Subterrâneas

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

Paulo Henrique Soares da Silva - Embrapa Meio-Norte

 

Pragas subterrâneas

Atacam as sementes, as raízes e a parte da planta situada ao nível do solo (colo da planta). As que se destacam são:


Paquinha (Neocurtilla hexadactyla, Perty, 1832)

O adulto tem coloração parda-escura, medindo aproximadamente 30 mm de comprimento (Figura 2).

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
  Adulto Paquinha   
  Figura 2. Adulto de paquinha Neocurtilla hexadactyla.  

 

São insetos de hábitos noturnos e as fêmeas fazem posturas em galerias abertas próximo à superfície do solo e quase sempre aderentes às raízes das plantas. Alimentam-se de raízes, sendo as plantas recém-emergidas, tenras, as mais prejudicadas por estarem iniciando o desenvolvimento. As mais desenvolvidas, cujas raízes se encontrem muito resistentes, suportam bem os danos provocados pelos insetos.Os maiores estragos são verificados quando os solos apresentam-se úmidos. No Nordeste, a maioria das lavouras de feijão-caupi é plantada em solos arenosos e no período chuvoso, favorecendo, portanto, o ataque da praga.


Em grandes áreas de plantio onde se observa a incidência frequente de paquinha, o seu controle pode ser preventivo, utilizando-se produtos no tratamento de sementes, incorporando-os ao solo ou no sulco de plantio. Esses produtos, por serem muito tóxicos, devem ser aplicados com máquinas adequadas. No controle pós-plantio, o foco das pulverizações é o colo das plantas.

 

Broca-do-colo ou lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus, Zeller, 1848).
 

O adulto mede cerca de 15 a 20 mm de envergadura e possui coloração acinzentada (Figura 3).

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
  Adulto da broca-do-colo   
  Figura 3. Adulto da broca-do-colo.  

 

As fêmeas põem seus ovos na vegetação próxima à lavoura ou nas próprias plantas. Quando pequenas, as lagartas alimentam-se raspando as folhas novas. À medida que crescem, perfuram um orifício na planta, ao nível do solo, construindo ali uma galeria ascendente, que vai aumentando de comprimento e largura com o crescimento da lagarta e o consumo de alimento. As plantinhas atacadas apresentam inicialmente um murchamento discreto, assemelhando-se a um sintoma de estresse hídrico. Posteriormente, tombam e secam completamente. Assim que ataca a planta, a lagarta constrói um abrigo de teia e grãos de areia próximo ao orifício de entrada da planta, nele permanecendo quando não está dentro da galeria. São muito ágeis. Quando tocadas, pulam incessantemente por alguns segundos, sendo esse comportamento uma forma de livrarar-se dos inimigos naturais. 

Completamente desenvolvida, a lagarta de coloração cinza-azulada mede 15 mm de comprimento (Figura 4). 

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
  Lagarta da broca-do-colo   
  Figura 4. Lagarta-da-broca-do-colo.  

 

O ataque da broca-do-colo na cultura do feijão-caupi se dá normalmente em período de estiagem (veranico) e, principalmente, em solos de cerrados ou muito arenosos. Em condições irrigadas, a cultura é menos atacada. As plantas são sensíveis ao ataque até 30 dias após a germinação, quando então o caule fica mais lenhoso, dificultando a penetração das lagartas. Portanto, até 30 dias após a germinação, deve-se manter uma vigilância constante, pois cada planta atacada é uma planta morta, atingindo a população de plantas/ha e, consequentemente, a produção.

Produtos para tratamento de sementes aplicados no solo ou no sulco de semeadura protegem eficazmente as plantas após a germinação. Entretanto, não se recomenda o tratamento preventivo dessa praga, uma vez que, se as condições climáticas forem favoráveis à cultura, dificilmente a população desse inseto chegará ao ponto de produzir danos econômicos. Contudo, se no decorrer da condução da cultura houver um ataque que mereça uma medida de controle, recomenda-se uma pulverização com o jato dirigido para a parte da planta situada ao nível do solo.

 

Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon, Hufnagel,  1776)
 

Ataca as plantas na parte situada ao nível do solo (colo da planta), seccionando-as. Permanece enterrada próximo às plantas atacadas durante o dia e, à noite, sai para se alimentar, atacando outras plantas. Aquelas totalmente seccionadas tombam e murcham rapidamente, as mais desenvolvidas, quando atacadas pela lagarta, conseguem se recuperar em parte, mas a produção é afetada. As plantas mais visadas pela lagarta-rosca são as que acabam de germinar. Alguns dias após a germinação, o caule começa a ficar mais lenhoso, oferecendo resistência ao ataque da praga.

A lagarta-rosca mede em torno de 45 mm de comprimento, é robusta e possui coloração marrom-acinzentada (Figura 5). O adulto é uma mariposa que mede cerca de 40 mm de envergadura, apresentando asas anteriores de coloração marrom e posteriores de cor branca transparente, com o bordo lateral acinzentado.

  Foto: Nakano, 1983.  
  Lagarta Rosca   
  Figura 5. Lagarta-rosca.
 
 

O tratamento das sementes para  plantio ou a aplicação de produto no sulco de plantio são medidas preventivas de controle da lagarta-rosca. Práticas que só deverão ser tomadas se houver necessidade de controle de outras pragas. Após a cultura instalada, existindo um ataque que mereça uma medida de controle, aconselha-se uma pulverização dirigida para a parte da planta situada ao nível do solo (colo da planta).