Cana
Transgenia e sequenciamento genético
Autor
Raffaella Rossetto - Consultora autônoma
Transgenia
Há mais de trinta anos, os cientistas são capazes de desenvolver organismos que carregam em sua carga genética genes modificados ou oriundos de organismos de outras espécies. Isso só é possível graças a alguns conhecimentos prévios, relacionados, sobretudo, à estrutura do DNA. A engenharia genética - ramo da ciência que estuda os genomas dos seres vivos - desenvolve técnicas que permitem a inserção de genes de espécies diferentes em indivíduos aos quais se deseja alterar características impróprias para determinadas finalidades.
A transgenia vem sendo aplicada nas atividades agrícolas para viabilizar o cultivo de espécies vegetais mais adaptadas às necessidades humanas, como resistência à seca, incidência de pragas, adaptação a determinadas regiões, entre outras.
No Brasil, muitas variedades transgênicas já foram desenvolvidas por empresas públicas e pela iniciativa privada, como: soja, cana-de-açúcar resistentes ao glifosato, batata, mamão e feijão resistente a vírus. As duas principais instituições relacionadas com o estudo de produção de cultivares tansgênicos são a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar).
O Brasil possui legislação específica para tratar da produção de transgênicos e da sua liberação no meio ambiente. A Lei 8.974/95 fez criar a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) como entidade responsável pela elaboração das instruções normativas relativas aos transgênicos.
Aproximadamente 20 programas desenvolvem pesquisa para o melhoramento da cana-de-açúcar no Brasil, todos em conformidade com as normas do CTNBio. A Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq/USP) introduziu genes da soja na cana-de-açúcar, obtendo uma planta bastante resistente à broca da cana.
Especialistas acreditam que o lançamento de variedades de cana transgênica poderá demorar ainda algum tempo devido a legislação que trata do desenvolvimento e da liberação de produtos geneticamente modificados. Em 2005, foi realizado um simpósio sobre biotecnologia da cana-de-açúcar, quando um grupo de estudo propôs a formação de um comitê multi-institucional para tratar do desenvolvimento da cana-de-açúcar transgênica no País, com ênfase na legislação e nos impactos ambientais.
Em tese, o lançamento de variedades transgênicas de cana-de-açúcar pode aumentar a produtividade canavieira através da mutação das características de resistência a herbicidas e aumento da precocidade.