Quando Irrigar?

Monitorando-se a tensão da água no solo diariamente, torna-se possível ajustar periodicamente o volume de água a ser aplicada (quanto irrigar) e o momento mais adequado de se fazer as aplicações (quando irrigar). Para o coqueiro-anão, os valores máximos toleráveis de tensão da água no solo, entre uma irrigação e outra, devem estar na faixa de 10 a 25 kPa, para solos arenosos, de 25 a 40 kPa, para solos de textura média, e de 40 a 55 kPa, para solos argilosos.

Para orientação dos ajustes necessários à quantidade de água a ser aplicada em cada evento de irrigação, é importante monitorar a tensão da água no solo na região de maior atividade das raízes, onde deve ser aplicada a água de irrigação pelos emissores (gotejadores ou microaspersores). Na maioria dos casos, pode-se se considerar como 0,6 m a profundidade efetiva do sistema radicular de coqueiros adultos. Entretanto, é recomendável a realização de inspeções de campo, pois podem ocorrer variações em função das condições locais, principalmente do tipo de solo.

Com apenas um tensiômetro, instalado na posição central do volume de solo irrigado, já é possível se obter informação útil para manejar a irrigação. Contudo, a utilização de dois tensiômetros, instalados de forma a representar a metade superior (camada de 0 a 30 cm) e a metade inferior (camada de 30 a 60 cm) da zona radicular efetiva, pode contribuir com informações mais detalhadas para o manejo da irrigação. A camada superior tem o secamento mais rápido do que a camada inferior e pode indicar a necessidade de irrigações mais frequentes. A informação da camada inferior, de secamento mais lento, pode indicar que uma menor quantidade de água pode ser aplicada para manutenção da umidade em condições de capacidade de campo. Assim, uma bateria de dois tensiômetros instalada na área molhada pelos emissores se consituirá numa ferramenta de grande valor ao produtor irrigante.

Recomenda-se fazer as leituras dos tensiômetros diariamente, pela manhã, e verificar se os valores lidos se encontram dentro das faixas de tensão aceitáveis, segundo o tipo de solo. Valores lidos próximos ou acima do limite superior de cada faixa indicam a necessidade de se irrigar. Valores próximos ou abaixo do limite inferior de cada faixa indicam que o solo está bem irrigado ou até com excesso de água, não sendo necessária a irrigação naquele dia.

Quanto irrigar?

Os cálculos e as correções diárias nas quantidades de água a aplicar (quanto irrigar) irão garantir o suprimento de água adequado às plantas, devendo-se evitar a prática de se aplicar as mesmas quantidades de água durante várias semanas ou até meses. Não havendo excesso de irrigação, evitam-se perdas de água, nutrientes e energia para bombeamento, reduzindo-se potenciais prejuízos econômicos.

Uma forma prática de planejar as aplicações de água ao longo do ano é elaborar uma tabela com as estimativas de necessidades diárias de irrigação para cada mês, com base em dados climatológicos da região e na idade da cultura. De posse das quantidades médias diárias estimadas para cada mês do ano, é possível realizar as irrigações iniciais e corrigir as quantidades a serem aplicadas nos dias subsequentes. Em virtude de os dados meteorológicos poderem diferir dos valores médios estimados, as leituras dos tensiômetros servirão de parâmetros para os ajustes, para mais ou para menos, de acordo com a demanda hídrica real.

Quantidade de água.

Na Tabela 1, é apresentado um exemplo de calendário mensal de irrigação para os 12 meses do ano. As quantidades de água a serem aplicadas ao longo do ano foram estimadas utilizando-se dados climatológicos para a Região Nordeste, de uma localidade do Baixo São Francisco. Os valores da Tabela 1 devem ser corrigidos com o uso de dados diários reais da estação meteorológica mais próxima possível a área irrigada.

Para uma melhor exatidão no controle das irrigações, pode-se construir tabelas com estimativas quinzenais ou semanais das quantidades de água a serem aplicadas. Os valores dos coeficientes de cultivo e de cobertura do solo devem ser também ajustados com base em informações locais, sempre que disponíveis. Com isso, o calendário de irrigação deverá ficar cada vez mais ajustado e preciso para a situação específica da cultura irrigada.

A decisão de se irrigar ou não em um determinado dia pode ser tomada com base nos dados diários de leitura dos tensiômetros, utilizando-se as faixas de tensão informadas anteriormente. Essas faixas de tensão poderão também ser ajustadas para as condições locais, melhorando-se, assim, a precisão das informações de manejo da irrigação.

Tabela 1. Exemplo de calendário de irrigação mensal, com quantidades de água a serem aplicadas por planta e por dia, estimadas com base em dados climáticos médios mensais da localidade da cultura irrigada.         

Nota: ETo = Evapotranspiração de referência calculada para a localidade da área cultivada.
ETc = Evapotranspiração da cultura calculada com o Kc considerado para a idade da planta.
V20 = Volume estimado de água a ser aplicado por planta jovem, por dia, a ser corrigido em função das informações locais.
V70 = Volume estimado de água a ser aplicado por planta adulta, por dia, a ser corrigido em função das informações locais.