Feijão-Caupi
Grãos armazenados
Autor
Paulo Henrique Soares da Silva - Embrapa Meio-Norte
Pragas dos grãos armazenados
Normalmente, as pragas que ocorrem por ocasião do armazenamento provêm do campo, e é o que se chama de infestação cruzada. A infestação pode ser feita por meio de ovos, larvas ou adultos, que, juntamente com as vagens, grãos ou sacarias, chegam aos armazéns, infestando também os grãos já existentes, ou seja, grãos sadios provenientes do campo podem ser também infestados nos armazéns quando medidas preventivas não são tomadas. Portanto, a contaminação inicial pode ocorrer tanto no campo como nos armazéns.
As principais pragas que atacam o feijão-caupi em condições de armazenamento são:
Traça (Plodia interpunctella, Huebner, 1813)
São pequenas mariposas de aproximadamente 20 mm de envergadura, cabeça e tórax avermelhados, asas anteriores com dois traços na ponta da asa (região apical) também avermelhados e o terço basal (base da asa) de coloração acinzentada. As lagartas são de coloração branco-rosadas, tornando-se mais escuras quando estão próximas de empuparem. Nesta fase, tecem um casulo de teia e restos de alimento e escrementos (Figura 1), entre os próprios grãos, sacarias ou frestas das paredes. Uma fêmea oviposita de 100 a 400 ovos distribuídos isoladamente ou agrupados sobre os grãos.
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva. | ||
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Figura 1. Traça nas fases de larva pupa e adulto. |
Por terem o corpo mole essa traça não penetra profundamente em grãos armazenados a granel, o ataque maior é nos grãos da superfície, principalmente aqueles trincados ou quebrados. Quando armazenados em sacarias, são mais atacados.
Caruncho-do-feijão-caupi (Callosobruchus maculatus, Fabricius,1775)
São besouros de aproximadamente 3 mm de comprimento, apresentando na asa anterior (élitros) manchas amarronzadas que, em repouso, formam um “X” (Figura 2) e vivem cerca de 5 a 8 dias. As fêmeas põem em média 80 ovos nas superfícies dos grãos (Figura 3). Ao eclodirem, as larvas penetram nesses grãos e passam a se alimentar de seu conteúdo. Dentro dos grãos, transformam-se em pupas (uma das fases de desenvolvimento dos insetos) e, após a emergência, os adultos perfuram um orifício de saída (Figura 3) e, fora dos grãos, reiniciam o ciclo biológico.
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva. | ||
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Figura 2. Adulto de caruncho-do-feijão-caupi. |
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva. | ||
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Figura 3. Caruncho-do-feijão-caupi em grãos, |
Controle da traça e do caruncho-do-feijão-caupi
O controle da traça e do caruncho-do-feijão-caupi, por apresentarem infestação cruzada e proporcionarem a contaminação dos armazéns, deve obedecer o seguinte esquema para os grãos armazenados em sacarias:
a) no período da entressafra, os armazéns devem ser limpos e desinfestados, com aplicação de inseticidas por meio de pulverização, polvilhamento ou nebulização, procurando atingir principalmente os locais de esconderijo dos insetos, como cantos de paredes, fendas dos trados, rachaduras de pisos e paredes, locais escuros, etc.
b) realização de expurgo em todo o material a ser estocado e, posteriormente, pulverização ou polvilhamento das superfícies do material expurgado.
c) fazer monitoramento dos grãos armazenados. É necessária uma amostragem mensal de cada lote, expurgando-se, novamente, aqueles infestados.
Expurgo
O expurgo é a aplicação de um produto que visa a eliminação dos insetos que se encontram nos produtos armazenados, em suas diversas fases de desenvolvimento, procurando-se atingir uma eficiência de 100 % no controle.
Na operação de expurgo, são empregados defensivos conhecidos como fumigantes, sendo o fosfeto de alumínio (fosfina) o mais utilizado atualmente (Figura 4).
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva. | ||
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Figura 4. Pastilhas de fosfina para expurgo de grãos armazenados. |
A operação de expurgo pode ser realizada com os grãos a granel ou ensacados. A granel, os grãos são depositados em silos verticais, horizontais ou em armazéns graneleiros.
Na operação de expurgo em grãos acondicionados em sacos, seguem-se as seguintes etapas:
1ª. Empilhamento da sacaria sobre estrados de madeira (Figura 5);
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva. | ||
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Figura 5. Sacos de feijão-caupi empilhados sobre estrados de madeira para serem expurgados. |
2ª. Cobertura da sacaria com um lençol impermeável de forma que as laterais do lençol se estendam sobre o piso por cerca de 1,0 m (Figura 6);
3ª. Disposição das “cobras de areia” sobre as laterais do lençol que se estende sobre o piso de maneira que o lençol fique em contato com este e evite a saída dos gases do inseticida (Figura 6).
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva. | ||
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Figura 6. Lençol impermeável cobrindo a sacaria |
Obs. Deixar um dos lados da pilha sem as “cobras de areia” para dar acesso à pessoa que vai colocar as pastilhas de fosfina (inseticida). Após a colocação das pastilhas, vedar o acesso colocando as “cobras de areia” no local.
4ª. Distribuir as pastilhas de fosfina em diferentes locais da pilha de sacos na quantidade recomendada pelo fabricante.
5ª. Observar o período de exposição necessário para o controle dos insetos, bem como a carência dos produtos.
Em grãos armazenados em silos ou armazéns graneleiros, normalmente as pastilhas de fosfina são adicionadas aos grãos na esteira de carregamento, em doses recomendadas, à medida que esses locais estão sendo carregados com os grãos.
Obs. A fosfina é um gás inodoro, portanto, o odor de etileno “carbureto” (gás de alerta) é para alertar as pessoas que trabalham com este produto ou que se encontrem nas proximidades dos locais onde ela está sendo usada.
A pastilha do inseticida começa a liberar o gás venenoso uma hora após entrar em contato com o ar, no entanto, dependendo das condições de temperatura e umidade, esse tempo pode ser reduzido. Nesse sentido, aconselha-se que a distribuição do produto pelas sacarias seja o mais breve possível e, após a aplicação, evitar a presença de pessoas e animais no local.