Cebola
Sintomas de deficiências nutricionais
Autor
Ronessa Bartolomeu de Souza - Embrapa - Secretaria de Inovação e Negócios
Além de reduzir a produtividade, a deficiência ou excesso de minerais causa desequilíbrios nutricionais que geram grandes prejuízos à cebola.
A diagnose visual é um método auxiliar na tomada de decisão, embora quando há manifestação de falta ou excesso e estes possam ser corrigidos a tempo, normalmente algum prejuízo é esperado.
A seguir estão descritos sintomas visuais mais comuns de falta de macro e micronutrientes em cebola. Enquanto para alguns elementos minerais a falta é facilmente detectada, para outros, os sintomas visuais não são exclusivos e dificultam a associação do sintoma com um único elemento mineral.
Macronutrientes
Nitrogênio (N) A deficiência de N na cebola causa inicialmente redução na taxa de crescimento da parte aérea e sistema radicular. Em seguida há descoloração generalizada da parte aérea - as folhas tornam-se verde-claras ou verde-amareladas - e ocorre necrose de coloração palha-clara nas pontas das folhas, iniciando-se pelas mais velhas (Figura 1). Persistindo a deficiência, as áreas necrosadas aumentam em tamanho e as necroses de cor palha nas folhas velhas adquirem tonalidade escura. As folhas novas ficam menores tanto no comprimento quanto do diâmetro, ralas e delicadas. No caso de deficiência prolongada, a planta inteira exibe tais sintomas, há estagnação do crescimento da planta e as folhas mais velhas amarelecem e secam. Em plantas florescidas, há redução do número e tamanho das umbelas, com maturação precoce das mesmas. Convém lembrar que temperaturas baixas, excesso de água ou seca prolongada podem causar sintomas semelhantes. O excesso de N pode ocasionar diversos problemas tais como alongamento do ciclo, plantas com “pescoço grosso”, muito viçoso, com excesso de folhas e que em geral não produzem bulbos de boa qualidade. Além disso, aumenta a suscetibilidade a doenças foliares e diminui a conservação pós-colheita dos bulbos. |
Foto: Valter R. Oliveira Figura 1. Sintoma de deficiência de nitrogênio |
Potássio (K) As primeiras alterações visuais em plantas de cebola sob deficiência de K são a clorose seguida da necrose de coloração palha-clara das extremidades das folhas mais velhas (Figura 2). Na fase mais adiantada da deficiência, as folhas tornam-se amarelas e suas extremidades necrosadas adquirem tonalidade escura. Persistindo a deficiência, as folhas mais novas também exibem clorose nas pontas que pode avançar para uma necrose. Ocorre diminuição do crescimento geral da planta. O K aumenta a tolerância a doenças e propicia melhor formação do bulbo e maior conservação pós-colheita, sendo essencial o balanço K:N para o bom desenvolvimento e qualidade da cebola. Não se conhece sintomas visíveis de toxidez de K, entretanto seu excesso induz deficiências de magnésio e cálcio. | Foto: Valter R. Oliveira Figura 2. Sintoma de deficiência de potássio |
Fósforo (P) Sob carência de P, as folhas mais velhas adquirem coloração verde-clara a verde-amarelada generalizada. Há redução no crescimento das plantas, seguido de necrose de coloração palha-clara nas extremidades das folhas mais velhas (Figura 3). Persistindo a deficiência do mineral, a necrose de cor palha-clara torna-se escura e pode ocorrer bronzeamento generalizado na folhagem da planta. As folhas mais jovens tornam-se de cor verde escura, finas e menores e também podem apresentar clorose seguida de necrose nas extremidades. Ocorre também redução do tamanho dos bulbos. O excesso de P pode causar deficiências induzidas de micronutrientes, especialmente de zinco e cobre. | Foto: Valter R. Oliveira Figura 3. Sintoma de deficiência de fósforo |
Cálcio (Ca) Os sintomas de deficiência manifestam-se inicialmente nas folhas mais novas que tombam sem se quebrarem, mesmo estando aparentemente sadias (Figura 4). Após alguns dias, estas folhas começam a secar do ápice para a base, adquirindo coloração palha; posteriormente, são acometidas as folhas intermediárias e, por último, as mais velhas, que são igualmente afetadas em caso de deficiência prolongada de Ca. Toxicidade deste nutriente ainda não foi relatada; entretanto, sabe-se que o excesso ocasiona desequilíbrios com outros nutrientes, especialmente o magnésio e o potássio. | Foto: Valter R. Oliveira Figura 4. Sintoma de deficiência de cálcio |
Magnésio (Mg) Sob deficiência do Mg, as folhas mais velhas tornam-se amareladas do ápice para a base (Figura 5). Na fase mais adiantada da deficiência, a clorose progredi em área e intensidade e há secamento das extremidades das folhas que exibem tonalidade bronzeada. Os sintomas progridem para as folhas mais novas com o passar do tempo e há redução do tamanho dos bulbos. |
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Enxofre (S) As folhas mais novas tornam-se inicialmente verde-claras e em seguida verde-amareladas, iniciando-se pelas folhas mais novas. As folhas algumas vezes ficam deformadas, exibindo nervuras em tom verde-escuro. Posteriormente as folhas novas secam completamente do ápice para a base. Nas folhas mais velhas ocorre necrose das extremidades de coloração palha-média, passando a escura (Figura 6). O S influencia o sabor e o aroma da cebola, de tal forma que existe relação direta entre o teor de S do solo e a pungência do bulbo. Mesmo as cultivares de cebola suaves tornam-se mais pungentes com o aumento da disponibilidade de S no solo. A adequada nutrição em S é também importante para a maior conservação pós-colheita dos bulbos. | Foto: Valter R. Oliveira Figura 6. Sintoma de deficiência de enxofre |
Micronutrientes
Em condições normais, nos solos brasileiros apenas o boro e o zinco e, em alguns casos, o cobre têm se mostrado deficientes para a cultura da cebola. Ferro, manganês, molibdênio e cloro geralmente não representam problemas.
Boro (B) Plantas deficientes de B exibem inicialmente redução na taxa de crescimento, alteração na tonalidade da cor verde nas folhas, passando do verde-escuro para o verde-azulado, tornando-se retorcidas, espessas e quebradiças. Rapidamente as folhas mais novas exibem necrose no ápice, tornando-se completamente secas em poucos dias (Figura 7). Sob ausência contínua do B, os sintomas de deficiência passam a ser exibidos pelas folhas mais velhas, finalizando com a morte das plantas. Há aumento na incidência de podridões durante o armazenamento dos bulbos diminuindo a conservação pós-colheita. | Foto: Valter R. Oliveira Figura 7. Sintoma de deficiência de boro |
Zinco (Zn) Os sintomas de deficiência surgem nas folhas mais novas. A carência provoca redução no crescimento das plantas, estriamento nas folhas, e algumas vezes, encurvamento das mesmas com clorose (Figura 8). Podem ocorrer ainda manchas cloróticas nas folhas mais novas e manchas irregulares amareladas nas folhas mais velhas. Pode haver falta de formação de botões florais, ocorrendo produção muito pequena de sementes.
| Foto: Valter R. Oliveira Figura 8. Sintoma de deficiência de zinco |
Cobre (Cu) Os sintomas de deficiência aparecem nas folhas mais novas. Sob deficiência, as plantas apresentam-se fracas e sem firmeza e as folhas com clorose esbranquiçada nas suas extremidades, além de retorcidas e com necrose nas pontas e margens das folhas (Figura 9). |
Figura 9. Sintoma de deficiência de cobre |
Molibdênio (Mo) Em plantas sob deficiência de Mo, observa-se inicialmente necrose de cor palha-clara nas folhas mais velhas, semelhante a deficiência de K, mas aparentemente sem ser precidida de clorose (Figura 10). Com o passar do tempo, todas as demais folhas exibem necrose nas pontas, com exceção das folhas mais novas. Folhas ficam mais eretas se assemelhando aos sintomas de deficiência de N. Com a manutenção da deficiência do elemento, há evolução da área necrosada nas extremidades das folhas, mas nenhuma outra alteração é observada.
| Foto: Valter R. Oliveira Figura 10. Sintoma de deficiência de molibdênio |
Manganês (Mn) Sob deficiência de Mn, ocorre necrose de cor palha-clara (semelhante a deficiência de K) nas extremidades das folhas, com exceção das mais novas (Figura 11). A exemplo do ocorre com as deficiências de Zn e Cu, a necrose é abrupta, sem ser precedida de clorose. Com o passar do tempo, as áreas necrosadas das extremidades das folhas evoluem. Alguns trabalhos destacam que sob de deficiência de Mn, as folhas mais velhas mostram clorose, que progride em tamanho e intensidade de amarelecimento, sendo que tais sintomas podem progredir para as folhas mais novas.
| Foto: Valter R. Oliveira Figura 11. Sintoma de deficiência de manganês |
Ferro (Fe) Sob carência de Fe, surgem inicialmente estrias amareladas na base das folhas novas. Com o passar do tempo, o estriamento das folhas avança para as folhas de idade intermediária e mais velhas (Figura 12). As folhas tornam-se mais eretas. Persistindo a carência do elemento, o estriamento inicial dá lugar a um amarelecimento generalizado das folhas, começando pelas mais novas. Simultaneamente ou seguindo este amarelecimento generalizado, há a ocorrência de cor palha muito clara (esbranquiçado), começando pelas extremidades e progredindo por toda a folha. As folhas necrosadas apresentam textura aveludada, diferente dos tecidos necrosados por deficiência de outros elementos minerais. Algumas plantas podem exibir áreas necrosadas esbranquiçadas de formato irregular ao longo das estrias amarelas. | Foto: Valter R. Oliveira Figura 12. Sintoma de deficiência de ferro |