Cana
Maturação
Autor
Raffaella Rossetto - Consultora autônoma
O processo de maturação da cana-de-açúcar pode ser difinido como o processo fisiológico que envolve a formação de açúcares nas folhas e seu deslocamento e armazenamento no colmo. Pode-se, ainda, definir a maturação da cana sob três aspectos:
- botânico: a cana só é considerada madura após a emissão de flores (Figura 1) e a formação de sementes. Na reprodução por toletes, a maturação é considerada quando as gemas estão em condições de dar origem a novas plantas;
- fisiológico: a maturação ocorre quando o colmo atinge seu máximo armazenamento de açúcar (sacarose);
- econômico: quando a cana atinge o teor mínimo de sacarose de 13% do peso do colmo, necessário para que possa ser viável industrialmente.
Foto: Rogério Sakai. |
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Figura 1. Canavial em fase de florescimento. |
O armazenamento e a translocação (transporte através da água) do açúcar se processa aos poucos, desde os primeiros meses de crescimento da cana-de-açúcar até o completo desenvolvimento de seus colmos. O acúmulo máximo de sacarose ocorre quando a planta encontra condições que restringem seu crescimento (deficiência hídrica, falta de nutrientes e condições adversas de clima). Estas condições forçam a planta a parar seu crescimento e amadurecer.
O uso excessivo de fertilizantes favorece intensamente o crescimento vegetativo da planta, o que atrasa sua maturação. A farta quantidade de nitrogênio existente na época da colheita leva ao baixo conteúdo de sacarose da planta. Da mesma forma, a água em abundância durante todo o ciclo da cana prejudica sua maturação.
É comum o emprego de práticas culturais de manejo de adubação e de irrigação com o objetivo de favorecer o amadurecimento da cana-de-açúcar com elevados teores de sacarose. Na medida em que as plantas apresentarem colmos bem desenvolvidos, a adubação e a irrigação devem ser limitados. Além destas práticas, o uso de maturadores tem sido amplamente utilizado.
Maturadores químicos
Maturadores são produtos químicos que induzem o amadurecimento de plantas, causando, assim, a translocação e o armazenamento dos açúcares na planta. São utilizados para antecipar e otimizar o planejamento da colheita. Os maturadores podem, ainda, apresentar substâncias que dessecam a planta, o que favorece a queima e diminui as impurezas vegetais ou que inibem o florescimento.
Existem dois tipos básicos de maturadores para o setor canavieiro: os estressantes e os não-estressantes. Os estressantes são inibidores de crescimento, que reduzem, acentuadamente, o ritmo de crescimento da cana, fazendo-a acumular a sacarose em vez de utilizá-la como fonte de energia para seu crescimento. A redução no ritmo de crescimento força a planta a amadurecer. Os maturadores estressantes mais utilizados são à base dos seguintes compostos: Glyplhosate, Etil Trinexapac e Sulfometurom metil.
Os maturadores não-estressantes não diminuem o ritmo de crescimento da planta e sua ação libera o etileno, composto responsável pela maturação que ajuda a acumular sacarose nos colmos da cana. O Ethephon é um exemplo deste tipo de maturador.
Determinação do estágio de maturação
Para determinar se a cana-de-açúcar encontra-se no ponto de maturação utiliza-se o refratômetro de campo, aparelho que fornece a porcentagem de sólidos solúveis do caldo (chamado de brix), que está ligado ao teor de sacarose da cana-de-açúcar. Após esta medição, é feita uma análise laboratorial.
A maturação da cana-de-açúcar se dá da base do colmo ao seu ápice. A planta imatura apresenta uma grande diferença nos teores de sacarose entre os extremos de seus colmos. Portanto, o critério utilizado para estimar a maturação pelo refratômetro de campo é o índice de maturação (IM), que fornece a relação entre os dois teores, conforme a fórmula, abaixo.
Para a cana-de-açúcar, os valores de IM admitidos são:
- menor que 0,60 para cana verde;
- entre 0,60 e 0,85 para cana em processo de maturação;
- entre 0,85 e 1 para cana madura;
- maior que 1 para cana em processo de declínio de sacarose.