Mercado

Conteúdo atualizado em: 21/02/2022

Autor

Carlos Eduardo Freitas Vian - Consultor autônomo

 

O Brasil é líder mundial na produção de cana-de-açúcar e de seus derivados. O segmento emprega mais de 4 milhões de pessoas sendo que, em 2008, respondeu por 1,76% do PIB (Produto Interno Bruto) agrícola nacional. São Paulo é o Estado que mais produz cana, com 58% da safra 2003/2004.

O parque industrial sucroalcooleiro do País conta com 373 unidades, distribuídas em todas as regiões, e concentradas na produção de açúcar e álcool. Os números do setor sucroalcooleiro podem ser visualizados na Tabela 1.

Tabela 1. O setor sucroalcooleiro do Brasil em 2008/2009 - alguns números.

 

Fonte: Procana (2009), adaptada pelo autor.

 

A produção brasileira de cana-de-açúcar na safra 2005/2006 foi de 386,5 milhões de toneladas. A produção brasileira de cana ao longo dos anos pode ser observada na Figura 1.

Figura 1.  Produção brasileira de cana-de-açúcar - safras 1975/76 a 2006/07.

 

Na safra 2006/2007, o setor sucroalcooleiro esmagou 428 milhões de toneladas, sendo 295 milhões (69,3%) na Região Sudeste, 56 milhões (13,1%) no Nordeste, 41 milhões (9,7%) no Centro-Oeste, 32 milhões (7,6%) no Sul e 1,29 milhões de toneladas (0,3%) na região Norte.

A produção nacional de açúcar, na safra 2006/2007, foi de 30 milhões de toneladas - 12,4% superior à da safra 2005/2006; e a produção de álcool foi de 17,64 bilhões de litros - superior em 3,8% à da safra anterior.

O agronegócio da cana-de-açúcar no Brasil distingue-se dos demais países por produzir, em escala industrial, tanto açúcar quanto álcool. Esse aproveitamento múltiplo torna bastante complexo o planejamento e funcionamento dessa cadeia produtiva, em um ambiente livre de mercado - sem interferência do Governo - exigindo ampla organização e coordenação de todos os elos que a compõem.

A primeira característica dessa cadeia produtiva – que não pode ser negligenciada, já que interfere na quantidade e qualidade de matéria-prima – é que seu principal insumo, a cana, é de origem agrícola e, assim, está sujeita aos riscos climáticos, fitossanitários, e à sazonalidade da produção, que podem impor fortes impactos sobre a quantidade ofertada e sobre a renda dos produtores, ao longo do ano-safra.

É importante considerar que, dado o tamanho da produção brasileira, o impacto sobre os preços decorrentes de uma variação da safra nacional faz-se sentir também no mercado internacional, uma vez que o Brasil é o maior exportador mundial de açúcar. Variações não planejadas da oferta de cana-de-açúcar têm impacto nos preços de todos os produtos e podem comprometer o abastecimento dos produtos finais, sobretudo o do álcool combustível. O açúcar, por ser uma commodity internacional, está disponível no mercado mundial em quantidades suficientes para regular o abastecimento, em caso de falta do produto.

O sucesso de alguns programas no setor que envolve açúcar e álcool, aliado à evolução obtida pela pesquisa agropecuária e industrial, proporcionou uma competitividade brasileira em açúcar e álcool muito elevada, inclusive em relação aos principais produtores mundiais. A Tabela 2 ilustra a competitividade do álcool brasileiro com valores relativos ao ano de 2004. Atualmente, o custo de produção do álcool brasileiro está em torno de R$ 0,75 a R$ 0,80 por litro.
 
Tabela 2. Custo de produção de álcool em 2004 (dólar por tonelada).
 
O custo de produção do açúcar no Brasil situa-se bem abaixo do custo de seus concorrentes, o que favorece a competitividade (Tabela 3). Na Europa, onde o açúcar é feito a partir da beterraba, a competitividade brasileira é muito superior.
 
Tabela 3. Custo de produção de açúcar em 2003.
 
 
Fonte: Carvalho (2006).
 
Em relação à produção mundial de etanol, os Estados Unidos e o Brasil são os maiores produtores e respondem, juntos, por 70% da oferta global (Figura 2). Mundialmente, a produção de etanol totalizou 46 bilhões de litros em 2005.

 

Figura 2. Produção mundial de etanol em 2004/2005.

 

Já a produção mundial de açúcar para a safra 2005/2006 foi de 131,88 milhões de toneladas, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO - sigla em inglês). Brasil, Índia e China são, nesta ordem, os principais produtores mundiais de açúcar (Figura 3).

Figura 3. Produção mundial de açúcar em 2005/2006.

 

O consumo interno de açúcar absorve cerca de 40% da produção. Em 2005, as exportações totalizaram 18,1 milhões de toneladas e uma receita de US$ 3,9 bilhões.

No caso do álcool, o mercado interno absorve mais de 90% da produção. Porém, as exportações também estão apresentando um crescimento expressivo. Em 2005, os embarques totalizaram 2,6 bilhões de litros e uma receita de US$ 765,5 milhões. 
 
 
Fontes consultadas:
 
CARVALHO, G. R. O setor sucroalcooleiro em perspectivas. Campinas: Embrapa Monitoramento pro Satélite, 2006. Disponível em: <http://www.cnpm.embrapa.br/conjuntura/0603_Sucroalcooleiro.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2008.
 
PROCANA. Os impressionantes números do setor (safra 2008/09). 2009. Disponivel em: <http://www.jornalcana.com.br/Conteudo/Conheca%20o%20Setor.asp>. Acesso em: 5 set. 2009.