A pecuária é um importante setor da economia, porém é considerada um dos grandes emissores de gases do efeito estufa (GEE). Apesar da pecuária emitir GEE, ela também promove o sequestro de carbono (C) no solo, principalmente em pastagens bem manejadas, podendo compensar totalmente as emissões, atuando como dreno de carbono. Atualmente, inexistem informações sobre a emissão e sequestro de C de sistemas forrageiros em SC, o que deixa o estado fora do inventário nacional e o torna suscetível a sanções internacionais na comercialização de produtos. O objetivo do projeto é avaliar o balanço de carbono dos sistemas forrageiros mais utilizados em SC e simular a influência de cenários climáticos futuros sobre a produção pecuária, utilizando modelo DAYCENT. Para atender esses objetivos, o projeto vai avaliar o fluxo de GEE do solo, de metano (CH4) entérico dos bovinos e dos fatores de emissão (FE) de N2O de fontes nitrogenadas (esterco, urina, fertilizante mineral) presentes em sistemas forrageiros utilizados no Planalto Catarinense. Além da emissão de GEE, também vão ser avaliados o estoque de C no solo e a produção de forragem em cada sistema e indicadores de qualidade do solo. O projeto é conduzido na EPAGRI localizada em Lages/SC, nos tratamentos: Pastagem Natural; Pastagem Natural Melhorada; Pastagem Perene de verão/sobressemeada com pastagem anual de inverno; e Pastagem Anual de verão/inverno com revolvimento do solo. Os estudos iniciaram em maio de 2021 e foram conduzidos durante um ciclo produtivo (maio 2022). No segundo ano, os dados gerados compõem o balanço de C dos sistemas, a modelagem da emissão de GEE e a previsão dos impactos dos cenários climáticos futuros sobre a produção pecuária catarinense. O projeto é realizado em parceria com a Embrapa Pecuária Sul, UDESC, UFSC e UFRGS. Os resultados do projeto são relevantes para subsidiar a assistência técnica e a decisão do produtor rural na escolha de sistemas pecuários produtivos e sustentáveis. O projeto vai oferecer subsídio científico para que os pecuaristas catarinenses, que adotem boas práticas agropecuárias, tenham acesso ao Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais e ao programa ABC do governo federal. Assim, será possível abrir uma janela de oportunidades para que o pecuarista catarinense possa ter retorno financeiro ao adotar práticas conservacionistas. A quantificação da emissão de GEE será base para a criação do inventário estadual e nacional de emissão de GEE da produção pecuária, inserindo SC no contexto global de esforços para a redução de emissão de GEE. As informações geradas no projeto podem colocar o estado à frente nas exportações de produtos pecuários de baixo carbono e servirão de proteção a sanções e barreiras não tarifárias do mercado internacional. Além disso, as simulações de cenários climáticos futuros darão suporte à tomada de decisão para a escolha de sistemas de baixo impacto ambiental e sustentáveis em longo prazo.