Plantio manual

Conteúdo atualizado em: 22/02/2022

Autores

Antonio Dias Santiago - Embrapa Tabuleiros Costeiros

Raffaella Rossetto - Consultora autônoma

 

O plantio convencional de cana-de-açúcar, também denominado manual é, tecnicamente, considerado semi-mecanizado por envolver operações manuais e mecanizadas em suas etapas. As operações envolvidas no plantio semi-mecanizado são: sulcação mecanizada, juntamente com a aplicação de defensivos e fertilizantes; distribuição de mudas, manualmente; picação e alinhamento das mudas dentro do sulco, manualmente, e cobrição (fechamento) dos sulcos, mecanicamente.

Estas etapas são adotadas em canaviais das regiões Centro-Sul e Oeste do País e em algumas áreas do Nordeste, onde são possíveis operações mecanizadas. Nas áreas declivosas desta região, onde se encontram culturas de cana-de-açúcar em relevos com até mais que 40% de declividade, as etapas de um sistema de plantio são bem diferentes, chegando a apresentar somente etapas manuais e com tração animal, em função da impossibilidade de se utilizar máquinas. A seguir, há um detalhamento de algumas dessas atividades.

 

Corte da muda

Essa atividade deve ser realizada apenas quebrando as mudas, sem o uso do facão (podão). Se por ventura o podão for utilizado, deve-se tomar cuidados para que não ocorra contaminação do instrumento, o que poderá comprometer as mudas e a produção. É recomendável que o podão seja desinfetado com creolina, periodicamente, para evitar a proliferação de microrganismos fitopatogênicos. Nesse momento, é recomendada a despalha dos colmos, feita com cautela para não ferir as gemas, e, dessa forma, não dificultar sua brotação. 


Carregamento e transporte

A carga deve ser organizada na carroceria do veículo de forma a facilitar a distribuição manual. Geralmente, utiliza-se carretas puxadas por trator para o transporte das mudas.


Sulcação, adubação e aplicação de defensivos

A operação de sulcação está relacionada com os seguintes aspectos: espaçamento da cultura, profundidade e largura do sulco. Geralmente, os implementos utilizados para a sulcação também são capazes de efetuar a adubação, simultaneamente. Nessa etapa pode-se efetuar, também, a aplicação de defensivos, como, por exemplo, inseticidas.

Como já mencionado, os sulcos devem ter profundidade entre 25 e 30 centímetros - medida que não deve ser excedida - a não ser que o preparo do solo tenha sido mais profundo. As novas raízes devem encontrar um solo preparado para formar um sistema radicular amplo e eficiente.

Plantio

Quando o plantio é realizado de forma manual, é necessária a utilização de mão-de-obra para a otimização das seguintes atividades: colocação e arrumação da posição dos toletes nos sulcos, corte dos toletes em pedaços contendo três gemas e fiscalização do plantio.

Os toletes devem ser cortados para evitar que a predominância de hormônios vegetais existentes na ponta da cana (tecidos jovens) induza o entortamento do colmo e a saída da ponta do colmo para fora do sulco. Cortando em pedaços, quebra-se a dominância da gema apical e, assim, todas as gemas passam a sintetizar hormônios vegetais que induzem a brotação.

Durante a sulcação, a cada dez ou 15 linhas é comum deixar duas sem sulcar, o que caracteriza o chamado plantio com banqueta. O trator e a carreta ou o caminhão contendo as mudas transitam por essa banqueta. Após todo o plantio, o sulcador retorna sulcando as banquetas e, assim, completa o terreno. No sulco mais próximo da banqueta - de cada lado desta - são deixadas mudas em dobro para completar depois os sulcos referentes à banqueta. Há um índice de falhas que avalia a qualidade do plantio em relação às falhas em cana-planta e cana-soca, conforme mostra a Tabela 1. O índice de falhas inferior a 10 % (das falhas maiores que 50 centímetros) é classificado como de excelente qualidade.

Tabela 1. Avaliação da qualidade do plantio da cultura
da cana-de-açúcar em  relação às falhas no plantio.

(*) Para 15 gemas por metro e ótimas condições de brotação.
(**) normal – tipo mais encontrado.
Fonte: Stolf (1986).


Como as gemas da ponta do colmo têm maior vigor, é comum colocar no sulco colmos distribuídos em “pé com ponta”, ou seja, deve-se sobrepor às últimas duas gemas do pé da cana com outras duas gemas da ponta de um outro colmo. Logo após o seccionamento dos colmos em pedaços de três gemas, deve-se realizar a cobertura, pois, assim, as mudas ficam o menor tempo possível expostas à luz do sol, não sofrendo perda de água.  

 

Fonte consultada:

STOLF, R. Metodologia de avaliação de falhas nas linhas de cana-de-açúcar. STAB, Piracicaba, v. 4, n. 6, p. 22-36, jul./ago. 1986.