Manejo do solo

Conteúdo atualizado em: 16/02/2022

Autor

Ronessa Bartolomeu de Souza - Embrapa - Secretaria de Inovação e Negócios

 

Sistemas de cultivo

Quando se trata de sistemas de cultivo, estamos nos referindo a princípios gerais básicos de produção, podendo-se estabelecer o cultivo de cebola em sistema convencional e sistema de plantio direto (SPD).

  • Sistema convencional
O sistema convencional é o sistema de cultivo de cebola em que o preparo do solo é feito com aração e gradagem seguidas de encanteiramento e/ou sulcamento para o plantio. A adubação pode ser orgânica e química ou apenas química. Este sistema pode ser implementado pelos métodos de plantio por semeadura direta, transplante de mudas, cultivo de bulbinhos e cultivo de soqueiras.
  •  Sistema de plantio direto
O SPD de cebola, também chamado de cultivo mínimo ou plantio na palha, segue três princípios básicos: revolvimento do solo restrito às linhas de plantio, rotação de culturas e cobertura permanente do solo pelo uso de plantas de cobertura para produção de palhada. O SPD surgiu como resposta a demandas do setor produtivo para se reduzir os processos erosivos observados no sistema convencional de cultivo, especialmente em áreas com declividade mais acentuada. Este sistema pode ser implementado também por qualquer um dos quatro métodos de plantio, mas, tem sido implementado principalmente pelos métodos de semeadura direta e transplante de mudas.
Rotação

Independente do sistema de cultivo (convencional ou plantio direto), é de suma importância a escolha adequada da sucessão de culturas a ser implantada. De forma geral, não somente para a cebola, mas, para qualquer cultura, recomenda-se escolher plantas de diferentes famílias botânicas, de modo a reduzir a possibilidade de multiplicação de inóculo de doenças ou de pragas.

Essa escolha assume importância ainda maior no caso do SPD, em que as plantas antecessoras à cebola serão as plantas produtoras de palhada ou plantas de cobertura. Em geral, utilizam-se gramíneas, especialmente milho e milheto, por se tratar de plantas com alta relação C:N (carbono:nitrogênio) o que proporciona palhada mais duradoura.

Calagem

A cebola é relativamente sensível à acidez dos solos, desenvolvendo-se melhor em pH (em água) de 6,0 a 6,5 e de, no máximo, 5% de saturação por Al3+. Dessa forma, a calagem é fundamental nos solos brasileiros, em sua maioria ácidos e com teores elevados de alumínio trocável.

Cálculo de necessidade de calagem:

A quantidade de calcário a ser adicionado ao solo é calculada com base na análise de solo, podendo-se utilizar um dos métodos a seguir:

A. Método da elevação da porcentagem de saturação por bases
t.ha-1 de calcário = (V2 - V1).T/PRNT, em que:
V2 = 70% (saturação por bases desejada); V1 = saturação por bases atual (análise de solo) = [(Ca2++Mg2++K+).100]/T;
T = capacidade de troca catiônica [Ca2++Mg2++K++(H + Al)], em cmolc.dm-3;
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser aplicado.
B. Método da neutralização do Al3+ e fornecimento de Ca2++Mg2+
t.ha-1 de calcário = Y.[Al3+-(mt.t/100)]+[X-(Ca2++Mg2+)].100/PRNT, em que:
X = exigência em cálcio e magnésio pela cultura (para cebola X = 3,0);
mt = máxima saturação por alumínio tolerada pela cultura (para cebola mt = 5,0);
Y = fator que varia com a capacidade tampão de acidez do solo podendo ser definido de acordo com a textura. Para solos arenosos (0 a 15% de argila); textura média (16 a 35% de argila); argilosos (36 a 60 de argila); muito argilosos (61 a 100 de argila), usa-se valores de Y de 0 a 1,0; 1,0 a 2,0; 2,0 a 3,0 e de 3,0 a 4,0, respectivamente.
B. Método SMP
Este método, utilizado nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, baseia-se no índice SMP para a recomendação de calagem. Para o cultivo da cebola, uma vez determinado o índice SMP na análise de solo, obtém-se a quantidade de calcário a ser aplicada para elevar o pH do solo a 6,0 mediante o uso da Tabela 1.

Tabela 1. Quantidade de calcário (PRNT 100%) com base no ínidice SMP, visando a atingir o pH 6,0 em água, para correção da acidez dos solos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

  Índice
      SMP     
   Calcário   
     t.ha-1      
   Índice    
       SMP         
Calcário
     t.ha-1    
      Índice      

 SMP  

Calcário
       t.ha-1     

<4,4  21,0  5,3 7,5  6,2 2,2
  4,5  17,3  5,4  6,8  6,3  1,8
  4,6  15,2  5,5  6,1  6,4  1,4
  4,7  13,3  5,6  5,4  6,5  1,1
  4,8  11,9  5,7  4,8  6,6  0,8
  4,9  10,7  5,8  4,2  6,7  0,5
  5,0    9,9  5,9  3,7  6,8  0,3
  5,1    9,1  6,0  3,2  6,9  0,2
  5,2    8,3  6,1  2,7  7,0  0,0

Fonte: COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC. Manual de adubação e de calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: SBCS-NRS/EMBRAPA-CNPT, 2004. 400 p.

 

Adubação e nutrição

A aplicação racional de fertilizantes, químicos ou orgânicos, exige o conhecimento da disponibilidade de nutrientes no solo, das exigências nutricionais da cultura e da avaliação do estado nutricional das plantas. A disponibilidade de nutrientes é avaliada por meio da análise química do solo, e o estado nutricional das plantas por meio da diagnose foliar (análise de tecidos vegetais) e diagnose visual (observação de sintomas de carência ou excesso).

As recomendações de adubação para o cultivo da cebola são praticamente as mesmas para os métodos de plantio por semeadura direta, por mudas, por bulbinhos ou por bulbos de soqueira, variando apenas com o sistema de cultivo, se no sistema convencional ou de plantio direto.