Prosa Rural - Ração de baixo custo para alimentação de bovinos no período da seca
Agosto/2007 - 2ª semana - Região Norte
Um desafio para o criador de gado em condições de criação extensiva em pastagem nativa é que, no período seco, há uma queda na oferta de proteína para a alimentação dos animais. O gado precisa de um mínimo de 6% de proteína bruta na alimentação diária para se manter saudável. Na época da chuva, o pasto nativo oferece de 6% a 8% de proteína, enquanto na época seca cai para menos de 6%. Isso faz com que, na seca, os animais percam peso e as vacas diminuam a produção de leite justamente no período em que mais dão cria e os bezerros precisam de alimentação. Em conseqüência, devido à carência alimentar, os animais vão demorar mais tempo para voltar a procriar.
Embora o peso do animal possa ser recuperado com a melhor alimentação no período da chuva, esta situação retarda e dificulta o desenvolvimento do rebanho. É o conhecido efeito "boi sanfona", em que o gado engorda quando há chuva e emagrece na seca. Este problema, geralmente, é enfrentado com uma suplementação alimentar. A maioria das rações é composta com farelo de milho e soja, fontes de proteína e energia para o animal.
Ração para alimentação de bovinos no período da seca é alternativa mais econômica, que utiliza subprodutos de arroz, como o farelo de arroz ou cuim e a quirera ou xerem, respectivamente, com 12% e 8% de proteína bruta. Nessa mistura é acrescentada a uréia, que no organismo do animal servirá como fonte de nitrogênio na metabolização de proteína.
A mistura para suplementação alimentar deve ser feita na proporção de 29% de xerém de arroz, 17% de cuim ou farelo de arroz, 11% de uréia, 29% de sal comum e 14% de fonte de fósforo e micronutrientes. A recomendação é que um animal consuma 250g/dia para não perder peso.
Para adotar essa ração são necessários alguns cuidados importantes: os animais que não estão acostumados precisam passar por uma adaptação, para isso nos 10 dias iniciais deve ser reduzida a quantidade de uréia pela metade. O produtor deve aumentar o tamanho dos cochos, passando de 5 cm para 25 cm por cabeça, e de preferência usar mais de um cocho, para dar oportunidade a todos os animais tanto os grandes quanto os menores. Deve também manter os cochos cobertos para evitar acúmulo de água, pois isso dissolveria a uréia mais rápido que os outros ingredientes, correndo o risco de os animais ingerirem uma quantidade maior de uréia e sofrerem intoxicação ou até morrerem.
Em região de cultivo de arroz, como é o caso de Roraima, esta alternativa é ainda bem mais econômica. Se o criador de gado também tem cultivo de arroz, o custo se torna ainda menor. O uso da suplementação tem mostrado que é possível evitar as perdas do período seco aproveitando subprodutos de arroz e milho, muitas vezes desperdiçados na propriedade rural ou na agroindústria. A suplementação fornece a quantidade de proteínas, carboidratos e minerais que o animal necessita e fica um terço mais barato do que a ração encontrada no mercado. A ração à base de soja e milho contém 44% de proteína bruta e a de subprodutos do arroz contém 34%, o que é suficiente para atender a necessidade nutricional do animal no período seco.
Região Norte
Síglia Regina dos Santos Souza
Embrapa Roraima
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