Feijão
Perdas na colheita
Autor
José Geraldo da Silva - Embrapa Arroz e Feijão
Para que as máquinas colhedoras de feijão (ceifadora enleiradora, recolhedora trilhadora, colhedora automotriz) tenham desempenho adequado, com baixo percentual de perdas de grãos, é necessária a adoção de diversos procedimentos nas fases de instalação, condução e colheita.
Seja no sistema plantio direto seja no convencional, o terreno deve estar bem preparado para receber as sementes e os adubos. Depois de preparado, deve ficar sem valetas, buracos, raízes e plantas daninhas que prejudicam o desempenho das máquinas. A semeadura deve resultar em excelente uniformidade de plantas na linha de plantio. Para isso, as sementes têm de ter elevado poder germinativo, devem ser semeadas na profundidade de 3 cm a 5 cm por semeadoras adubadoras capazes de proporcionar baixo percentual de danos às sementes. Máquinas que operam abaixo de 6 km por hora, com dosadores de sementes e de adubos apropriados e bem regulados, proporcionam boa uniformidade de distribuição de sementes. Lavouras com falhas de plantas causam alimentação intermitente das máquinas de colheita e elevam a perda de grãos na operação. O plantio de cultivares de feijão com arquitetura mais ereta contribui muito para a redução de perda de grãos na colheita. A colheita fora da época recomendada afeta a produção da lavoura por aumentar a percentagem de perda de grãos. Quando o feijoeiro é deixado por longo período no campo após a maturação, ocorrem perdas de grãos pela abertura das vagens na operação de ceifa das plantas. Por fim, a colheita deve ser processada no momento adequado, quando os grãos estiverem com teor de água entre 22% e 15%.
Métodos para avaliar a perda de grãos
A perda de grãos na colheita deve ser avaliada antes e durante a operação das máquinas colhedoras de feijão. Dessa forma, é possível avaliar o prejuízo decorrente das perdas e tomar as devidas providências em tempo de reduzi-lo.
Basicamente, existem três métodos para avaliar as perdas: visual, contagem dos grãos e copo medidor. O método visual de avaliação, apesar de ser bastante utilizado pelos produtores, não reflete com precisão o grau de perdas durante a operação de colheita, por não quantificar as perdas e por ser suscetível às variáveis de ordem pessoal (tendenciosidade e inexperiência) e às relacionadas ao cultivo (presença de palha, restos culturais e terra que encobrem as sementes). O método de quantificação de perda de grãos por pesagem demanda o uso de balança e o método realizado pela contagem de grãos, exige muito trabalho e tempo para sua avaliação. O método de avaliação pelo copo medidor deve ser o preferido devido a sua simplicidade, boa precisão e rapidez na obtenção dos resultados
Desenvolvimento de medidor de perdas grãos
O medidor de perdas é feito de tubo plástico transparente com uma escala específica para feijão, a fim de indicar as perdas em função do volume ocupado pelos grãos. A escala do copo medidor (Figura 1) foi elaborada para fornecer os resultados de perdas em sacos (60 kg) por hectare.
Foi desenvolvido a partir da determinação do volume e da massa de 1.000 grãos de 101 cultivares/linhagens dos grupos Carioca (34), Preto (28), Mulatinho (15), Roxo (13), Jalo (7) e Branco (4). O coeficiente de determinação obtido foi de 98%. O medidor, além de determinar as perdas, possibilita estimar a produtividade da lavoura de feijão, independentemente do tipo e do tamanho do grão de feijão. Constitui uma forma fácil, precisa e prática de medir as perdas na colheita do feijoeiro.
Foto: José Geraldo da Silva |
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Figura 1. Medidor volumétrico de perdas de feijão durante a colheita. |
Como avaliar a perda de grãos no campo
Independentemente do procedimento utilizado para estimar a perda de feijão, a área de avaliação no campo deve ser de 2 m2, repetida pelo menos quatro vezes pela lavoura. A área pode ser demarcada com uma armação de madeira e barbante, posicionada no terreno transversalmente à operação da máquina. A armação deve ter comprimento suficiente para cobrir uma passada da máquina (ceifadora enleiradora, recolhedora trilhadora ou colhedora automotriz). No caso da recolhedora trilhadora, a armação deve abranger o espaço ocupado por todas as fileiras de plantas que deram origem à leira. Na área de 2 m2, são coletados os grãos perdidos para se estimar a perda na lavoura.
A perda pode ser estimada de forma total ou parcial. Quando parcial, permite separar as perdas devidas à dianteira da traseira da máquina de colheita. A Figura 2 apresenta esquemas dos locais de avaliação de perda em função do modelo de máquina de colheita.
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Figura 2. Locais de avaliação da perda de grãos em função da máquina de colheita. |
Ocorrências das perdas de grãos de feijão
As Tabelas 1, 2 e 3 apresentam as principais ocorrências, causas e ações corretivas relacionadas à perda de feijão na colheita mecanizada.