Amora
Irrigação e cultivo
Autores
Carlos Reisser Junior - Embrapa Clima Temperado
Luiz Eduardo Correa Antunes - Consultor autônomo
A amoreira-preta, tida como planta rústica e agressiva, necessita de suplementação de irrigação em períodos críticos quando houver baixa disponibilidade de água no solo. Durante a implementação dos pomares, devido ao pequeno desenvolvimento radicular, o uso de irrigação é fundamental para que o pomar tenha um crescimento e população adequados.
Nos três primeiros anos, um manejo correto da irrigação pode proporcionar esta condição desejada. Neste período é também recomendado o controle das invasoras para que seja reduzida a competição por água na linha de cultivo. O consumo de água da cultura adulta é de 25 a 30 mm por semana, durante o ciclo vegetativo, e deve ser aplicado pelo menos duas vezes por semana. Em períodos de alta demanda e em solos arenosos, a água deve ser aplicada diariamente.
O manejo da água para a cultura deve ser feito de forma a complementar as precipitações ocorridas na semana determinando que o volume da água seja próximo a 25 mm de água neste período. O excesso de água é um dos causadores de redução de produção, pois a cultura não suporta grandes períodos com reduzida aeração de seu sistema radicular. A formação de camalhões na implantação da cultura é uma prática desejada visando a melhora da drenagem em períodos de chuva e irrigação excessivos.
Os camalhões devem ter em torno de 25 cm de altura e são mais recomendados para o cultivo em solos mais argilosos. O manejo semanal através de balanço hídrico, com complementação de água em duas vezes, pode ser adequado à cultura. Outra maneira de se manejar a água é o uso de tensiômetros junto a linha de plantas, em uma profundidade de 25 cm, procurando manter uma tensão entre 10 e 25 centibares.
Dentro do ciclo produtivo, os períodos de maior suscetibilidade a estresse hídrico são durante a formação e maturação dos frutos e após a colheita. Falta de água no solo durante estas fases podem reduzir o tamanho dos frutos bem como diminuir o potencial produtivo da próxima safra. Durante o período de dormência, planta sem folhas, a irrigação deve ser evitada com o objetivo de reduzir a umidade junto às raízes.
Dentre os métodos mais adequados de suplementação de água, o gotejamento se destaca, pois colocar a água necessária junto ao sistema radicular reduz o aparecimento de plantas invasoras, reduzindo o aparecimento de doenças das folhas e das raízes. Espaçamentos entre gotejadores em torno de 0,75m são adequados para solos arenosos e mais próximos em solos predominantemente argilosos. Os métodos de irrigação superficiais também são recomendados com restrição às plantas suscetíveis às doenças de raiz. Os métodos de irrigação por aspersão são os menos indicados por favorecerem o aparecimento de doenças foliares.
Uma prática recomendada pelos produtores para controle de invasoras e conservação da umidade junto às raízes, é o uso de coberturas do solo com materiais orgânicos como palha ou a compostagem de outros materiais. O uso de plástico preto também é recomendado, podendo elevar a produtividade de algumas variedades precoces em até 50% e nas tardias de 30%. As coberturas orgânicas com 8 a 10 cm de altura podem controlar as invasoras e evitar a capina mecânica, que pode danificar o sistema radicular que é abundante na superfície o solo.
Em plantios de amoreira-preta cujo objetivo é o mercado de fruta fresca, seja interno ou externo, pode-se optar pela proteção dos pomares, cobrindo-se as linhas de plantio com lonas plásticas. Esta prática, juntamente com a produção orgânica de amoras-pretas, são as principais mudanças nos sistemas de produção atuais. Mundialmente, esta técnica já é usada em mais de 300 ha, principalmente nos países da Europa e África.
Esta técnica promove a proteção das plantas aos fenômenos climáticos como granizo, chuvas intensas, e excesso de radiação durante a colheita, propiciando uma redução de doenças foliares como dow mildew, de 100% para 6,3 % em plantas irrigadas. Verifica-se que esta técnica está em plena expansão, pois as vantagens que proporcionam aumento da produção, reduzem as perdas de frutos e aumentam a proteção à cultura dos danos de frio.