Rotação e reforma

Conteúdo atualizado em: 22/02/2022

Autores

Antonio Dias Santiago - Embrapa Tabuleiros Costeiros

Raffaella Rossetto - Consultora autônoma

 

Após o plantio, a lavoura de cana-de-açúcar permite de três a seis colheitas consecutivas, dependendo de vários fatores como: variedades, manejo de solo e de água e clima. Esta lavoura recebe o nome de cana-planta, no seu primeiro corte; soca ou segunda folha, no segundo; e, ressoca ou folha de enésima ordem nos demais cortes até a última colheita, completando, assim, o ciclo da cana plantada, quando é feita a renovação do canavial.

Com o término do ciclo da cana, o produtor pode optar por renovar imediatamente seu plantio ou proceder a rotação com outras culturas. Essa opção irá depender do seu objetivo que, resumidamente, pode ser melhoria das condições físico-químicas ou aumento de renda.

O sistema mais comum de utilização de culturas em rotação ou reforma envolve operações como: retirada da cana (entre setembro e outubro), destruição da soqueira, calagem, preparo do solo, plantio da cultura anual, colheita (entre fevereiro e março) e novo plantio de cana, logo em seguida.

Durante a renovação do canavial, normalmente, faz-se o uso de espécies de plantas conhecidas como adubos verdes, cujo objetivo é obter uma cobertura superficial e manter ou melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, inclusive em profundidade.

O cultivo de espécies de ciclo curto em áreas de renovação de cana-de-açúcar proporciona ao produtor uma série de vantagens agronômicas, econômicas, políticas e sociais. Algumas vantagens da rotação de culturas em cana-de-açúcar são:  

  • economia na reforma do canavial;
  • conservação do solo, devido à manutenção de cobertura numa época de alta precipitação pluvial;
  • controle de plantas daninhas durante o cultivo anual da cana;
  • combate indireto a pragas, como diatrea e elasmo, que se hospedam em plantas daninhas;
  • aumento da produtividade da cana-de-açúcar e produção de alimentos.

Em áreas de reforma do canavial pode-se optar pelo plantio de leguminosas, sobretudo de Crotalaria juncea, soja e amendoim, sendo que a escolha deve ser feita em função do local a ser utilizado para o plantio, da declividade da área, da predisposição a pragas de solo e disponibilidade de máquinas e implementos para implantação da atividade.

Crotalaria juncea

Como adubo verde, a Crotalaria juncea apresenta as seguintes vantagens:

  • controle da erosão;
  • diminuição do assoreamento dos sulcos de plantio, facilitando a germinação;
  • reciclagem de nutrientes percolados;
  • dispensa da adubação nitrogenada de plantio;
  • diminuição da incidência de plantas daninhas;
  • aumento da produtividade.

Soja

Quanto ao plantio da soja (Figura 1), deve-se escolher variedades precoces à médias, utilizando-se de terrenos mecanizáveis para a colheita. As vantagens da utilização dessa leguminosa em rotação com a cana são:

  • absorção dos custos de preparo do solo, como operações mecanizadas (aração, gradagem, terraceamento, distribuição de calcário e de adubos em área total);
  • absorção dos custos de calcário e adubo em área total;
  • geração de benefícios diretos, com o uso de leguminosas, como: fixação biológica de nitrogênio, incorporação de matéria orgânica e conservação do solo, o que resulta na redução do uso de nitrogênio fertilizante em cana-planta.
 
Foto: Bolonhezi e Pereira (1999).
Figura 1. Soja sobre palhada de cana-de-açúcar, sem queima.
 

Amendoim

Assim como a soja, o amendoim é uma cultura interessante para rotação com a cana por apresentar baixa exigência de fertilidade do solo. Possui sistema radicular bem desenvolvido e boa adaptação a solos arenosos, apresentando um produto de melhor qualidade e preços no mercado, quando plantado neste tipo de solo.


Fonte consultada:

BOLONHEZI, D.; PEREIRA, J. C. V. N. A. Plantio direto na Alta Mogiana. O Agronômico, Campinas, v. 51, p. 12-15, 1999.