Séries históricas

Conteúdo atualizado em: 21/02/2022

Autor

Carlos Eduardo Freitas Vian - Consultor autônomo

 

A produção de açúcar é a atividade econômica mais antiga do Brasil e está relacionada aos principais eventos históricos do País. O Brasil é, atualmente, o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo (Tabela 1), seguido pela Índia, e é, isoladamente, o maior produtor de açúcar e álcool e o maior exportador mundial de açúcar.

Tabela 1. Principais países produtores de cana-de-açúcar em 2005.

Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2007).

 

O setor sucroalcooleiro tem grande importância econômica e social no Brasil, desde o período colonial. A cada safra, a cadeia produtiva da cana-de-açúcar movimenta intensamente a economia do País. A produção de cana, álcool e açúcar, no Brasil, passaram por grandes mudanças nas últimas três décadas.

Com a criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool), nos anos 1970, houve uma grande expansão da capacidade produtiva. De 1975 a 1987, ocorreu um veloz crescimento na produção de cana, o que pode ser observado na Figura 1, em que é apresentada a evolução da produção de cana, em milhões de toneladas, entre as safras 1948/1949 e 2006/2007.

Figura 1. Evolução da produção brasileira de cana-de açúcar nas safras 1948/1949 a 2006/2007.
Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2007).

 

Entre 1975 e 1990, enquanto a produção de cana e álcool tiveram um crescimento significativo, a produção de açúcar teve incrementos de produção bem menores. A partir de 1995/1996, houve um surpreendente aumento de produção de açúcar, cuja comercialização foi voltada, sobretudo, ao mercado externo. Neste período, a participação do açúcar brasileiro no mercado internacional saltou de 8% para 30% do total comercializado. Esse brusco crescimento da exportação de açúcar ocorreu em um período de queda de preços no mercado internacional. A crescente oferta brasileira afetou a cotação externa da commodity.

A Figura 2 indica como se deu a divisão entre álcool e açúcar - safras 1950/1951 a 2006/2007.

 

Figura 2. Destinação do ATR (Açúcar Total Recuperável) de cana para a produção de açúcar e álcool nas safras 1950/1951 a 2006/2007.
Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2007).

 

Por meio do Proálcool, o Brasil pôde reduzir suas importações de petróleo, numa época em que o preço do barril no mercado internacional atingiu patamares bastante elevados. Houve, também, o estímulo da indústria automobilística local para a produção de veículos a álcool, cujas vendas internas passaram de 283 mil para 699 mil veículos por ano, entre 1980 e 1986.

A expansão na venda de automóveis a álcool foi muito importante para a manutenção do dinamismo econômico do Brasil, no meio da década de 1970 e início da década de 1980, quando a pressão exercida pelo mercado internacional do petróleo passou a influenciar a taxa cambial do País.

Além da adoção do etanol como combustível alternativo à gasolina, o Proálcool também propôs a adição de 22% de etanol anidro à gasolina, substituindo o chumbo tetraetila, usado até então. Atualmente, a mistura de etanol à gasolina é feita na proporção de 25%.

Nos quinze anos seguintes, ocorreu o progressivo declínio do programa, com a queda nas vendas de carros a álcool e na produção de álcool hidratado. No entanto, esta queda não significou a estagnação da agroindústria da cana-de-açúcar, que cresceu devido às exportações de açúcar e inovações, que melhoraram as técnicas de produção, derrubando seus custos.

Em 2003, novas perspectivas surgiram para o uso de álcool hidratado, com a introdução de uma nova tecnologia para a frota de veículos leves: os carros flex fuel, que operam com qualquer porcentagem de mistura de etanol e gasolina. As Figuras 3, 4 e 5 mostram a evolução da produção e exportação de álcool pelo Brasil.

 

Figura 3. Evolução da produção brasileira de álcool nas safras 1948/1949 a 2005/2006.
Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2007)

 

 

Figura 4. Evolução das exportações brasileiras de álcool 1989 a 2006.
Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2007)

 

Figura 5. Evolução do consumo brasileiro de álcool combustível - safras1989/90 a 2005/06.
Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2007).     


Dos 15 bilhões de litros de álcool produzidos no Brasil, 85% são consumidos internamente. Apenas 2,5 bilhões de litros são exportados.

Atualmente, é possível produzir álcool a custo inferior ao da gasolina, devido à eficiência obtida pelo sistema agroindustrial da cana-de-açúcar. Os efeitos desses avanços são refletidos no mercado. Em junho de 2005, os veículos leves, bicombustíveis, representaram 51,9% do total de vendas internas. Estima-se que, em 2010, esse valor possa chegar a 80%.

 

Fonte consultada:

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Balanço nacional da cana-de-açúcar e agroenergia. Brasília, DF, 2007. 140 p.