Cana
Mercado
Autor
Carlos Eduardo Freitas Vian - Consultor autônomo
O Brasil é líder mundial na produção de cana-de-açúcar e de seus derivados. O segmento emprega mais de 4 milhões de pessoas sendo que, em 2008, respondeu por 1,76% do PIB (Produto Interno Bruto) agrícola nacional. São Paulo é o Estado que mais produz cana, com 58% da safra 2003/2004.
O parque industrial sucroalcooleiro do País conta com 373 unidades, distribuídas em todas as regiões, e concentradas na produção de açúcar e álcool. Os números do setor sucroalcooleiro podem ser visualizados na Tabela 1.
Tabela 1. O setor sucroalcooleiro do Brasil em 2008/2009 - alguns números.
Fonte: Procana (2009), adaptada pelo autor.
A produção brasileira de cana-de-açúcar na safra 2005/2006 foi de 386,5 milhões de toneladas. A produção brasileira de cana ao longo dos anos pode ser observada na Figura 1.
Figura 1. Produção brasileira de cana-de-açúcar - safras 1975/76 a 2006/07.
Na safra 2006/2007, o setor sucroalcooleiro esmagou 428 milhões de toneladas, sendo 295 milhões (69,3%) na Região Sudeste, 56 milhões (13,1%) no Nordeste, 41 milhões (9,7%) no Centro-Oeste, 32 milhões (7,6%) no Sul e 1,29 milhões de toneladas (0,3%) na região Norte.
A produção nacional de açúcar, na safra 2006/2007, foi de 30 milhões de toneladas - 12,4% superior à da safra 2005/2006; e a produção de álcool foi de 17,64 bilhões de litros - superior em 3,8% à da safra anterior.
O agronegócio da cana-de-açúcar no Brasil distingue-se dos demais países por produzir, em escala industrial, tanto açúcar quanto álcool. Esse aproveitamento múltiplo torna bastante complexo o planejamento e funcionamento dessa cadeia produtiva, em um ambiente livre de mercado - sem interferência do Governo - exigindo ampla organização e coordenação de todos os elos que a compõem.
A primeira característica dessa cadeia produtiva – que não pode ser negligenciada, já que interfere na quantidade e qualidade de matéria-prima – é que seu principal insumo, a cana, é de origem agrícola e, assim, está sujeita aos riscos climáticos, fitossanitários, e à sazonalidade da produção, que podem impor fortes impactos sobre a quantidade ofertada e sobre a renda dos produtores, ao longo do ano-safra.
É importante considerar que, dado o tamanho da produção brasileira, o impacto sobre os preços decorrentes de uma variação da safra nacional faz-se sentir também no mercado internacional, uma vez que o Brasil é o maior exportador mundial de açúcar. Variações não planejadas da oferta de cana-de-açúcar têm impacto nos preços de todos os produtos e podem comprometer o abastecimento dos produtos finais, sobretudo o do álcool combustível. O açúcar, por ser uma commodity internacional, está disponível no mercado mundial em quantidades suficientes para regular o abastecimento, em caso de falta do produto.
Figura 2. Produção mundial de etanol em 2004/2005.
Já a produção mundial de açúcar para a safra 2005/2006 foi de 131,88 milhões de toneladas, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO - sigla em inglês). Brasil, Índia e China são, nesta ordem, os principais produtores mundiais de açúcar (Figura 3).
Figura 3. Produção mundial de açúcar em 2005/2006.
No caso do álcool, o mercado interno absorve mais de 90% da produção. Porém, as exportações também estão apresentando um crescimento expressivo. Em 2005, os embarques totalizaram 2,6 bilhões de litros e uma receita de US$ 765,5 milhões.