de ruminantes no Brasil contribui sobremaneira na emissão de gases do efeito estufa, fato que pode ser minimizado com a inclusão de determinadas plantas na dieta animal, já que pesquisas demonstraram uma correlação positiva entre o teor de algumas substâncias presentes nas plantas e a redução na produção de metano entérico. Diversas plantas do bioma Pampa foram avaliadas quanto ao seu potencial de mitigação de metano, a fim de minimizar a liberação desses gases pelos ruminantes e avaliar a diminuição do impacto da pecuária na produção de gases do efeito estufa."