Prosa Rural - Mariposas como indicadoras de sustentabilidade ambiental
Setembro/2011 - 2ª semana - Regiões Norte, Centro-Oeste/Sudeste, e Sul
É só começar o período de chuvas e logo as lâmpadas atraem muitas mariposas para dentro de casa. A presença desses insetos com hábitos noturnos, que tem poucas cores e aparecem em vários tamanhos, pode incomodar os moradores, mas muitos não sabem que eles têm uma importância ambiental, que é alvo de estudos na Embrapa Cerrados (Brasília/DF). Somente no bioma, são cerca de 10 mil espécies conhecidas, muitas delas usadas como indicadores para pesquisas que buscam contribuir na preservação do meio ambiente. No Prosa Rural desta semana, o biólogo Amabílio Camargo fala sobre a importância das mariposas como indicadoras de sustentabilidade ambiental.
Segundo ele, algumas dessas mariposas não migram – morrem na mesma região em que nasceram. Por isso, podem ser um interessante indicador do grau de degradação ambiental de uma área, pois se migrassem os animais presentes ali poderiam ter vindo de outro local. Um dos trabalhos em andamento na Embrapa Cerrados considera justamente insetos com essa característica, que são coletados para estudos. Com as informações obtidas, é possível calcular índices ecológicos como de biodiversidade, por exemplo. "Uma maior diversidade das mariposas residentes, isto é, que não migram, pode estar indicando que o local é mais preservado. Caso não haja, indicamos a necessidade de intervir e fazemos algumas recomendações", conta o biólogo Amabílio Camargo, da Embrapa Cerrados.
Um outro estudo em andamento com as mariposas avalia o trabalho que algumas espécies realizam como a polinização. Caso essa atividade sofra algum prejuízo, pode haver diminuição do número de frutos, especialmente em plantas nativas. Esse reflexo foi sentido por uma comunidade de pequenos agricultores que faz coleta de frutos do Cerrado no município Rio Pardo de Minas (MG). Eles perceberam uma diminuição do número de frutos – embora existissem recursos disponíveis para os insetos, como pólen e néctar – e contaram com a contribuição de um estudo da Embrapa Cerrados para desvendar o enigma.
O que os pesquisadores e analistas diagnosticaram na região foi a queda do número de mariposas que faziam a polinização, por causa da ação do homem. Segundo Camargo, que coordenou o estudo, a comunidade estava realizando queimadas anualmente. "Durante a seca, as mariposas passam a maior parte do tempo dentro de casulos em folhas ou no chão, o que as impede de fugir no caso de incêndio", conta. Quando elas morrem, fica comprometida a próxima geração do inseto e também a colheita de frutos nativos.
A partir dessa constatação, os produtores mineiros foram capacitados para conhecer e identificar as espécies de mariposas e sua importância tanto para o meio ambiente quanto para a atividade extrativista. "Eles precisam reconhecer o patrimônio que eles têm", avalia o biólogo. Já em outro projeto na mesma linha de atuação, foram também capacitados ribeirinhos do Parque Nacional Serra do Pardo, em Altamira (PA).
Coleta no escuro - Para chegar às mariposas, a estratégia dos cientistas é muito simples: uma lâmpada acesa no meio de seu habitat atrai milhares delas que estão nas redondezas. A vantagem é que o procedimento é seletivo – apenas as que são de interesse da pesquisa são coletadas para avaliações no laboratório. Isso corresponde a menos de 1% do total de mariposas atraídas. Há muitas vantagens nesse procedimento. "Podemos ter uma amostra significativa delas, sendo que é relativamente barato montar uma expedição para a captura e observação desses animais", relata. Nesse caso, ele compara as mariposas com outros animais, com os mamíferos, por exemplo, que por ter naturalmente populações baixas, torna o estudo mais difícil e caro.
Saiba mais sobre o tema Mariposas como indicadoras de sustentabilidade ambiental, ouvindo o Prosa Rural desta semana. O Prosa Rural é o programa de rádio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O programa conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Texto: Clarissa Lima Paes (MTb6472/DF)
Região Norte
Região Centro-Oeste/Sudeste
Região Sul
Juliana Caldas (4861/14//90/DF)
Embrapa Cerrados
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