Pré-produção

Conteúdo atualizado em: 21/02/2022

Autor

Carlos Eduardo Freitas Vian - Consultor autônomo

 

As características estruturais básicas do setor canavieiro nacional foram herdadas da longa fase de planejamento e controle estatal, ocorrida antes da desregulamentação do setor, em 1990. Os principais aspectos institucionais eram:
  •  produção agrícola e fabril sob controle das usinas;
  • diversidade dos meios de produção, especialmente na industrialização da cana;
  • baixo aproveitamento de subprodutos e competitividade fundamentada, sobretudo, nos baixos salários e na expansão da produção.

Havia muitas diferenças técnicas entre as Regiões Norte-Nordeste e Centro-Sul e, mesmo dentro das regiões, existiam diferenças acentuadas de produtividade e escala de produção, sendo que tal cenário prevalece, ainda hoje, no Brasil.

O processo de desregulamentação teve início em 1988, com o fim do monopólio das exportações de açúcar e das cotas internas de comercialização, seguido, em 1991, pela extinção das cotas de produção. Em 1998, o Governo Federal, por meio de portaria do Ministério da Fazenda, liberou a comercialização do álcool combustível. Após três adiamentos seguidos, em fevereiro de 1999 foram liberados os preços de todos os produtos da agroindústria canavieira: cana, açúcar cristal e etanol anidro e hidratado. As mudanças institucionais que ocorreram na economia brasileira desde a primeira metade dos anos 1990 causaram impactos diretos sobre o setor canavieiro.

É importante ressaltar que o complexo canavieiro vem passando por um novo período de concentração e centralização de capitais, nas indústrias e propriedades agrícolas, que se revestem em concentrações técnicas e econômicas, já que, atualmente, fusões e incorporações se intensificaram nas regiões mais dinâmicas do setor sucroalcooleiro do Brasil, sobretudo, na Região Centro-Sul.

Paralelamente a isso, o setor industrial percebeu, na década de 1990, que a preocupação com os recursos naturais e seu uso racional poderiam proporcionar ganhos em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado. Houve um gradativo incremento na demanda por sustentabilidade da agricultura, fomentado por movimentos ambientalistas, com o objetivo de preservar os recursos naturais e consumir produtos saudáveis, cuja produção não prejudica o meio ambiente.

Neste contexto, ações voltadas para a qualidade dos produtos, responsabilidade social e gestão ambiental estão sendo implantadas intensamente em instituições sucroalcooleiras de todo o Brasil. Por se tratar de um setor tradicional e economicamente importante para o País, a agroindústria canavieira tem se modernizado e acompanhado essas novas tendências gerenciais. É importante destacar que o papel desse setor no processo do desenvolvimento sustentável e na utilização racional dos recursos naturais sempre foi um assunto polêmico.